Leonardo.H.Lopes 20/11/2023Gostei, desgosteiTodo mundo (ou quase todo mundo) conhece o enredo: o ano é 2001 e a humanidade está colonizando a lua. Em meio à pesquisa de campo gravitacional, um monólito, que parece que foi enterrado há milhões de anos por uma civilização superdesenvolvida tecnologicamente e talvez já extinta, é achado e desenterrado do solo lunar, emitindo um sinal para o espaço que leva a uma expedição até o planeta Saturno e para além do sistema solar.
Confesso que não sou muito fã de ficção científica e tenho lá meus problemas com histórias que desafiam as parcas leis da física que eu conheço. Por isso tenho alergias de histórias sobre viagens no tempo, nunca me convencem. Mas dei uma chance para este “2001: Uma Odisséia no Espaço”, história ícone da cultura pop imortalizada no cinema por Stanley Kubrick (aliás, o livro foi escrito concomitantemente ao roteiro do filme e, após o lançamento da película, foi mais trabalhado e detalhado).
Resultado: gostei muito do livro. Ao contrário de muitos comentários que vi aqui no Skoob, não achei um livro arrastado. Pelo contrário, foi um livro que me pegou mesmo, eu lia e não via as horas passando. Gostei muito da parte um na pré-história e de basicamente todo o desenrolar do livro. Senti falta, confesso, de um pouco mais de ação e achei que a batalha contra a inteligência artificial “personificada” na figura do computador HAL iria ser mais frenética e que o computador ia dificultar mais as vidas deles, mas bastou meras desconexões de chip para resolver o entrevero. Entretanto, é interessante acompanhar as atitudes de HAL que se viram contra seus criadores humanos, me fazendo até mesmo lembrar de “Frankenstein” de Mary Shelley: Tanto o monstro de Frankenstein quanto HAL 9000 exibem comportamento que vai além do controle de seus criadores. Ao questionar acerca de sua própria existência, o monstro, em sua busca por aceitação, se volta para a violência e a vingança. Da mesma forma, HAL, ao perceber uma ameaça à sua própria existência, toma medidas extremas para se proteger, incluindo a eliminação de membros da tripulação. Mas achei tímido o modo como o computador foi simplesmente desligado.
Mas nem tudo são flores. Como tenho dificuldades para suspender a descrença na ficção científica, o que é estranho pois não tenho problemas em suspendê-la em história como Harry Potter (ainda sussurro a maldição cruciatus sempre que tenho ódio de alguém na vã esperança de que funcione), me senti meio perdido nas últimas 50 páginas do romance. Achei o final um tanto quanto incognoscível, abstrato até por demais na minha opinião. Me senti boiando nas últimas páginas. Apesar de estar entendendo e visualizando perfeitamente o que estava sendo escrito, não foi um final que me agradou.
Vale a pena? Vale muito a pena, entretanto não possuo interesse em continuar a ler os outros livros da Odisseia no Espaço (sim, existem mais três).