A cor do leite

A cor do leite Nell Leyshon




Resenhas - A Cor do Leite


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Fernando Lafaiete 29/11/2018

A Cor do Leite: Tranquilo no início, amargo no final.
**Projeto leituras conjuntas**

Tema do ano: Representatividade e problemas sociais na literatura.

Livro 9: A Cor do Leite - Mês: Novembro

******************************NÃO contém spoiler******************************

Fui avisado por amigos antes mesmo de começar a ler, que este livro é o tipo de livro 8 ou 80. Ou quem o lê acaba amando ou acaba odiando, tudo devido ao final que Nell Leyshon entrega. “A Cor do Leite” é o tipo de obra que não prepara o leitor para o que vem a seguir. Fica uma sensação esquisita no ar durante a leitura, mas não a sensação que deveria ser. Sei que o que escrevi parece estranho, mas se eu for além, posso acabar dando spoiler.

Nell Leyshon narra a história de Mary, uma garota de 15 anos de idade que mora com a família (pais, 3 irmãs e um avó deficiente físico) em uma fazenda no ano 1831. Ela tem uma deficiência em uma das pernas e não possui um relacionamento muito amistoso com os pais, que a maltratam e acabam vendendo-a para um pastor, que precisa de alguém para cuidar de sua esposa doente (claramente com depressão).

Toda a jornada desta personagem é narrada por ela mesma de maneira “epistolar. ” Como a personagem central não possui muita instrução educacional, o texto é entregue ao leitor repleto de erros... Frases que começam com letras minúsculas, pronomes oblíquos mal aplicados, e por aí vai. Algo muito semelhante com o que encontramos no clássico “A Cor Púrpura” de Alice Walker. Além desta famosa obra que me veio à mente enquanto eu lia, lembrei também de “A Guerra que Salvou a Minha Vida” de Kimberly Brubaker Bradley, que possui características semelhantes na concepção da história, principalmente no que tange a protagonista.

Curti o relacionamento de Mary com o avô paraplégico. O amor e carinho que um nutre pelo outro chega a trasbordar das páginas. Gostei também da personalidade da protagonista e de como a sinceridade dela é uma característica agradável de se ler.

Todavia, o desenvolvimento leva para um desfecho que nem sei o que de fato achei. Em um primeiro momento, achei desagradável, abrupto, desnecessário e depressivo. Após pensar um pouco, achei um final excelente, por ter trazido exatamente o que eu estava sentindo falta; peso narrativo. Depois de pensar mais um pouco... me fiz a seguinte pergunta: Gostei deste final? Na verdade, eu gostei demais do livro como um todo, mas o final me deixou com uma sensação esquisita. Me deixou com uma energia negativa, reflexivo e me sentindo depressivo. Algo muito parecido com o que senti quando terminei de ler “Precisamos Falar Sobre o Kevin” de Lionel Shriver.

“A Cor do Leite” me foi vendido como uma obra representativa por apresentar uma protagonista albina. Mas ele vai MUITO além disso e o albinismo é deixado de lado de maneira tão palpável, que muitas vezes chegava a esquecer que Mary possuía esta característica física. Isso praticamente não é citado e eu quase esqueço de citá-lo também, de tão apagado que este aspecto aparece na obra.

Amando ou odiando, acho que este é o tipo de livro que merece e precisa ser lido. Ele aborda muito bem uma questão interessante. No meio da injustiça, o que deve ser considerado justo ou injusto? Até onde o ser-humano é capaz de aguentar antes de tomar uma atitude extrema? Fica minha dica de um livro pesado, mas muito bom.
@bardoriano 29/11/2018minha estante
E essa resenha? Simplesmente amei.


Fernando Lafaiete 29/11/2018minha estante
Muito obrigado Miro... Fico feliz de saber que gostou. Que sábado chegue logo para debatermos esta obra, ainda tenho muitas coisas pra desabafar. Rrsrs


@bardoriano 29/11/2018minha estante
Que chegue logo, tbm quero. Kkkkk


Lãine Dual 30/11/2018minha estante
Eu não conhecia a obra é embarquei na leitura. Tem muito conteúdo a ser discutido, mas não recomendaria a leitura.
Aspectos que gostei do livro foi o cuidado na escrita, o cuidado da história que representa sim a personagem semi analfabeta escrevendo.
A forma com que se finaliza é terrível, assustadora para mim, a personagem foi resiliente por muito tempo, por muitos anos da vida, chegou ao seu limite. É um livro triste, traz sofrimento, anulação humana e esperança. Difícil falar e não soltar um spoiler.


