Henri B. Neto 07/11/2015Resenha: A Ameaça InvisívelEvolução... É com esta simples palavra que eu consigo traduzir a minha leitura de "A Ameaça Invisível", segundo volume da trilogia Anômalos, de Bárbara Morais. Apesar de ter gostado de "A Ilha dos Dissidentes", haviam vários pontos da história que me incomodavam bastante. Mas, para a minha surpresa (e alegria), a autora conseguiu não só sanar estes problemas como também me surpreender positivamente. E isto foi maravilhoso, pois quando comecei a ler o livro (despretensiosamente, no ano passado, e retomando ele esta semana), eu juro que não estava tão empolgado assim.
.Se no primeiro livro, a preocupação maior parecia ser estabelecer o universo da história para os leitores, como a questão da sociedade dividida entre a União e a República, e o raxa que os anômalos provoca nos dois estados tão distintos, desta vez Bárbara parece mais confortável para seguir com sua trama, adentrando mais em um plano de fundo político que dá um conteúdo muito maior à "A Ameaça Invisível". Comparado ao seu antecessor, sem sombra de dúvidas este novo capítulo da distopia pode ser considerado mais "parado". Entretanto, em nenhum momento pode se dizer que nada acontece. Pois, aonde deveria haver ação, agora nós temos jogos de poder, com uma linha tão fina separando os "mocinhos" dos "bandidos" que muitas vezes me perguntei de verdade quem era quem.
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E a situação não é nada boa para os Anômalos neste novo episódio. Alguns meses depois da malfadada missão protagonizada por Sybil e seus amigos, a tensão entre os "humanos normais" e os "mutantes" está gritante, graças à algumas (terríveis e arbitrárias) ações do governo da União. Pela primeira vez, a sociedade de Bárbara Morais me pareceu temível, suja, corruptiva... E isto foi maravilhosos para a história e para mim, como leitor. Cada novo desdobramento da trama originava milhares de respostas para elas, e eu adorei como a autora soube introduzir a sua mensagem política, mostrando-se bem mais "pés no chão" do que algumas outras distopias Jovem Adultas do mercado.
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Mas, talvez, a minha alegria maior tenha sido encontrar a Sybil que esperava conhecer desde de "Ilha". Se lembram do quanto eu reclamei da protagonista não parecer tanto assim uma refugiada no primeiro volume?! Então... AGORA sim a personagem me convenceu quanto à esta questão. Não só isto, ela lida de uma forma sensata na maioria das situações, até mesmo nas amorosas (e é engraçado perceber como a Bárbara Morais soube construir os "dilemas de relacionamento" entre a garota e Andrei, sem apelar para clichês do gênero, e sem deixar com que ele desviasse o foco da história principal).
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Enfim, estou muito feliz em ver o quanto "A Ameaça Invisível" é superior e mais maduro que o seu antecessor, e o quanto fiquei satisfeito com isto. Como eu disse no primeiro parágrafo, eu estava tão receoso com o que poderia acontecer neste volume, que deixei ele de lado durante um ano - parado no capítulo seis. Mas meus medos foram infundados. Bárbara Morais se mostra mais confiante ao nos contar (e dominar) a sua história, aprofundando mais a sua trama e conseguindo expandir de maneira bastante natural o seu universo distópico.
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Henri B. Neto
''Na Minha Estante''
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