Vinicius.Correa 15/02/2020
Lola nasceu em uma família extremamente religiosa, tanto até que estudou por muitos anos em um colégio católico. Assim como seus pais, ela gostava de ir as missas e de todos os ensinamentos religiosos que eram discutidos com a família toda reunida para o almoço ou janta. Mas em um momento de crise, o colégio católico que Lola estudava faliu e acabou por fechar as portas, seus pais se viram obrigados a matricula-la em um colégio publico da região. Receosos de a filha ter muitas más influências naquele ambiente “profano” eles a doutrinaram a sempre se perguntar OQJF, O que Jesus faria, diante de todas as situações que a filha se sentisse com dúvidas. Aconteceu que Lola acabou notando muitas contradições no que seus pais diziam. A palavra sagrada foi perdendo seu brilho e com um tempo ela deixou de acreditar em Deus. Abandonou a vida de religiosa e passou a ser a mais cética da escola.
Já Ingrid, nasceu em uma família de cientistas. Seu pai e sua mãe eram professores universitários, ambos lecionavam matérias importantíssimas e complexas, mas Ingrid simplesmente simplificava para Biologia e Física. Uma família de teóricos que em suas conversas, religião era simplesmente perda de tempo. Uma era pior que a outra e etc. Entretanto ao fazer umas pesquisas Ingrid descobriu um movimento chamado Nova Era, mais ou menos como uma religião que busca trazer a magia e misticismo novamente ao ar. Ingrid se encanto nisso, e descobriu que isto era o que faltava para completa-la inteiramente.
A amizade das duas surgiu na escola muito tempo depois delas se conhecerem. Por tempos a relação delas foi só de um “Oi, tudo bem?” e só. Mas em um dia qualquer Ingrid se sentiu atraída pela garota de cabelos loiros. Atraída de uma forma diferente, mais do que admiração ou simplesmente amizade. Ingrid ainda não entendia, mas só sabia que Lola, a menina de cabelos loiros, mexia com seus sentimentos de uma forma estranhamente gostosa. A aproximação das duas aconteceu naturalmente. Ingrid toda meiga e doce se envolvia cada vez mais com a porra-loca da Lola, toda durona e séria, mas que no fundo, é tão sentimental quanto ela.
O livro fala sobre religião, sexualidade e principalmente sobre auto-conhecimento e auto-aceitação. As consequências de se assumir homossexual e como as pessoas reagem a isso são uma critica latente nas palavras que formam esta história. Os verdadeiros amigos e as mais variadas reações da família são os pontos mais pertinentes. Os pais de Lola, religiosos até o fim, como é o esperado, não reagem muito bem diante da revelação e a situação já turbulenta entre pais e filha só piora. E em uma tentativa de educar a filha e afasta-la do errado, eles decidem se mudarem pra São Paulo e colocar Lola em um colégio católico em regime interno que existe por lá.
Os pais de Ingrid, todos teóricos e bem estudados, reagem como se a filha não estivesse dizendo nada de mais. Não fazem muito alarde e simplesmente a apoiam, aprofundando ainda mais a relação entre eles. O que dura por pouco tempo, já que eles vivem em um rotina super apertada e que geralmente acaba sobrando pouco tempo para desfrutar momentos com Ingrid. Mas isso não importa. Importa é que Lola irá se mudar, e as duas consequentemente irão ficar sem se ver. O que significa que só sobra tempo para mais uma única e última aventura entre as duas….
A escrita do Rafael é super simples e sem rodeios, extremamente direta. O que acelera bastante o ritmo da leitura, eu li o livro em uma pegada só. Os acontecimentos acontecem rapidamente, a história flui em um ritmo muito confortável. Tudo acontece na hora que tem que acontecer pronto, sem muito mistério. Sendo franco, o A Sombra Daquela Garota, não é nenhum best seller, com acontecimentos revolucionários e bafônicos. Mas é um bom livro para passar o tempo e fazer uma reflexão saudável e superficial. O final não é nada de grandioso, mas na minha opinião, foi o melhor que poderia ter. Consigo imaginar alguns outros finais alternativos, mas nenhum consegue superar a simplicidade e normalidade do acontecido, que mesmo sendo tão real, simples e frio mantém uma chama de esperança para um futuro próximo. Gostei disso porque é algo que foge dos famosos clichês de finais literários. Enfim, só lendo pra entender do que estou falando! uheueheh
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