A resistência

A resistência Julián Fuks




Resenhas - A Resistência


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Marília 28/05/2024

É interessante notar como todas as ditaduras deixam sequelas parecidas: violência, morte, dor, desaparecidos e famílias destroçadas de vários modos
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carlosmanoelt 14/05/2024

?Uma fuga em alguma medida.?
?Isto é história e, no entanto, quase tudo o que tenho ao meu dispor é a memória, noções fugazes de dias tão remotos, impressões anteriores à consciência e à linguagem, resquícios indigentes que eu insisto em malversar em palavras. Não se trata aqui de uma preocupação abstrata, embora de abstrações eu tanto me valha: procurei meu irmão no pouco que escrevi até o momento e não o encontrei em parte alguma.?

Em ?A Resistência?, o escritor Julián Fuks destrincha o significado da palavra que dá título ao livro a partir das memórias afetivas de um narrador que se vê dividido entre a necessidade de contar uma história e a dificuldade de recompor fatos inalcançáveis, seja pela distância do tempo, seja pela grandeza do trauma. A ficção consiste muito mais no arranjo da linguagem a fim de dar uma forma estética que possa entrar em comunicação com o leitor do que, propriamente, como fantasia, imaginação ou fabulação. Fuks observa que, mesmo diante da materialidade que evoca o passado, como a casa onde algo aconteceu, o local da catástrofe, não é possível ter acesso à verdade: ?Por isso, o tipo de literatura ou autoficção que mais me interessa hoje é a que desconfia de si mesma e desconfia da própria capacidade de reconstruir o passado.?

Filho de militantes de esquerda que buscam exílio no Brasil nos anos sangrentos da ditadura argentina, o narrador, Sebastián, começa seu relato apresentando o irmão mais velho e revelando que ele foi adotado. O tempo presente e as recordações se alternam e revelam uma família marcada pela luta e pelo silêncio ? ambos impostos tanto pela ditadura quanto pela culpa. A relação conflituosa com o irmão é o gatilho para a empreitada literária do narrador, que busca nas palavras o refúgio que não encontra em casa. As lembranças imprecisas sobre o nascimento da criança e os caminhos que a levaram ao lar adotivo trazem à tona uma inquietação que faz o pessoal transcender para a política.

A sutileza na descrição das memórias e dos problemas familiares não impede que as truculências da ditadura argentina tenham espaço no romance. A orfandade proporcionada por um Estado aniquilador de pais e de cidadãos, a imposição do silêncio e a violência do exílio ganham contornos impactantes no texto de Fuks. A linguagem é sóbria, mas não é pobre, pelo contrário. Em cada frase, nota-se a escolha calculada do vocabulário. Assim como o substantivo do título, ?resistência?, alcança uma escala inimaginável de significados, outras palavras, como exílio, adoção, silêncio, proliferam no texto e, a cada ocorrência, descortinam novas percepções.

Outro ponto de destaque do romance é a maneira franca com que a falibilidade da memória é encarada. Em diversos momentos, o narrador se corrige, declara sua incerteza sobre as recordações e abre as portas para ficção. A resistência está em toda parte: na militância dos pais na Argentina dos anos 70, na luta solitária do irmão para se sentir parte de um lar e na dificuldade do narrador para concretizar em palavras a efemeridade da própria memória. A resistência está em um relato que é tão íntimo, quanto público.
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Bruno Oliveira 10/05/2024

UM ROMANCE-ENSAIO
A resistência, do paulistano Julián Fuks é um álbum de família fragmentado; um álbum de memórias, melhor dizendo, com muitas reflexões e muitas divagações “coladas” ao longo do texto. Nele acabamos meio que construindo, na nossa cabeça, essa inverossímil família possível do autor. Sim! Há uma aparente autobiografia por aqui, mas isso é só a superfície do todo: o jogo ficcional é perceptível, e isso é até explicitado no fim do livro. E esse é meio que uma autoterapia que o narrador faz para tentar entender o seu irmão adotivo e, de tabela, tentar entender a si mesmo e, ainda de tabela (!), tentar entender as ditaduras latino-americanas, entende??? Agora, onde entra essa tal resistência do título, hein? Talvez você me pergunte se perguntando. Veja bem: em praticamente tudo!! O autor costurou muito bem os pontos de tensão em capítulos curtos através do seu texto praticamente cirúrgico. Um romance-ensaio.
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tavim 30/03/2024

A Resistência, de Julián Fuks
Existir num exílio; fora do país, dentro da família. tantas são as formas de resistência que elas se misturam. às vezes por si mesmo, às vezes por um irmão, principalmente quanto à identidade --- a ideia de nação já não faz sentido. de onde se vem não te querem, de onde se refugia te torna lar. países e irmãos que mal se reconhecem na própria desolação. quando, enfim, acaba, é que se começa a repensar origens e raízes, é que se situa pra onde deveria levar o que te partiu, e em como retomar os laços rompidos os quais se confundem à história de todo um país.

