JPHoppe 23/10/2011
Uma bela sequência de "2001"
"2010" é a sequência de "2001: Uma Odisséia no Espaço"... ainda que não muito. O primeiro livro e sua versão cinematográfica foram escritos em conjunto, mas ainda assim há grandes diferenças entre as duas versões, principalmente no que é deixado sem explicação (de forma intencional) no filme, e no curso de certas ações.
Então, não é tão surpreendente que "2010" seja uma continuação do FILME, não do próprio livro. Bowman nunca foi resgatar o corpo de Poole no espaço nem ficou exposto ao vácuo por longos dez segundos no livro, assim como foi Saturno, e não Júpiter, o planeta-alvo da missão da Discovery One. Mas é o que vemos nas reminiscências dos eventos do primeiro "livro" aqui em "2010". Entretanto, a famosa frase "Meu Deus! Está cheio de estrelas!" que não é dita no filme é lembrada aqui. Uma pequena salada, mas nem tanto. Pelo visto, a tendência continua nos livros seguintes da série, "2061" e "3001", com o próximo recontando alguns eventos dos anteriores.
Mas, como o livro se sai? Muito bem! Mesmo com apenas palavras, Clarke consegue passar para o leitor a incrível sensação de desolação e solidão, o verdadeiro tamanho do homem diante das imensas escalas do Cosmos. O fato do autor ser também um cientista numa fase anterior da vida, e do tipo que se atenta aos detalhes, permite que a obra seja bem verossímil, sendo uma das obras de ficção científica mais "duras" que existem por aí.
Diferente de outras sequências que deixam a desejar em relação ao original, "2010" consegue ser tão bom e mesmo superior que "2001" em determinados aspectos, prendendo o leitor até o final do livro, e deixando uma vontade de querer saber mais, especialmente o mistério por trás dos famosos monolitos negros deixados pelos alienígenas precursores de toda a história.
Não é a toa que Clarke é considerado um dos grandes autores da ficção científica, ao lado de gigantes como Isaac Asimov e Robert Heilen.