spoiler visualizarRemise 14/08/2014
Uma leitura fácil, mas que se tratando de profundidades, deixou muito a desejar.
PINSKY, Jaime (Org.). 12 faces do preconceito. São Paulo: Contexto, 1999.
O organizador do livro 12 faces do preconceito, é Jaime Pinsky, historiador, doutor pela USP, professor titular da Unicamp, autor da vasta obra abordando os direitos do cidadão e a discriminação, colaborou na criação das revistas Debate & Crítica, Contexto, Anais de História e Religião e Sociedade, diretor da Editora Contexto, autor de vários livros, articulista do jornal Correio Braziliense. Tem colaborado em jornais e revistas como Aventuras na História, Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo e tem feito conferências em instituições acadêmicas e não acadêmicas por todo o Brasil e no exterior.
O livro reúne doze textos que abordam as várias faces do preconceito. Começa com uma apresentação geral mostrando que o preconceito muitas vezes pode até não ser percebido, mas está ali, implícito, no meio de piadinhas e gozações que na maioria das vezes não são levadas tão a sério.
No primeiro texto, de Luiza Nagib Eluf, trata de um preconceito comum, que é o contra a mulher, onde, relembra historicamente toda a discriminação que a mulher já sofreu, considerada inferior ao homem por muito tempo. E ela termina o texto afirmando que as pessoas devem lutar pelos seus direitos.
O segundo texto, de Jaime Pinsky, fala do preconceito racial, onde só porque existem pessoas com mais melanina que outras, as últimas se consideram superiores. O autor relembra que durante muito tempo tentou-se justificar a tal inferioridade das “minorias”, alegando-se sem base científica alguma que elas eram insignificantes, porque não se enquadravam no socialmente aceito.
Jean-Claude Bernardet traz no terceiro texto, uma visão sobre o preconceito sofrido pelos homossexuais. Ele traz ainda um contexto histórico, mostrando as formas de homossexualismo antigamente, assim como suas nomeações, pois nem sempre se deu o nome de homossexual à pessoa que se relaciona com outras do mesmo sexo. E no final ele sugere que seria melhor dizer que a pessoa teve um comportamento “homossexual” ou “heterossexual”, ao invés de taxá-la para sempre, já que o ser humano é um totalmente mutável.
O preconceito contra idosos é o tema para a quarta face dos abordados no livro, o autor afirma que a melhor forma de combater o preconceito é exercer o respeito. Tem-se que compreender a história de vida daquela pessoa, que tem muita experiência para contar. Às vezes remete-se ao idoso como um ser avarento, já que ele acha precisa cuidar do que conquistou até aqui, com medo de ficar dependendo dos outros ou da própria família.
O texto agora fala sobre o preconceito sofrido pelos jovens. Nem sempre é dada importância para o que o jovem quer ou diz, muitas vezes suas vontades sendo ignoradas. O autor critica as revistas que são destinadas ao público jovem, dizendo que as lendo o jovem inunda sua própria barba burra e emburrecedora.
Marcos Bagno trata do preconceito linguístico que é uma barreira a ser derrubada. Aqui no Brasil, comumente considera-se que o português de Portugal é que é o correto, deixando de lado a importância das marcas culturais do povo que se formou aqui. No passado o Brasil foi colonizado, mas se tornou independente, assim como a forma de poder tomou rumo próprio, a língua também.
Domingos Fraga, comenta sobre a generalização errada que é feita sobre as pessoas gordas. Um pré-conceito formado a partir do peso do indivíduo. Sempre acham que o gordo vai comer mais, a conta ficando mais cara pra dividir, na fila do bolo compete para ser o primeiro e por aí vai.
O autor agora é Cláudio Camargo, tratando do preconceito contra baixinhos. Ele conta sua história de vida e de infelizes tentativas de se encaixar nos times da escola nas turmas de amigos. Mas ele cresceu e se curou desse trauma. E ele termina o texto com um “conselho”, para isso, citando Eleanor Roosevelt, ex-primeira dama americana: “Ninguém pode fazer você se sentir inferior sem o seu consentimento”. Tudo depende da gente aceitar ou não.
No texto sobre o preconceito contra os judeus, Henry I. Sobel diz que “É preciso cultivar o respeito mútuo entre os seres humanos”. O sentimento antijudaico era propagado pela a Igreja, esta os condenava pela morte de Jesus. Atualmente, toda a literatura que disseminava o ódio aos judeus está sendo refeita e retirada para que as novas gerações não cresçam com esse pré-conceito.
A acessibilidade é um tema bastante difundido atualmente. Hoje já se vê algumas estruturas preparadas para receber os deficientes, mas a vida dos deficientes físicos nem sempre foi assim, ainda não está 100%, muita coisa há para melhorar. Marcelo Starobinas dá o exemplo da casa da boneca Barbie, onde ganhou uma amiga paraplégica e logo após uma casa de brinquedo adaptada com rampas. Eles são excluídos de seleção de empregos por não serem considerados capazes de exercer a função. Situação essa que deve ser superada.
O penúltimo texto trata do preconceito contra migrantes. O autor relembra que é um direito fundamental do ser humano. Portanto, não deve ser discriminado por falar, se vestir, se portar diferente dos demais daquela região.
E o último texto discorre sobre o preconceito social, onde quem tem menos sai perdendo. A autora fala do preconceito elitista ou de classe, que acaba sendo base para outros preconceitos, no fim, o dinheiro é que importa. Essas foram as faces escolhidas pelo organizador do livro para tratar dos preconceitos.
Para desenvolvê-lo, Pinsky teve uma troca de ideias com o escritor Marcos Bagno e a historiadora Carla Bassanezi Pinsky.
Percebeu-se que o organizador teve como objetivo reunir textos de diversos temas, mas como o preconceito como base. Pinsky escolheu bem os textos, tornando a leitura leve e fácil. Cada início de capítulo tem uma caricatura sempre com uma situação que ilustra o preconceito tratado. Porém alguns textos deixaram a desejar, o autor ao tratar do preconceito contra jovens fala que “até para ir a show de rock já estão colocando limite de idade, como se fosse evento destinado apenas a senhores em cadeiras de rodas”, o que tem de errado em ser senhor, cadeirante e ir a um show de rock? Deve ser separado dos demais?
Resenha elaborada por Remise Andrade Pereira, acadêmica do curso de Psicologia da UFPI – Campus de Parnaíba.