não é um romance comum, a resistência de julián fuks segue quase numa autobiografia dentro de outra autobiografia da família e da argentina. um irmão adotado que muito mexe com o livro todo enquanto o continente vai sendo tomado pelo autoritarismo. há anos na minha lista de leituras, finalmente li neste ano e recomendo.
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leiturasdatita 30/03/2024minha estante
Eu adotei esse livro, foi um dos meus favoritos que li no ano passado. Jabuti merecidíssimo ??


tavim 30/03/2024minha estante
Foi um dos meus favoritos do ano passado também :)




Marcelha.Leone 18/03/2024

Gostei da forma poética com que o autor descreve as memórias direcionadas ao irmão e todo o contexto da ditadura Argentina, porém em alguns momentos achei que o texto fica solto, e me vi perdida. Mas penso que linearidade não era de fato o objetivo.
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Marcelo.Alencar 27/02/2024

Adotado na ditadura Argentina ?
O romance premiado com Jabuti em 2016 trata de uma particular história de uma família fugida da ditadura da Argentina tendo o seu primeiro filho ter sido adotado.
A história contada pelo irmão que nutria sentimentos melancólicos em relação ao primogênito e sua condição de adotivo. Muita paranoia.
Parece as vezes que se trata da própria história do autor do livro.
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Mateus Giunti 22/01/2024

Na tentativa de contar a história de seu irmão adotivo, o narrador deste romance tece em capítulos curtos, memórias de momentos que viveu e que não viveu. Memórias do que não viveu? Sim, pois para falar de seu irmão, volta ao passado familiar para retomar o exílio de seus pais da ditadura militar argentina e a vinda e adaptação no Brasil.

Porém, o mais interessante deste livro é o jogo que se cria entre ficção e realidade, pois, a todo momento, o narrador-autor está questionando seu fazer como escritor, duvidando de suas memórias, pontuando imprecisões e explicitando ao leitor o caráter dúbio daquilo que conta. São lembranças infantis opacas, histórias faladas pelos pais em jantares, divagações a respeito de fotografias passadas que tentam, de alguma maneira, alcançar seu irmão que, em determinado momento, sem motivo aparente, se recusa a participar do convívio de sua família não biológica. O livro, então, não é a tentativa de contar a história de seu irmão adotivo real, de carne e osso, via linguagem, pois essa seria uma tentativa que já nasceria fracassada, pois a linguagem é falha, algo sempre lhe escapa. E o legal é que o narrador sabe disso. O livro é a tentativa, portanto, de fazer jus à representação de seu irmão.

Um livro sobre distâncias, não-dizeres familiares, sintomas, política, ditadura, sobre resistência em suas diversas conotações, mas também de reflexões metalinguísticas acerca do fazer literário que, para o autor Julián Fuks, parece beirar a autoanálise. Um livro sobre as (im)possibilidades do narrar. O quanto tem de autobiográfico neste livro? Ou será que uma melhor pergunta não seria o quanto tem de ficcional naquilo que contamos de nossas vidas?

Primeiro livro lido do ano mas que sei que vai constar na lista de melhores leituras de 2024.
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Mouraci 08/01/2024

As várias resistências...
Inicialmente, a proposta do livro é falar sobre a adoção do irmão, mas, aos poucos, outras questões são abordadas, como a ditadura argentina, a história dos pais e o exílio no Brasil.

Quando o escritor fala de seu irmão e de seus pais, inevitavelmente também está falando sobre si próprio.

A adoção sempre foi um assunto tratado abertamente pela família, porém, a partir da recusa do filho adotivo em conversar ou ouvir este assunto, criou-se um tabu. Não falar sobre adoção não quer dizer que esse assunto tenha sido esquecido: gerou complexidade nas relações, à medida que o irmão passou a se recolher cada vez mais e isolar-se da família.

A história contada é uma forma de reflexão sobre os impactos nas relações familiares que vão se estabelecendo ao longo do tempo a partir da questão da adoção.

A adoção do irmão ocorreu na Argentina, nos anos 70, período em que houve sequestros de filhos de presos políticos por parte dos militares e que ainda hoje são buscados pelas “Avós de Maio”. A ditadura aparece nas conversas que ocorrem dentro de casa, com visões diferentes do pai e da mãe, e esse mosaico vai sendo montado pelo escritor através da memória.

A Resistência que dá título ao livro, em um primeiro momento, tratar-se do envolvimento dos pais na resistência contra a ditadura na Argentina, mas também é a resistência do irmão, que se isola no quarto e deixa de participar da convivência familiar e também a resistência da família em querer falar sobre a adoção e sobre a ditadura militar. A história transita entre essas resistências, com seus diferentes significados.

Formado por capítulos curtos, muito parecidos com contos e nem sempre em ordem cronológica, o livro intercala as histórias dos pais, do irmão e suas reflexões.

