Lu 19/09/2015
Decepcionante
Eu nunca dei muita bola pros livros da Stephanie Perkins. Embora as capas de seus livros tenham sempre sido bonitinhas e coloridas, eu hesitava em comprá-los por achar que podiam ser livros melosos, de história bobinha. Como este Isla e o Final Feliz.
Chega a ser irônico, porque tanto o "Anna e o Beijo Francês", quanto o "Lola e o Garoto da Casa ao Lado" são ótimos. São livros de histórias simples sobre pessoas que se apaixonam, mas que por coisas da vida, nada se torna simples. O "Anna" é uma avalanche emocional, intenso, sensual, engraçado, delicioso... e o "Lola" é colorido, dramático, maravilhoso....
Por isso, minhas expectativas em torno do "Isla" eram altíssimas. Eu não sosseguei enquanto não coloquei as mãos neste livro, não importa que outros livros eu comprasse. E o resultado foi isso: duas estrelas. Não consigo acreditar.
Sejamos objetivos: os problemas principais aqui foram: a história e o casal. A Stephanie colocou o carro na frente dos bois. O início do livro é muito bom... um pouco enrolado, mas bom. Bonitinho, engraçado, promissor....só que o casal fica junto rápido demais. nos outros livros, houve todo um processo antes do "eu te amo", complicações, conflitos. Aqui, acontece quase como num virar de páginas, de pessoas tímidas que mal se cumprimentavam, eles se entregam a uma intensidade e um grude que não faz sentido algum Em um mês estão dizendo "eu te amo". E segue neste ritmo atropelado, em sequências chatas, longas e melosas por toda a segunda parte da história.
É complicado quando isso acontece num romance, ainda mais quando não se tem bons personagens secundários e uma boa história para dar um certo equilíbrio às coisas. Eu não desgostei de Kurt - dou até os parabéns à Steph pela iniciativa - mas ele não ajuda muito. Teria sido legal se Isla tivesse mais uma amiga, pelo menos. Não é possível que St.Clair e cia sejam as únicas pessoas legais da escola inteira.
E o casal não ajuda. Tudo bem, Josh é um artista atormentado, que se sente negligenciado pelos pais e com tendências à depressão e à autodestruição. Ele não é o único com esse perfil, mesmo na literatura juvenil. Há o doce Jem, de "As Peças Mortais" e, claro, o fabuloso Adrian Ivashkov, da série Bloodlines. Sabe o que eles têm e Josh não tem? Carisma....
... e uma garota com a cabeça no lugar pra dar uma sacudida nas coisas. Mas não é esse o caso de Isla. Isla é uma prima em terceiro grau da Bella Swan: não tem interesse por nada (além de quadrinhos) e nem por ninguém além de Josh. Sua única razão de existir é gravitar em torno de Josh como um satélite. Seu futuro, sua família, seu único amigo são meras distrações até a chegada de Josh em sua vida. Ela é patética e o que mais me deixou de cabelo em pá é que nem mesmo as sacudidas que a pr´pria história lhe dá servem pra acordá-la. Ou ela acorda pelo motivo errado.
O resultado é que, o que poderia ser uma jornada para o crescimento e o amadurecimento, como se viu nos dois primeiros livros, foi pro buraco. Josh começa e termina do mesmo jeito. Isla dá uma melhorada, mas é tarde demais. Teria sido muito melhor se a Stephanie tivesse ido a Roma escrever a história da Meredith e deixasse Josh pra depois ou simplesmente não escrevesse a história dele.
No todo, é um livro que parece um daqueles filmes dos anos 1980 feitos pra tevê e que passam de vez em quando na Sessão da Tarde: dramáticos, melosos e chatos de doer. As duas estrelas vão, exclusivamente, pro início e o final.
Não recomendo.