Paulo 27/07/2020
“Viver e morrer sozinho. Essa é a maior realização de um astronauta.”
A pegada do Volume 2 de Planetes é bem diferente da do primeiro. Se no volume anterior tínhamos três protagonistas, Fee, Yuri e Hachimaki, neste segundo volume a história se concentra em Hachimaki; os outros dois tornando-se meros coadjuvantes em alguns capítulos. Além disso, se no volume anterior cada um dos cinco capítulos contavam histórias independentes, que abordavam, cada uma, um tema diferente relacionado à vida dos protagonistas no espaço, Planetes 2 se concentra na jornada pessoal de crescimento e amadurecimento de Hachimaki, enquanto ele treina para passar nos testes de seleção para a tripulação da missão Jupiter e é atormentado por sua própria teimosia e egoísmo em sua obstinação em realizar seu sonho. Cada capítulo deste mangá é um capítulo da jornada do personagem rumo ao seu objetivo: ser um dos 9 astronautas selecionados para compor a missão Júpiter.
E se antes Yukimura optou por histórias curtas, cada uma abordando um tema diferente, aqui toma a trama parece orbitar o tema da solidão. Mas um tipo muito específico de solidão: a de quem acha que para alcançar seus objetivos, não pode estar preso a coisas mundanas como o amor e o apego por outras pessoas. O autor também orbita por questões como o egoísmo daqueles que pensam apenas em atingir os seus próprios objetivos, para isso estando dispostos a passar por ima de tudo e por todos. Mas será que é egoísmo mesmo? Afinal, a humanidade não é construído por essas pessoas? A humanidade não é construída por pessoas que se importam apenas com seus objetivos? Não são sentimentos como o amor capazes de tirar o foco necessário para cumprir objetivos tão ambiciosos? E assim como no volume anterior, Yukimura está mais preocupado com as perguntas que faz do que em tentar respondê-las. Mas Planetes 2, ao ir mais fundo na psique do Hachimaki e nos temas que propõe, torna a história mais profunda e ainda mais introspectiva. Outros subplots, como o relacionamento de Hachimaki e Tanabe, e o retorno da Frente de Defesa Espacial, são bem abordados também, principalmente este segundo, que traz interessantes reflexões a cerca de um futuro que, mesmo tão avançado em tecnologia, repete os mesmo erros de nosso mundo.
Enfim, Planetes Vol. 2 mantém o nível da obra lá em cima. Porém, apesar de continuar fantástica, a história dá uma guinada com relação ao que vinha sendo proposto no volume anterior, deixando o mangá com uma pegada mais psicológica e melancólica, que vai agradar os fãs de ficção científica ainda mais que o volume anterior. E, claro, os desenhos continuam lindos, trazendo à história tons épicos e intimistas ao mesmo tempo, com um nível de detalhes impressionante.