Léo 27/05/2024
Que aventura, Pip, meu velho!
Há livros que, apesar de assustadores no começo (um clássico do XIX de 700 páginas!), se mostram muito menos intimidadores no decorrer da leitura. E que leitura! Em Grandes Esperanças, acompanhamos Pip, protagonista e narrador da história, um órfão que foi criado pela mão da irmã, como ela mesma gostava de dizer, e pelo marido dela, o honesto ferreiro Joe.
A relação entre Pip e Joe é a melhor possível. Além de ser um conselheiro, Joe é também um bom amigo e um confidente. Ao longo da narrativa, muitos outros personagens nos são apresentados – uns tão bons quanto o ferreiro, outros nem tanto.
Ao longo da narrativa, Pip cresce e, a partir de suas experiências, aprende lições que moldam o seu caráter. De um simples órfão e aprendiz de ferreiro, ele se vê, abruptamente, com grandes esperanças, quando é comunicado que um benfeitor anônimo pretende fazê-lo um cavalheiro. Essa notícia vira a vida de Pip de cabeça pra baixo, quase como se fosse atingido por ondas num mar que, até então, era calmo e previsível.
Para além das personagens cativantes e complexas e do estilo simples e objetivo, o que mais me surpreendeu nessa obra foi a habilidade de Dickens de atar todas as pontas soltas no final do livro. Cada detalhe apresentado e cada personagem que aparece vão ter importância na narrativa. Nada é por acaso e tudo está conectado.
É um prato cheio para qualquer leitor: tem mistério, crimes, reviravoltas, histórias de amor, as maiores maldades e as maiores bondades, e, principalmente, um arco de protagonista irrepreensível. Um espetáculo!