Zana 03/09/2013
“Lanark - Uma vida em quatro livros” é uma mistura híbrida, englobam diversos gêneros como fantasia, ficção científica, autobiografia, crítica literária e realismo. Em meio a plágio confesso (denominado pelo próprio autor de plágio em bloco, embutido e difuso) Alasdair Gray buscou um formato próprio para apresentação do seu livro. Lanark não segue um histórico linear, apresenta inclusive um epilogo muito antes do final.
O livro principia no capitulo IV apresentando um cenário de mundo que oferece uma visão dark do inferno. Cidades com ambientes degradados onde o sol nunca aparece. O tempo não é mais confiável, pois foi reformulado. As pessoas são indiferentes, perderam a capacidade de amar. São acometidas por doenças estranhas que consomem suas humanidades transformando-as em dragões ou outras espécies – manifestações de doenças internas e sociais. Alguns personagens não sabem quem é ou quem foi, ou sequer se importam de como vieram parar ali. O protagonista então se denomina Lanark. A narrativa retrocede para o começo do protagonista revelando e interligando sua história ao artista plástico Duncan Thaw.
No epilogo o autor conversa com seu personagem principal tentando justificar ao seu protagonista o porquê de não premiá-lo com um final satisfatório: “Porque fracasso é popular Lanark, você é apático e lugar comum demais para ser interessante como homem de sucesso (...)”. O autor expõe diversas histórias que culminaram no mesmo fim tentando convencer o leitor para forma final do seu livro. Pura besteira, pois como mentor de sua própria obra e possuidor de toda licença poética cabe somente a ele construir ou descontruir sua história e nada o tornará isento de críticas.
Os personagens de Alasdair Gray são frios e não empáticos. O protagonista, enquanto Lanark é um indolente fracassado, e, enquanto Thaw carrega uma “imaginação neurótica aparada, construída como parte intrínseca do mundo que ocupa”. Ambos os “Eus” são completamente egoístas perdidos em si mesmo. O contexto da história é difuso e mal arquitetado. A narrativa é dispersa, tornando o argumento sem explicação ou sentido. O autor utiliza cenários, personagens ou ideias subtraídas de diversas obras céleres sem as palavras originais que os descrevem com o intuito de, talvez, enriquecer a sua obra. O tiro acaba saindo pela culatra, pois não representa nada para o leitor que não traz prévio conhecimento das obras plagiadas. Alasdair Gray terminou perdido em sua própria imaginação. Não recomendo!