Al2 01/04/2013
O Violino de Auschwitz - Da Lama Podem Nascer Os Mais Belos Lírios
Os livros não são a minha única paixão, também o são os filmes, e estou sempre em busca de novos filmes sobre Guerras ou ambientados em períodos de guerra, um dos meus preferidos é O Pianista de Roman Polanski, onde ele mostra como um pianista sobreviveu à perseguição dos nazistas trocando de esconderijos enquanto a cidade de Varsóvia era praticamente destruída.
Quando li a sinopse de O Violino de Auschwitz, como um estalo, O Pianista me veio à mente, e se se observar pode se encontrar similaridades entre as histórias, mas cada uma tem sua própria essência.
Há muitos pontos que chamam atenção nesse livro, mas pessoalmente posso ressaltar alguns principais:
1. Quando Daniel recebe a tarefa de construir o violino, enquanto a desenvolve, a alma de Daniel emerge da sombra. Daniel deixa de ser somente uma criatura que meramente sobrevive através dos dias, para ser realmente um homem, com uma identidade, uma individualidade. A construção do violino é um meio pelo qual Daniel reencontra a si mesmo. A partir daquele momento, ele deixa de ser um sub-homem, igual a tantos outros, ele volta a ser Daniel, o Violeiro.
2. A chegada de Freund, o Mecânico, é um outro elo de Daniel com sua antiga vida, sua simples presença, assim como as informações que traz sobre Eva e Regina - sua noiva e sobrinha - o preenchem com uma esperança renovada e forças que começavam a lhe faltar para perseguir lutando pela sobrevivência.
3. . Nem mesmo a barbárie ao seu redor, a fome ou os castigos físicos, conseguiram esmagar o espírito de Daniel, o personagem manteve sua dignidade do começo ao fim. Daniel fez o que era necessário para sobreviver sem se sentir menor ou indigno. Como ele mesmo diz na cena em que o Comandante atira três maçãs ao chão fazendo com que quatro trabalhadores se ajoelhem para pegá-las - incluindo Daniel - enquanto o Comandante as rola de um lado a outro com os pés e os trabalhadores lutam para pegá-las: "... a indignidade estava no que se divertia com sua fome" E não só sua dignidade, mas sua humanidade não foi perdida, quando ele se compadece dos recém-chegados ao campo, relembrando como meses antes - que pareciam anos - ele mesmo chegara ao Campo dos Três Rios.
O Violino de Auschwitz é um retrato fiel do dia-a-dia dos campos de concentração onde os judeus foram aprisionados e escravizados, mas também é uma história de esperança, de sobrevivência em meio a condições extremas, a barbárie e a violência gratuita e de como da lama podem surgir os mais belos lírios - de um campo de concentração nasceu um violino com um dos mais belos sons já ouvido e uma história de amizade e lealdade que sobreviveu ao teste do tempo e dos horrores da guerra.
Foi uma bela surpresa quando o nome do convidado de olhos compassivos foi revelado: Schindler. Oskar Schindler (1908-1974) foi um empresário alemão que salvou a vida de mais de mil judeus durante o Holocausto ao empregá-los em sua fábrica. Sua história foi contada em livro (Schindler's Ark) por Thomas Keneally e, posteriormente filmada por Steven Spielberg - A Lista de Schindler - no ano de 1993, é também um de meus filmes preferidos.
*O livro perdeu uma estrela por alguns trechos da narrativa soarem confusos, mas isso não afeta a compreensão geral do texto