Annalisa 07/09/2022A Garota sem nome
É complicado fazer uma resenha ou dar um opinião quando lemos um livro real, que conta a história verdadeira da vida de alguém, pois se eu "não gostar" da história não podemos culpar o autor por problemas de imaginação, cara, aquilo é real, como falar que a não gostei da vida de alguém? haha
Graças a Deus que não é a situação desse livro! A história é lindamente contada com uma delicadeza e refino que vi em apenas poucos livros. Como contar uma história de uma criança raptada aos 4 ou 5 anos e que passou boa parte dessa pequena infância sozinha, na selva sendo criada e cuidada por uma família de macacos? É simplesmente inacreditável as situações e momentos contados no livro, são histórias e sensações narradas pelos olhos de uma criança que se quer lembrava qual era seu próprio nome, mas que ao observar o mundo ai seu redor, aprendeu a sobreviver, e também a viver!
O livro é narrado em primeira pessoa pela própria Marina, e dividido em duas partes: A primeira sendo sua adaptação e seu convívio na selva com sua família de macacos e de como ela utilizou sua pequena inteligência infantil para comer, se comunicar e viver ali com eles. E na verdade, essa foi a melhor e mais feliz parte de sua infância, no começo foi difícil, assustador e solitário, mas a partir do momento em que os macacos a aceitaram como igual, ela passou a se sentir amada, cuidada e protegida por eles. Aprendeu seus hábitos e costumes, aprendeu a se comunicar, a se socializar e amar cada um deles como membros de sua família. Marina aprendeu com uma família de macacos, tudo o que deveria ter aprendido com os humanos: amor, companheirismo, responsabilidades, empatia, ajuda ao próximo, seu lugar no mundo, e como respeitar cada ser vivente de acordo com suas diferenças e capacidades.
Já a segunda parte do livro é o momento mais difícil da Marina, é quando a partir do momento em que foi "encontrada e salva" da floresta, ela passou a adentrar a civilização humana e teve que reaprender todos os costumes dos homens, sua linguagem, gestos e intenções. E aprendeu da forma mais difícil possível sobre a maldade, ganância e falta de amor ao próximo dos humanos. Sinceramente, essa segunda adaptação de Marina foi infinitamente mais difícil do que sua vida com os macacos. Marina sofreu abusos psicológicos, foi maltratada, espancada, escravizada, morou nas ruas sozinhas, e por pouco não foi abusada sexualmente. Para Marina, os homens representavam toda a maldade do mundo, e mostraram para ela apenas tristeza, dor e corrupção. Mas apesar de tudo, nunca perdeu a fé e a esperança de que ele poderia ser mais, de que queria mais para sua vida, que queria voltar a ter uma família, fazer parte de algo, amar e ser amada. E foi essa sensação e vontade que a manteve viva e lutando sozinha por si própria. Marina tinha todas as desculpas possíveis para afirmar que "as condições fazem a pessoa", e ela provou que isso não era verdade.
Eu não esperava nada desse livro e ele entregou tudo, uma p*ta história de amor, perseverança e superação, recomendo a leitura!
"Para aquelas crianças - para todas as crianças que foram afetadas pela ganância de outras pessoas, como foi o caso dela -, mamãe é a prova viva que as circunstâncias não devem significar o fim da história de qualquer pessoa. Na verdade, foi sua criação que a transformou na mulher forte, agradecida, amorosa, generosa, altruísta, positiva e, é claro, selvagem e não convencional que ela é hoje.
Enquanto crescíamos, mamãe nunca nos deixou ficar chateadas por muito tempo. Em vez disso, ela nos inspirava, dizendo alguma coisa como "Componha-se, erga os ombros, invente algo com o que você já tem, seja grata pela pequenas coisas, e siga adiante".
Mamãe dá valor a todas as coisas - ao fôlego em nossos pulmões, a um novo dia, e à maior alegria da sua vida: ser mãe, avó, esposa e amiga. Deixem, portanto, que eu lhes apresente uma mulher extraordinária com uma história extraordinária para contar. Marina - minha mãe e minha heroína. - Página 14, relato de Vanessa James, filha de Marina.