Antonio Luiz 15/03/2010
"Situacionista – Teoria e Prática da Revolução", reúne três dos textos mais influentes da Internacional Situacionista, grupo marxista libertário formado na França por intelectuais de várias nacionalidades que existiu de 1957 a 1972, praticamente fundou a “nova esquerda”.
Influenciou decisivamente o movimento estudantil, como testemunha um membro do grupo marxista libertário inglês Solidarity no texto Paris: Maio de 1968, oferecido gratuitamente no site www.baderna.org/maio68. Sua influência sobre os radicais de Seattle e Gênova é clara nos textos e panfletos do Reclaim the Streets e dos Black Blocs, publicados na coletânea "Urgência das Ruas", organizada por “Ned Ludd”. O pseudônimo homenageia o líder provavelmente imaginário dos protestos contra a mecanização que depredaram máquinas têxteis na Inglaterra de 1812.
A IS lutava pela “abundância apaixonante de vida”, pela construção consciente de situações culturais que permitissem a ampliação do ócio e o desaparecimento da divisão do trabalho. O nome do grupo, que nunca chegou a ter mais de dez membros nem se preocupou em recrutar militantes, ironizava as minúsculas organizações trotskistas que ostentam o nome pomposo de IV Internacional.
Enfatizando a importância revolucionária da cultura, atacavam o consumismo e a “sociedade do espetáculo” do capitalismo avançado, tanto quanto a idealização do trabalho e do operário pelas esquerdas tradicionais, petrificadas em rígidas fórmulas leninistas ou diluídas em reivindicações reformistas.
Palavras de ordem que continuam sendo lembradas nas canções e camisetas dos punks desde os anos 70, como também pela nova esquerda. O grupo alemão Krisis, conhecido no Brasil pelos escritos de Robert Kurz, é em grande parte sua atualização, assim como as alas mais radicais dos movimentos contra a globalização reeditam, de forma mais sustentada, os movimentos de 1968.