spoiler visualizarKarolline.Campos 05/05/2024
Mai/2024
Comprei meu primeiro Entrevista com o vampiro em 2008, quando tinha 17 anos. Desde então muita coisa aconteceu, minhas preferências mudaram, mas o desejo de ler a obra completa da Anne Rice permaneceu como um objetivo.
Já perdi as contas de quantas vezes li Entrevista com o vampiro; O Vampiro Lestat e A Rainha dos Condenados são livros fenomemais que, na minha opinião, encerrariam muitíssimo bem as Crônicas Vampirescas se assim se quisesse.
Não tenho pontos negativos sobre a narrativa da Anne Rice. Na verdade, como historiadora, posso dizer que ela tem um dom em convencer o leitor com personagens muito bem montados em planos de fundo históricos desafiadores!! Esse é um mérico que não dá pra tirar dela. É como se houvesse um compromisso muito mais profundo com relação à História justamente num enredo que trata do sobrenatural e de temas que podemos chamar de humanistas/existencialistas.
O tema da mortalidade/ imortalidade foi muito bem tratado, inclusive, em A História do Ladrão de Corpos, onde o Lestat se aventura para ter a certeza de que prefere mesmo não ser mais um ser humano.
Sempre ouvi falar muito mal de Mennoch, mas precisei ler para ter a certeza. Apesar de achar que a temática foi uma má escolha, consegui "defender" a obra apesar de não ter gostado em muitos aspectos de muita coisa ali. Não se trata de nenhuma espécie de conservadorismo! Quem lê Anne Rice não tem esse tipo de reserva. Acontece que não é realmente agradável. Pareceu muito com Taltos, mas de uma maneira ruim. Sinto como se fosse uma tentativa muito falha de repetir o Entrevista... Isso torna a coisa toda bem menor e decepcionante.
A decepção aumenta ainda mais com O Vampiro Armand. Livro lançado pouco depois de Pandora, nos apresenta David Talbot como um novato capaz de ultrapassar barreiras emocionais de seres muito mais velhos do que ele e com uma facilidade que incomoda bastante.
Na minha percepção, Anne Rice, com todo respeito, destruiu o personagem Armand. A história dele não é bem contada, não tem aventura, a narrativa não prende, NÃO HÁ UMA VERDADEIRA CONEXÃO COM O FUNDO HISTÓRICO QUE ELA ESCOLHEU TRABALHAR! É de longe um livro que eu não indicaria. Ele simplesmente poderia nunca ter sido escrito.
O que torna pior a coisa toda é que na segunda metade da história já fica bem claro que o objetivo da obra era apenas ornamentar um desfecho de Mennoch ou, pior, que ela se arrependeu de partes daquele final e quis "consertar". É como se a história nem fosse realmente do Armand, porque de verdade ele passa boa parte recontando coisas que já sabemos das falas dele com o Lestar em livros anteriores ou apontando em detalhes características de outros vampiros. Dá impressão que faltou conteúdo e Anne Rice resolveu copiar e colar ali a ficha dos personagens que todo escritor deve produzir antes de começar um livro.
Não vou desistir das Crônicas... mas se você quer um conselho, pode pular. Ela vai repetir tudo o que aconteceu no final de o Vampiro Armand no próximo livro, com certeza. Ela sempre faz isso. Assim, se evita a fadiga.