xav 28/01/2023
A primeira dama enlouqueceu!!!!
Lygia Fagundes Telles dizia que os personagens criam força própria, montam no cavalo e seguem sua própria direção. uma vez em uma entrevista para o programa ?Roda viva? do canal cultura, usou Jean-Paul Sartre para explicar o porquê de não limitar os seus personagens, ?Sartre tinha implicância com escritores que condenavam personagens a um destino?. O personagem é vivo como nós mesmos, então o personagem necessita possuir da vontade, disse lygia. E é isso que acontece na obra! Um livro completo incompleto.
Navegamos nos devaneios de personagens perfeitos imperfeitos, presenciamos uma protagonista que está abalada por ter alcançado a meia idade, traumatizada pela vida, o que a tornou madura e ao mesmo tempo insana. Desequilibrada emocionalmente, assim como todos nós, mas com o carisma presente em sua vida. (até onde pode, claro.) Rosa rosae, sem um pingo de pudor, pois a velhice não requer pudores juvenis. Ah, Rosa Ambrósio!
O gato rahul, UM DOS MAIORES NARRADORES do livro, UM ANIMAL mais humano que muitos personagens do livro, acreditava na idéia de já ter tido outras vidas no passado (O que poderia explicar o seu comportamento tão humano).
Ananta, uma personagem intrínseca, intimista, somos impossibilitados de seguir adiante ao profundo infinito da mesma, somos impedidos de conhecermos o seu EU, fator que se torna cognoscível quando percebemos que Ananta não narra em primeira pessoa. No meio do livro, a personagem desaparece, não sabemos se foi por conta própria, se foi assassinada ou se fugiu com um homem casado. Gostaria de saber onde está Ananta, mas sei que isso estragaria a essência de seu personagem e até mesmo da obra.
Destaco Rosa rosae, claro, Rahul e Ananta, personagens essênciais para uma obra tão extraordinária como esta. ?As horas nuas? deveria ter muito mais reconhecimento. Lygia Fagundes, você é a dama da literatura brasileira!