Nathaniel.Figueire 12/12/2022Interessante, mas há elementos xenofóbicosAchei legalzinho, vou terminar de ler a trilogia. Porém, adianto que não é isso tudo que a editora queria que fosse. A frase da capa chega a ser risível: "Sparhawk é o herói mais bem construído da fantasia moderna". (!) Acho que não, né, Aleph?
Enfim, como eu já joguei várias vezes de paladino em RPG's, é legal ver a história de um protagonista dessa classe e as tramas das ordens guerreiras religiosas (inclusive me fez pensar os paladinos e suas ordens de outra forma, mais inspirada nas ordens religiosas do período das Cruzadas). O cenário é interessante e a história da Bhelliom, apesar de ser meio que uma cópia de o Senhos dos Anéis, chamou-me bastante a atenção.
Na parte ruim, uma coisa que me incomodou foi que os conflitos são todos facilmente resolvíveis. Os planos dos heróis funcionam, tudo dá certo... Faltou mais adversidade e frustração nesse livro! Vamos ver se na continuação tudo continua sempre da melhor forma possível para o protagonista e sua missão...
O que mais me incomodou foram os elementos xenofóbicos na obra. Os redoranianos, assemelhando-se aos povos beduínos do Deserto da Arábia, e o culto religioso que seguem, semelhante ao islamismo, são representados na obra como: o primeiro, um povo ignorante e fanático; o segundo, uma religião para idiotas. Apesar de eu desgostar de religiões monoteístas (coisa que o autor também parece pensar, pois também há muita crítica ao Deus único seguido pela Igreja na obra), especialmente da prática islâmica de alguns países do Oriente Médio, achei aqui que o autor acabou pensando a mão demais, porque TODOS os redorianos para o protagonista são imbecis e essa opinião é muito pouco matizada na história.
Alguém poderia dizer que isso é da perspectiva do protagonista em seu "eleniumcentrismo", mas a própria história poderia ter matizado um pouco essa mão pesada que o autor deu contra esse povo. Para deixar claro: sem sombra de dúvidas há pessoas maravilhosas no Irã, não podemos pegar de exemplo o horror que é o regime ditatorial teocrático dos aiatolás e os grupelhos fanáticos que os dão suporte e considerar que esses meliantes representam todo o povo iraniano...
Aí, no fim, Eddings herda talvez a parte mais chata de Tolkien: seu forte precoceito contra povos e culturas não-europeias.
De qualquer maneira, a história me prendeu o suficiente para eu querer saber o que vai acontecer com o pandion Sparhawk e sua rainha petrificada no trono de diamante (e essa capa do Simonetti, nossa, ele não parecia estar muito afim de desenhar, já vi trabalhos muito superiores dele). Acho que vale a pena a leitura para quem gosta de fantasia medieval, especialmente que já jogou RPG.