CAcera3 26/01/2023
Joia rara de não ficção
Nesse pequeno livro temos narrativas não ficcionais que Virgínia escreveu de forma bastante poética. Ela aborda temas diversos aqui dentre os quais:
Sobre a dificuldade de ser
Sobre arte de escrever
Sobre Londres
Sobre estar doente
Sobre a pequenez humana
Sobre a passagem do tempo.
Dos textos presentes aqui três se destacaram para mim:
??Montaigne
Nesse a Virgínia explorar autenticidade, a dificuldade de ser verdadeiro com os outros e com si mesma, a consciência de si e as aparências. É um texto bem amplo repleto de pérolas da autora.
?Pois, para além da dificuldade de comunicar aquilo que se é, há a suprema dificuldade de ser aquilo que se é. Esta alma, ou a vida dentro de nós, não combina absolutamente com a vida fora de nós.?
??Memórias de uma filha: Leslie Stephen, o filósofo em casa
Nesta prosa ela fala um pouco sobre o pai de uma forma que até então se mostrou uma perspectiva diferente de outros momentos em que o cita. Aqui a figura paterna é heróica e terna. Há reflexões lindas e um tom muito doce nas palavras.
?Mas se liberdade significa o direito de ter seus próprios pensamentos e seguir suas próprias metas, então ninguém respeitava a liberdade - na verdade, insistia nela - mais completamente do que ele.?
?? Sobre estar doente
Aqui a Virgínia discorre sobre a ausência do tema doença nas produções artísticas e principalmente literárias. É algo real então porque não deveria estar presente na arte que imita a vida?
?a literatura faz o possível para sustentar que ela se preocupa com a mente; que o corpo é simplesmente uma lâmina de vidro através da qual a alma olha direta e claramente, e, salvo por uma ou duas paixões tais como o desejo e a cobiça, é nada, desprezível e inexistente. Pelo contrário, justamente o oposto é verdadeiro.?
Uma menção honrosa ao último texto que é o que dá título ao livro; ?O sol e o peixe? é um texto lindo e poético que vale a pena a leitura pela sua perspectiva tão singular.
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