akira 11/07/2021
Não humano, não vivo, não existo
Confesso que não sabia o que esperar quando peguei para ler "Declínio de um homem". Eu obviamente peguei para ler porquê dazai é o meu favorito em bungou stray dogs, sua melancolia sarcástica e tentativas falhas de suicídio, trazem para o anime algo muito além de cenas engraçadas, tão cômico e trágico. Mas quando eu terminei de ler percebi todas as características semelhantes do personagem com o autor e o pior, comigo. No fundo eu não me sentia humana, no fundo eu queria morrer, várias vezes, no fundo as vezes é horrível fingir ser alegre. No fundo é triste ver essas semelhanças mórbidas, mas é o que é. Mas no fundo lendo esse livro como um adeus ao mundo humano de Dazai, eu me senti humana, não igual aos outros, mas não tão diferente. Eu tenho mais apego pela minha curiosidade pelo futuro do que desânimo do meu presente, ao contrário do que todos pensavam, sou um tipo estranho de otimista. Então obrigada Dazai por, onde estiver, ter me dado essa chance de ver me como humana.
Gosto de livros que colocam meus macaquinhos para funcionar. Livros que fazem a ALEGRIA, TRISTEZA, MEDO, RAIVA, NOJO... todos eles... entraram em ação na leitura, cada um com uma pequena ou grande fala... foi alegria, tristeza, medo, raiva, nojo.
Eu definitivamente quero ler mais obras do Dazai, por amor ao personagem e pela escrita apaixonante e impecável do autor. Meus parâmetros estão altos agora.
É um ótimo livro. Talvez angustiante, mas não mórbido, as cores amareladas e pretas que esse livro projetou na minha mente me distanciaram do que era para eu sentir: uma dor crônica e latejante no peito (cof cof depressão)
Há gatilhos. Mas Dazai não faz a gente ser engolida na sua melancolia suicida, nem mesmo uma falsa alegria, na verdade é uma neutralidade e apego.
Apego por ele não se sentir tão humano. Apego por nós humanos se vermos nele: um humano, não humano.
Bem é uma autobiografia, diferente, mas se alguém ler essa resenha, bem é uma autobiografia do bobo da corte que fazia todos rirem, mas no final do dia ia a uma taverna, bebia várias doses de algo barato. Saia com damas e como Romeu e Julieta depressivos e menos apaixonados tentavam um suicídio duplo