joaoggur 10/05/2024
Na parede da memória, essa lembrança
é o quadro que dói mais
Murakami é um escritor bem ruinzinho, mas sou fãzaço dele. Tenho de admitir que esse livro, apesar de seus pesares, conseguiu triturar cada pedaço de meu coração.
Tsukuru fazia parte de um grupo de cinco amigos (que, enquanto quatro deles tinham em seus sobrenomes uma cor, Tsukuru era simplesmente Tazaki, - o incolor), e de um dia para o outro, após falhas tentativas de se encontrar com seus então amigos, recebera a ligação de um deles simplesmente o informando que ele estava expulso do grupo.
De uma maneira um pouco Freudiana, este fato tivera um profundo impacto em sua vida. O livro acompanha Tsukuru em várias fases da vida, e a situação continua a voltar a tona em seu subconsciente.
Esta obra, mesmo possuindo todos os elementos de uma típica história de Murakami (música clássica; uma história que se passa na juventude; um clima lento, feito para o leitor digerir a história?), tem uma melancolia difícil de resumir numa resenha. Creio que seja sua história mais taciturna.
E, em contrapartida, os problemas de cadência atrapalham a imersão neste clima; há momentos em que sua escrita corre, e outros que ela se torna estagnada. E, se Stephen King fica marcado por escrever finais ruins, Murakami fica inevitavelmente lembrado por sua mania de inserir tramas adjacentes a história principal, que se observarmos friamente, pouco importam para o desenrolar da história.
Ame-o ou odeie-o, Murakami tem um estilo próprio, sempre o seguindo a risca. Tenho plena consciência que ele não é o melhor escritor vivo, - e mesmo assim, continuo seu admirador.