Carla.Parreira 04/03/2024
Felicidade construída: Como encontrar prazer e propósito no dia a dia (Paul Dolan). Melhores trechos: "...A religiosidade é associada a um maior nível de satisfação com a vida em países nos quais a religiosidade também tem média mais alta. Por isso, em grande parte, os benefícios da religião para a felicidade derivam dos benefícios provenientes de fazer parte de um grupo... Nossas notas de satisfação com a vida também são afetadas por atributos 'internos', como a personalidade e os genes. Pessoas sociáveis (altamente extrovertidas) tendem a ser as mais satisfeitas com suas vidas, e pessoas ansiosas (altamente neuróticas) tendem a ser as menos satisfeitas.É importante ter em mente, no entanto, que a personalidade não é totalmente fixa e pode mudar ao longo do tempo. O efeito dos genes, em particular, levou algumas pessoas a acreditar que cada um de nós tem um determinado ponto de felicidade em torno do qual se flutua, mas para onde sempre se acaba voltando. Isso, porém, não se sustenta pelas evidências, porque certos eventos, como o desemprego e as deficiências físicas, podem baixar permanentemente a satisfação com a vida... Estar numa parceria civil tem um efeito maior sobre as medidas positivas do que estar casado, porém nenhum efeito na ansiedade. Os que estão casados e em parcerias civis são mais felizes do que quem apenas mora junto. Portanto, parece haver algum benefício extra para a felicidade quando se coloca a aliança no dedo. É interessante notar, porém, que estar numa parceria civil é associado a notas mais altas em todas as medidas em Londres, mas não na Irlanda do Norte. Como já vimos, o desemprego exerce um grande impacto negativo na satisfação com a vida. Na outra ponta do espectro, expedientes muito longos talvez também não sejam positivos em relação ao que as pessoas sentem e pensam sobre suas vidas: os que trabalham mais de 48 horas por semana são menos felizes. Embora a lei da União Europeia determine que os empregadores não podem forçar seus empregados a trabalhar mais de 48 horas por semana, muitos 'escolhem' fazer isso. Isso não seria problema algum se os números refletissem uma verdadeira escolha de vida, e os expedientes mais longos trouxessem mais felicidade... Nossa análise de dados mostrou um efeito positivo do casamento sobre a satisfação com a vida. Mas, se observarmos como as mulheres usam seu tempo, perceberemos que as casadas não são mais felizes do que as solteiras... Uma das primeiras perguntas que ouvimos de uma pessoa que acabamos de conhecer é: 'O que você faz da vida?'... As condições climáticas só afetam a felicidade quando pensamos nelas — e não pensamos nelas tanto assim. Por isso, na realidade, os moradores do Meio-Oeste são tão felizes quanto os da Califórnia, mas ambos prestam atenção demais ao impacto do clima ao pensar em quem é mais feliz. Quando pensamos no impacto de qualquer coisa, boa ou ruim, basicamente nos perguntamos o quanto esta coisa importa enquanto prestamos atenção a ela, e desse modo pensamos que importa muito — frequentemente muito mais do que importará no momento em que a estivermos vivenciando, quando nossa atenção irá orbitar em torno dela em vez de tê-la como foco. Este é o efeito de enfoque em ação. Como diria um biscoito da sorte: 'Nada é tão importante quanto você acha que é enquanto está pensando nisso'... Em princípio, é possível dizer se uma experiência geral foi boa ou ruim se computarmos o quanto a memória ruim influencia as experiências futuras... A razão fundamental de geralmente não sermos tão felizes quanto poderíamos é porque muitas vezes alocamos atenção de modo incompatível com o projeto de vivenciar o máximo de prazer e propósito. Não surpreende que não sejamos tão felizes quanto poderíamos quando permitimos que nosso 'eu' avaliativo foque em desejos equivocados em relação ao que deveria nos motivar e nos fazer felizes. Não é de espantar que façamos escolhas incompatíveis com nossas experiências futuras de felicidade quando nossa atenção se volta para o que está à nossa frente agora, e não no que estará à nossa frente quando tivermos tomado uma decisão. E na verdade é bem fácil se sentir infeliz quando nossas crenças e nosso comportamento estão em conflito, quando criamos altas expectativas sobre nós mesmos ou quando nem sequer conseguimos aceitar quem somos... Você certamente não deveria perder de vista a saliência do prazer, e deveria entender que quanto mais nítido for o prazer, melhor. Encontre maneiras de rir mais, e lembre-se do quanto isso o deixa feliz. E não é preciso fazer muito para obter resultados. Estudos mostram que rir pode gerar felicidade, e não apenas ser consequência dela, pois a decisão consciente de rir acaba inconscientemente nos tornando mais felizes. Mesmo um sorriso forçado, como aquele quando seguramos uma caneta de lado entre os dentes, pode nos fazer mais felizes. Talvez saibam que você está só fingindo, mas ainda assim você se sente mais feliz..."