spoiler visualizarRafael Reis 10/08/2011
Uma continuação corrida
O segundo volume da série “Deixados Para Trás” não acompanha o mesmo segmento de emoção causado pelo livro inicial. Ele conta eventos importantes, situações impressionantes, mas é notório a perda de ritmo no meio das páginas.
Acredito que com o sucesso do primeiro livro, os autores Tim LaHaye e Jerry Jenkins foram coagidos a escrever uma continuação apressadamente. Logo para tornar o livro com o mesmo número de páginas do antecessor, algumas partes enroladas de novela foram acrescentadas a trama.
O início da história acompanha exatamente o final do Deixados para trás e conta sobre o novo emprego de Buck, o desenvolvimento da Igreja Nova Esperança liderada por Bruce e a faísca do romance entre Chloe e Cameron.
Até uma certa parte do livro, existe um equilíbrio notável entre as esferas pessoal, política, espiritual, familiar e emocional da trama. Até que tudo vem por água abaixo quando os autores se concentram muito em situações que poderiam passar como detalhes. Quem não se irritou com toda a agonia de admirador secreto de Chloe pra depois gerar em nada? E pra quê tantas páginas foram gastas para o desenrolamento do mal entendido entre Buck e Chloe? Essas partes tornam o livro inferior ao primeiro e repito que estas foram inchadas pra aumentar o número de páginas do volume.
Porém após toda essa enrolação os eventos principais do Comando Tribulação são abordados e então você entende a razão de ter gostado da trama.
A história sobre o Rabino Tsion Ben-Judá é tirar o fôlego. O auge da personagem se mostra no pronunciamento do resultado de seu estudo a TV. O cruzamento desta personagem com as Duas Testemunhas também é magistral e daí que surge a parte épica deste volume, a citação das escrituras abordando o diálogo entre Jesus e Nicodemos. É impossível não se emocionar com a grandeza espiritual deste momento. Esta é a diferença entre os romances seculares e os romances escritos por filhos de Deus. A conversão de Ben-Judá já é marcante na saga.
Depois segue uma parte que pra mim foi hilária. Como assim Eli ligou para o Rabino pra marcar um encontro? Acho que isso foi forçar demais a barra. Estava tudo muito bíblico até aí, acho que eles se empolgaram um pouco e viajaram na mostarda.
Logo depois surge um baque, o intervalo de 18 meses. Entendo que isso mostra a falta de planejamento dos autores, pois eles não tinham ideia do fôlego da série e acredito que precisavam chegar logo na parte má do Anticristo para conduzir a saga de forma mais emocionante e atraente.
O final já deixa o leitor bem animado. Guerra, rebelião, caos. É isso que todos querem ler sobre o tempo apocalíptico. Imagino que também é sobre o mesmo que os escritores queriam contar.
Não esperava uma morte tão repentina, devido ao número de volumes da série, mas isso é prova de que Tim e Jerry não sabiam onde iriam chegar. O mentor espiritual Bruce deixa o comando tribulação e vai direto pro céu. Deus escolheu poupá-lo de sofrer o amargo tempo das dores.
*Não tratei das partes do casamento de Rayford e Amanda,e Chole e Buck. Também não abordei a profundidade política de Nicolae e seu tratado de paz. Isto é bem importante pra trama, mas não foi escolhido como ponto crucial no que eu quis abordar na resenha.