Vanda 26/01/2016
Amor Infinito me conquistou!
Amor Infinito – J.M. Alvarez
O livro fala sobre o amor, não só na forma carnal, mas na sua forma mais genuína, entre homem e mulher, entre mãe e filho, entre amigos, agindo na sua forma mais plena, pois atravessa séculos, costumes e gerações, exercendo sua propriedade de transformar-se, para poder continuar existindo e tornar-se, finalmente, infinito.
Vamos fazer essa viagem de mãos dadas com o amor?
“Amor Infinito” é uma história de amor especial, diferenciada e, por isso, não posso comentar muito, sem correr o risco de soltar spoiller e/ou estragar a surpresa. Entretanto, preciso falar algo que desperte a curiosidade por sua leitura. Optei, então, por tentar direcionar meus comentários para os pontos que mais me conquistaram na obra.
Na sua quase totalidade, a história é narrada em primeira pessoa, o que facilita a compreensão do que os personagens pensam e sentem. A trama acontece em três épocas distintas: nos anos de 1870, 2060 (que é quando a história realmente acontece) e 2327.
O livro começa no ano de 2327, quando Felipe Donzelli (gênio em Tecnologia da Informação e Programação Robótica) e Yara (Bióloga Espacial) estão em uma missão numa Estação Espacial. Durante uma transa na cabine de Yara (cena, que por sinal achei hilária, quando a gravidade artificial da cabine é desligada), Felipe fica curioso com uma joia de família que Yara usa. Após várias pesquisas, ele descobre que a joia guarda um “pen drive”, um objeto utilizado no passado para armazenar dados. Começou, então, a trabalhar para conhecer o conteúdo do objeto. Descobriu que nele estava armazenado o diário da vida de Germano Rodrigues. Utilizando-se de todos os seus conhecimentos e da avançada tecnologia, Felipe desenvolve um holograma (fotografia que produz uma imagem tridimensional reproduzida ao se iluminar a fotografia com a luz do laser) e cria uma imagem fiel (ou robótica) de Germano Rodrigues. Descobriu, também, que Germano tem algum parentesco com Yara, pois possui uma carga genética quase idêntica à de Yara.
O diário começa a ser desvendado com o holograma de Germano narrando sua história. Em 2060, ele estava com 35 anos e trabalhava como jornalista na Editoria Econômica de um grande jornal digital no Brasil. Lá conheceu Bárbara Luz, 25 anos, que trabalhava na Editoria de Turismo e Lazer e, rapidamente, tornaram-se grandes e melhores amigos. Durante uma viagem de trabalho que fez a Nova Iorque Germano conheceu Elisabeth Carvalho, também brasileira, que estava fazendo mestrado em Literatura Inglesa na Universidade de Colúmbia e já tinha sido convidada para lecionar na mesma universidade após o mestrado. Desde a primeira vez que se viram, tiveram a certeza de que estavam predestinados a amarem-se para sempre.
A trama é narrada de forma bem natural e faz com que o leitor mergulhe de cabeça na história de vida de Germano. É como se estivéssemos sentados ao lado de Felipe e Yara escutando a narração. No decorrer da história, as vidas de Germano, Bárbara e Elisabeth se interligam e vão se desenrolando num cenário de intenso amor, sensualidade, dramas, dilemas, questionamentos, mistérios e suspense, aguçando a curiosidade dos leitores e tornando a leitura cada vez mais instigante.
Bárbara e Elisabeth eram as duas mulheres as quais Germano amava verdadeiramente. Elisabeth era a mulher, amante, companheira com quem queria casar e constituir família e Bárbara, a amiga por quem ele sentia uma algo especial. Não sabia bem o que, mas preocupava-se com ela e sentia a necessidade de protegê-la e de cuidar de sua felicidade.
