Karini.Couto 28/09/2015Uma história construída de forma intrínseca e peculiar onde magia domina e realidades se chocam a todo instante. Baseado em algo que já li e reli por aí e acho bastante interessante que é a cartografia – conjunto de estudos e operações científicas, técnicas e artísticas que orienta os trabalhos de elaboração de cartas geográficas. Porém no contexto do livro trata-se também de magia.
"ACONTECEU A MUITO TEMPO, quando eu era apenas uma criança. Naquela época, os arredores de Boston ainda eram terra de cultivo, e eu passava os longos duas de verão brincando ao ar livre com meus amigos, voltando para casa quando o sol se punha. Fugíamos do calor no riacho de Boon, que tinha uma correnteza rápida e uma piscina natural profunda."
Desde a Grande Ruptura em 1799 o mundo transformou-se em algo imprevisível sendo lançado da pré-história a um futuro muito distante. Não se sabe ao certo o que causou tal ruptura e nem mesmo ela parou de ocorrer, parece estar ainda em andamento com acontecimentos ainda mais catastróficos por vir! Com isso exploradores, cartógrafos, botânicos entre outros se empenham em descobrir o que está acontecendo e o que virá! E foi em uma missão de exploração que os pais de Sophia Tims (Bronson e Wilhemina Elli) partiram e jamais retornaram!
"Tornou-se evidente que, em um momento terrível, as várias partes do mundo se separaram. Ela se desprenderam do tempo. Girando livremente em diferentes direções, cada pedaço do mundo fora lançado em uma era diferente. Quando aquele momento passou, os pedaços ficaram espalhados, tão perto espacialmente uns dos outros como sempre estiveram, mas irremediavelmente separados pelo tempo. Ninguém sabia a idade real do mundo, ou qual das eras causara a catástrofe. O mundo como conhecíamos havia se partido, e um novo mundo tomara seu lugar. Nós chamamos esse momento de Grande Ruptura."
-Elizabeth Elli para seu neto Shadrack, 1860
Agora é o Novo Ocidente (1891) o dia possui 20 horas e nossa protagonista Sophia Tims vive com seu tio Shadrack Elli um grande cartógrafo e explorador que cuida da menina de apenas treze anos desde que seus pais desapareceram em uma missão de resgate a um explorador. Tudo isso conferiu na vida de Sophia certo amadurecimento que uma menina em sua idade não vivenciaria tão prematuramente, já que mesmo com um tio atencioso precisou cuidar tantas vezes de si e acabou conhecendo muito mais sobre mapas, porém seu conhecimento não sai do papel. Os mapas possuem sua própria forma e magia e é necessário uma “sabedoria” para conseguir obter êxito ao lê-lo.
"Novo Ocidente começou sua experiência com representação eleita cheio de esperanças e otimismo. Mas logo foi manchado pela corrupção e pela violência, e ficou claro que o sistema havia falhado. Em 1823, um rico representante de Boston sugeriu sugeriu um plano radical. Ele propôs que um parlamento único governasse Novo Ocidente e que qualquer pessoa que desejasse emitir uma opinião diante dele deveria pagar entrada. O plano foi aclamado - por aqueles que podiam pagar - como a iniciativa mais democrática desde a Revolução. Eles haviam preparado terreno para a prática contemporânea de vender o tempo do parlamento, cobrando por segundo.
-Shadrack Elli - História de Novo Ocidente.
Devido à decisão de que as fronteiras seriam fechadas Shadrack vêm planejando ir com Sophia atrás do rastro de seus pais e tenta transmitir tudo que pode a menina que a muito presta bastante atenção em todo “o mundo em que vive”; mapas são muito especiais e podem ter várias formas, ser feitos de materiais diversos e que ao serem reunidos podem mostrar visões. O Mapa de Vidro é muito especial justamente por guardar memórias.
"Entre os mapas que foram parar em coleções de museus e bibliotecas universitárias, há alguns do Novo Mundo que cartógrafos de Novo Ocidente ainda não aprenderam a ler. Seja porque foram forjados por civilizações antigas, seja porque refletem algum aprendizado ainda não descoberto, são simplesmente ilegíveis até para os mais exímios cartógrafos ocidentais."
-Shadrack Elli - história de Novo Ocidente
Porém em meio aos seus estudos e dia a dia, seu tio é sequestrado e Sophia se vê sozinha e com uma decisão nas mãos: Sentar e esperar ou partir com o plano de seu tio e tentar descobrir não só sobre seus pais, mas sobre o paradeiro de Shadrack que lhe deixou um artefato peculiar e uma pista a seguir! Sophia é uma menina inteligente e muito corajosa e com isso, claro que ela resolve por em prática tudo que aprendeu e se aventurar pelo mundo apenas com o conhecimento dos mapas como seu amigo fiel e seguro. Mas também passou a contar com a ajuda de Theo um menino que fugiu de um circo e que pode auxiliá-la na questão do tempo que ela não domina, já que não possui o tal relógio biológico. Sophia não sabe se pode confiar em Theo, mas o que fazer além de seguir seus instintos?! E é exatamente isso que ela faz.
"24 de junho de 1891:
O desaparecimento de Shadrack (dia 4)
A maioria dos primeiros relatos da Grande Ruptura descreve o testemunho da passagem de um ano enquanto o tempo estava suspenso. Mas o profeta Amitto afirma ter visto todo o passado e o presente durante sua revelação, vivendo cada dia de vinte horas como qualquer outro. Desse modo, As Crônicas da Grande Ruptura foram organizadas em trezentos e sessenta e cinco dias:cada dia que ele supostamente viveu durante o período. Os dias são comumente entendidos como capítulos. Os niilistianos seguem a prática de se nomearem com a primeira palavra do capítulo correspondendo ao dia em que se juntaram à seita."
-Shadrack Elli - História de Novo Ocidente
A história é eletrizante, mágica e encantadora com muitas surpresas e descobertas e desses livros que você não consegue largar mão um minuto sequer! A magia é frequente, novos horizontes, amizades.. Onde existem desafios inimagináveis a serem explorados e conquistados!
O Mapa de Vidro é uma trilogia e a aventura está apenas começando!
Espero que vire filme, pois não consigo me contentar com apenas livros.. Quero ver ele nas telas e acredito que faria um tremendo sucesso!
Amei!
"Quando você perde uma bolinha de gude, um livro favorito ou uma chave, para onde essas coisas vão? Não vão para lugar nenhum. Vão para além. Algumas coisas (e pessoas) vão para além e logo voltam. Outras vão para além e parecem querer ficar. Nesses casos, a única solução para os muito determinados é ir ao encontro delas: ir para além e trazê-las de volta."
-Autor desconhecido, Guia para perdidos, desaparecidos e além