Ana 04/01/2019
A Casa do Incesto foi o primeiro livro de ficção de Anaïs Nin, publicado em 1934 em forma de poema em prosa. Gera um certo estranhamento, por se tratar de uma obra surrealista e experimental. Traz temas como a loucura, a sexualidade, a impossibilidade de dizer a verdade e, claro, o incesto (tão presente na obra e na própria vida da escritora, mas que aqui tem um caráter mais psicológico). O tom do texto é de prisão psíquica, sofrimento, além de ser meio alucinado, obsessivo. Todo o espaço é simbólico, mental, sem quase nada de concreto. As personagens, que surgem repentinamente, vêm sempre como que rodeadas por uma nuvem de imagens e sensações que se conectam sem um fio aparente. Todas elas parecem formar um "duplo eu" com a narradora.
No meu caso, houve um desconforto (daí a justificativa da nota) que não sei se é devido à tradução, à própria escrita de Anaïs ou ao meu gosto literário pessoal. Vi algumas imagens muito interessantes, e não há dúvida de que o conteúdo é intenso e visceral. Mas, de resto, tive dificuldades para me conectar e meu desejo foi de acabar logo com aquele sofrimento todo. Ainda assim, o livro é muito curto, então sempre vale a tentativa de leitura.