Nossa Teresa

Nossa Teresa Micheliny Verunschk




Resenhas - Nossa Teresa


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ANA 25/06/2023

Obra potente. Belo narrador.
Um livro impactante sobre fé, suicídios, e algo mais. Um narrador interativo e rabugento, que te instiga a continuar. Uma obra que merece ser aprofundada. Micheliny Verunschk, além de ser uma excelente autora, tem uma luta clara contra históricos opressores e mostra isso em todas as linhas e entrelinhas do seu trabalho.
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Toni 10/06/2021

Leitura 34 de 2021

Nossa Teresa: vida e morte de uma santa suicida [2014]
Micheliny Verunschk (PE, 1972-)
Patuá, 2014, 192 p.

Há romances que nos conquistam pelas histórias que contam, outros tantos que despertam a curiosidade por uma premissa diferente. Há aqueles que se tornam favoritos por conta de personagens cativantes, e mais outro bocado a atrair leitores por seus temas necessários e inadiáveis. Em meio a tantas formas de nos seduzir pela leitura uma espécie de livro me atrai em especial: aquela em que o narrador rouba toda a cena ainda que nunca (ou quase nunca) dê as caras na narrativa, ou seja, com pouca ou nenhuma participação ativa nos desdobramentos do enredo. “Nossa Teresa”, primeiro romance de Micheliny Verunschk e vencedor do Prêmio São Paulo de Literatura em 2015, faz parte dessa última linhagem.

Ciente de seus leitores irritadiços, exigentes e/ou impacientes, quem conta a história de “Nossa Teresa” (um senhor de estirpe cabriolenta e revoltada, filho da galhofa do Machado e do desassossego saramaguiano) compõe a narrativa “como pás de terra sobre um vivo”. A vidamorte dessa jovem que tem visões de Nossa Senhora, realiza milagres e cujo suicídio é responsável por alçar o padre Simão da cidade de V. à cadeira de sumo pontífice da Igreja, é contada, portanto, como um espelho partido, em que “cada fragmento contém Teresa total, mas o ajuntamento de todos os pedaços nunca poderia dizer de fato quem ela é ou foi”.

Entrelaçando tempos, lugares e o gosto pelas verdades plurais, o romance mostra o jogo de poder por trás da religião em suas múltiplas faces, do sebastianismo ao terrorismo da jihad. Na prosa de ficção de Verunschk o tempo é raramente um elemento linear da narrativa, tanto no sentido do embaralhamento dos presentes quanto no da coexistência de temporalidades que se retroalimentam. Uma profissão de fé a nos lembrar que o traçado distintivo entre passado e presente não é absoluto e o trabalho do tempo, na verdade, é o de desestabilizar a distância entre memória e vivência, experiência e relato, verdade e elaboração. "Tudo", afinal, "é invenção ou reconstrução ou armadilhas difusas da congregação dos vários pontos de vista".
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Cassionei 06/12/2014

Um romance sobre o suicídio
No primeiro romance da poeta Micheliny Verunschk, Nossa Teresa – vida e morte de uma santa suicida, publicado pela Editora Patuá, o protagonista é o suicídio. Vocês, meus 2 ou 3 leitores, sabem que é um tema que me atrai.
Temos aqui a história de Teresa, uma menina cujo suicídio nos é narrado logo no início. Conhecida como Beata Teresa de V., consoante que denomina a cidade durante todo o enredo, ela é a padroeira dos suicidados. Apesar de cometer um pecado contra vida, era considerada como santa pelos fieis, por isso um Papa, Petrus II, está prestes a canonizá-la. Ambos viveram na mesma cidadezinha (por sinal, com altos índices de suicídios), ele sendo o orientador espiritual da jovem, quando era simplesmente o padre Simão. (Sim, habemus um papa brasileiro na história.)
Em alguns capítulos, outros suicídios são mencionados, num mosaico de histórias que preenchem o romance, inclusive com reprodução de bilhetes de suicidas guardados numa biblioteca imaginária cujo bibliotecário, se ela existisse, seria o próprio narrador do romance, um cego, assim como Borges: “O que significam a carta, o bilhete, a anotação feita às pressas, o diário, o poema, o testamento do suicida? Quantas tristes, curiosas, eloquentes, saudosas, raivosas mensagens se acumulam nas palavras finais daquele que nos deixa. Quanta culpa deixou de herança o seu suicida? (...) a regra diz que, caso se quisesse, poderia ser erguida uma Biblioteca de Babel com todas as mensagens desses náufragos”.
Um texto poético sem ser um poema, num enredo que se passa no futuro (ou numa realidade alternativa), porém distante da ficção científica, com reflexões filosóficas, no entanto avesso à teoria. Trata do suicídio, mas também de religião, fé, fanatismo, tabus. Um belo romance.


site: http://cassionei.blogspot.com
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