A Resistência é uma autoficção, escrito em 1ª pessoa. Em tese, o narrador não é confiável (há somente um ponto de vista). Muito foi contado a partir de exercícios de memória. Uma parte deu-se por transmissão oral (contadas pelos pais), outra de lembranças de situações vividas pelo autor na infância. Há capítulos inteiros baseados em interpretações de fotos do álbum de família, o que não deixa de ser um exercício de ficção. O livro é mais uma especulação sobre o passado do que a narrativa de fatos concretos. Não há uma verdade absoluta sobre o passado.

Com ótima escrita e grande fluidez, o livro ganhou o Prêmio Jabuti de 2016 como livro do ano. Julian Fuks é, sem dúvidas, um destaque entre os escritores contemporâneosl!
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Leticiaos 04/09/2023

Um pouco pedante talvez?
Coloquei esse livro na lista sem ter lido muito sobre ele. Achei que era um romance histórico e caí em uma auto-biografia, isso por si só já me bastou pra não amar a leitura.

Achei a escrita pretensiosa em muitos momentos e isso foi me cansando.

Enfim, não achei exatamente ruim, mas também não me conquistou.
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Alcir1 26/06/2023

Podemos Passar Sem Ele
Não é o mesmo Julián Fuks que tanto me agrada com seus artigos oportunos, de texto atraente e incisivo. Não. Neste romance intimista, de texto tortuoso, traz uma história que poderia, se bem explorada, ser muito atraente. O tema não é tão original assim. Casal de médicos adota uma criança que lhes é oferecida, sem maiores cuidados. Posteriormente, já com mais dois filhos próprios, passam a se indagar da verdadeira origem do adotado, o qual também parece ter sérias questões de identidade. Seria filho de pessoas sacrificadas pela ditadura Argentina? Neto de alguma Avó ou Mãe da Plaza de Mayo? Aí a pergunta que angustia, mas não impressiona o leitor, pela forma como é narrado.
Ambientado na Argentina e no Brasil, na época em que as ditaduras militares assolavam o Cone Sul do Continente, oferece momentos de reflexão em face dos conflitos íntimos dos personagens, das dificuldades de relacionamento dentro da família, especialmente entre os dois irmãos. A questão é que não chega a impressionar, a despeito de ter sido contemplado com o Jabuti de 2016.
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@limakarla 14/05/2023

Corri pra ler esse romance porque ia começar um curso com o autor, que inclusive já começou, e só me surpreendi positivamente. Desde as primeiras linhas já consegui sentir a potência e intensidade que as palavras foram escolhidas para nos contar essa história.

Eu me interesso absurdamente pela autoficção, pela poder de transformar em livro a sua própria história, a história da nossa vida que é atravessada por tantas outras e de que formas nós vamos escolhendo as palavras que compõem essa narrativa. Muito mais que pensar se as coisas realmente aconteceram ou não dessa forma, o importante aqui é os motivos de escolha por narrar dessa forma.

Aqui o Julián escolheu falar do seu irmão adotivo e de toda a problematica que sua família passou quando ainda morava na Argentina, precisando sair fugidos para o Brasil no período em que seu país natal passava por uma ditadura sangrenta. É bonito e forte ver sua família, suas histórias e a mistura com parte da história desse país.
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Nina 11/05/2023

"Em segundos lhe darei o livro, e talvez as palavras encontrem o seu lugar."

Livro muito bonito, que deveria ser sobre a ditadura, mas é sobre a familia do autor. Vale a leitura.
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Mi 30/03/2023

A Resistência
Sem ler nada sobre o livro antes, comecei a leitura acreditando ser um romance histórico. Não sei se ele se encaixa como tal, mas essa quebra de expectativa me desanimou um pouco. O livro é mais uma memória muito pessoal do escritor. Claro que ele faz uma contextualização do que acontece social e politicamente em volta dele, mas como achei que o livro seria outra coisa, essa contextualização me pareceu faltar alguma coisa.
O livro é muito bem escrito e algumas cenas são descritas de forma muito bonita. Mas o fato de me parecer um diário do escritor não me agradou. Talvez eu tenha lido no momento errado, não sei.
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Vicky8722 12/03/2023

É um livro bem curtinho e rápido de se ler, onde a história é ambientada em Buenos Aires que é a capital da Argentina, onde há uma espécie de auto desabafado do personagem, de como a sua família vive e a convivência com o seu irmão. Eu pra mim pensava que o autor ou era espanhol ou argentino, mas não ele é brasileiro e realmente me surpreendeu porque ele escreveu com tanta naturalidade e prioridade que fez com que pensasse que ele era de outra nacionalidade.
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leiturasdatita 05/03/2023

A resistência
O livro faz vezes de diário, de livro de história da Argentina, de livro de contos, de romance... é uma obra curta, porém muito interessante e versátil. Você vai acompanhando Sebastian na busca dos motivos pelos quais ele se distanciou de seu irmão com o passar dos anos, e no caminho vamos descobrindo com ele fatos da história de seus pais e como eles se mesclam com a ditadura argentina. O final é totalmente satisfatório, e com algumas surpresas. Recomendo a leitura.
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