Janaina347 31/05/2024
O retorno triunfal aos clássicos
Eu não sou uma crítica especialista em literatura, não passo de uma mera entusiasta de livros, viciada em ter um às mãos e aproveitar cada minuto de folga com os olhos mergulhados em letras absorvendo histórias e mais histórias. Acontece que, o regresso ao mundo dos clássicos foi um salto enorme de qualidade e uma constatação do porquê são clássicos e eternos! É sobre um destes eternos que eu falo aqui. Os Miseráveis possui exatamente esta definição, são páginas que transcendem por seu grau de profundidade! Há quem olhe para um livro como este apenas por um viés superficial ligado a desigualdades sociais ou mesmo por curiosidade histórica do momento vivido pela França e que é retratado com detalhes por Victor Hugo, porém, há muito mais dentro de suas centenas de páginas.
Lendo sua obra, pude constatar algo já sabido, a miséria humana não se restringe apenas ao materialismo, muitas vezes, o ser humano é tão podre por dentro que até sua situação econômica miserável acaba sendo apenas um reflexo da sua alma. Em outros casos, a vida de miséria, perseguição, dificuldades torna-se um trampolim para o desenvolvimento das virtudes, a busca por redenção! Há quem reclame da forma detalhista que Victor Hugo escreve, são páginas à fio descrevendo personagens, cenários e situações diversas, mas se não fosse por isso, como entraríamos na cabeça de Jean Valjean em suas crises de consciência? Como nos encantaríamos pelo bispo de Digne e sua forma de viver? Como ficaríamos chocados com o grau de maldade, ganância e desprezo da família Thenardier? Se não fosse a capacidade brilhante de Victor Hugo, como seriamos capazes de entender o profundo drama de Javert, dividido entre o que é certo e o que é o dever?
O livro é grande, mas vale cada minuto gasto nele!