A trama segue com Germano fornecendo detalhes e informações dos personagens, suas histórias, características, sentimentos e visões de vida. A história não segue uma sequência cronológica. A narração é feita com alternâncias de capítulos entre os anos e os personagens, mas não compromete o entendimento do enredo. Percebe-se nitidamente que Germano e Bárbara têm certeza de que o sentimento que os une é mais forte e intenso do que se pressupõe de uma amizade, pois precisam estar sempre juntos, torcendo e participando ativamente de todos os acontecimentos de suas vidas. Germano confidencia à sua mãe Isaura (uma pessoa muito alegre, de bons sentimentos, esclarecida, centrada e que tenta levar a vida de uma maneira positiva), sobre seus questionamentos em relação a seus sentimentos por Bárbara, e ela lhe fala que esse sentimento que os liga pode ser explicado através do conceito de “alma gêmea”, “espíritos afins”, “resgate de erros em vidas passadas” (cabe ao leitor analisar e/ou julgar se essa explicação procede ou não).
Apesar de conter algumas cenas com uma linguagem mais “hot” e adulta, o livro não pode ser comparado a livros eróticos, pois a trama não se foca exclusivamente no erotismo e, embora as cenas sejam narradas de uma maneira sensual, são cenas sem apelações e exageros e totalmente inseridas no contexto.
J.M. Alvarez retratou com muita propriedade os sentimentos conflitantes entre Germano, Bárbara e Elisabeth. Um ponto que me conquistou é que entre eles não existe o “vilão” ou o “mocinho”, pessoas totalmente boas ou más, mas, sim, pessoas complexas, heterogêneas, com sentimentos bons e ruins, sendo essa intensidade de sentimentos que os aproxima de nossa realidade.
“Amor Infinito” foi o primeiro livro que li do autor e fiquei encantada com a sua capacidade descritiva, tanto nos ambientes por ele descritos quanto na narrativa de Germano. Evidentemente essa não é uma história de amor tão banal, mas os seus personagens, inclusive os secundários, e a própria trama são perfeitamente plausíveis. Outro ponto favorável que atribuo ao autor é o ritmo que ele dá a história, prendendo e deixando o leitor altamente conectado, curioso, totalmente envolvido e na expectativa do desfecho. O final do livro também não decepcionou, pois respondeu ao dilema crucial da trama que era a necessidade de Germano saber, conhecer o mistério que influenciava sua vida, de Bárbara e de Elisabeth. Voltando ao passado, ao ano de 1870, ele, finalmente, conseguirá resgatar os acontecimentos que lhe trarão a resposta tão desejada.
A trama me agradou bastante. A franqueza e clareza que existem em todas as abordagens da história são extraordinárias. O tema central, o amor, em suas várias formas, é emocionante, pois transcende, transita no tempo (passado, presente e futuro) sem pertencer exclusivamente a nenhum tempo, tornando-o eterno, infinito.
Bem leitores, o que posso falar sobre o livro, é que o autor se esmerou e brindou o leitor com uma enigmática e intensa história de amor. A leitura desde o início atrai, flui com leveza e clareza e vai despertando, a cada capítulo, nossa curiosidade. J.M. Alvarez foi perfeito na narração e descrição dos personagens, dos locais, das épocas, das cenas e dos diálogos desenvolvidos por ele, conseguindo passar aos leitores a personalidade, o caráter e os sentimentos dos personagens, fazendo com que o leitor sinta-se envolvido nos cenários ou participando dos diálogos que ele construiu.
Minha avaliação sobre o autor e a obra:
Há quem fale que não gosta de romances, que é um estilo açucarado, brega. Para outros (me incluo nessa categoria), o mais importante é a liberdade de poder ler ou escrever sem ter que se preocupar se o tema é comercial ou não. É ler ou escrever todos os estilos e gêneros, sem se importar se é brega ou se é chique. É produzir emoções, ou se emocionar, sempre.
“Amor Infinito" me emocionou e J. M. Alvarez, definitivamente me conquistou.
site: http://clubedolivro15.blogspot.com.br/2016/01/resenha-nacional-amor-infinito-j-m.html