Fernando Lafaiete 30/11/2018minha estante
Primeiramente... Muito obrigado pelo comentário Lãina. Eu indico este livro pelo debate e pelas reflexões que ele levanta. Mas concordo plenamente com você sobre o comportamento da protagonista. Durante a leitura eu tive as mesmas impressões. Esse é o tipo de livro que traz um final de fato terrível... Terrível de triste, terrível de depressivo e para muitos terrível de ruim. Eu ainda não sei o que realmente acho deste desfecho. :/


Lãine Dual 01/12/2018minha estante
Fernando super valeu. Aguardo o próximo.


Lãine Dual 01/12/2018minha estante
Bem isso. Qual o próximo livro? Gosto muito dessa troca, de conhecer novos autores, sair do comodismo, ver outros pontos de vista Participo de grupos presenciais e como disse adoro essa troca.


Fernando Lafaiete 02/12/2018minha estante
Então Lãina, em Dezembro no meu grupo não teremos leitura. Faremos apenas a votação do tema do próximo ano e montaremos a lista dos 11 livros do ano + 1 livro viajante. Se tiver em algum momento interesse em participar do grupo, fica o convite. :)


Lãine Dual 02/12/2018minha estante
Mandei msg pra ti..obg




@bardoriano 26/12/2018

Destruidor
Em 1831 Mary de quinze anos tem urgência em contar sua história. É a mais nova e junto com suas outras três irmãs, trabalham duro na fazenda do pai, que queria ter filhos meninos.

E com as próprias mãos, Mary vai relatar a vida dura e miserável na fazenda, trabalhando dia após dia, tendo um pai severo que só pensa nos lucros e sem poder tomar decisões sobre sua própria vida.

Enviada ao presbitério contra sua vontade, para cuidar da esposa do pastor que está doente, ela vai descobrir que a vida pode ser pior, pois ele a cada dia quer chegar mais perto.

OPINIÃO

Não sei lidar com esse livro, ele é tanto lindo e inspirador, quanto triste e revoltante. É narrado pela própria Mary, quase sem vírgula, todo em letras minúsculas, porém fácil entendimento, pois o texto tem estrutura de uma pessoa que não tem domínio sobre a linguagem.

Mary é simplesmente incrível e dona de uma língua afiadíssima, fala o que pensa. Apesar de ingênua e sem conhecimento e privada de tudo, ela é perspicaz e prática.

É deficiente de uma perna e isso não faz ela inferior, pelo contrário, a garota trabalha duro para caramba, deixa o leitor pasmo.

O amor que ela sente pelo avô que não anda, pula das páginas, é lindo demais o carinho, o cuidado que ela tem, ninguém da casa liga para ele, Mary sim. Ela aprendendo ler é outra coisa linda.

Durante a leitura, você sente um aperto no peito, tristeza, solidão, a vontade é de guarda Mary num potinho. Essa garota é foda.

Estava tranquilo demais, quando ela começa morar na casa do pastor, certas coisas começam acontecer, você começa surtar e tentar imaginar os próximos capítulos, mas garanto que você nunca vai está preparado para esse final.

Não espere aquele livro bonitinho na construção do texto, pois ele é simples, ou aquele enredo fodão, pois ele é foda e inesquecível na sua simplicidade e verdade que Mary quer passar. Ela tem urgência em contar suas atitudes.

Entrou para os favoritos. Lembrando que é meio pesado, apesar de não ser detalhista, e tem uma carga melancólica grande.

#resenhamaníaca
Alcione13 26/12/2018minha estante
Uma pena terem me preparado para o final. creio que deu uma perda do impacto que eu teria se não soubesse.


@bardoriano 27/12/2018minha estante
De toda forma espero que lhe conquiste. As vezes pode se surpreender... Kkkkkk


Alcione13 27/12/2018minha estante
Já li. Não surpreendeu por terem falado. Mas dentro do contexto fez todo sentido.


@bardoriano 28/12/2018minha estante
Ah sim. Realmente finais como esse não é bom ser falado. Que pena.


Alcione13 28/12/2018minha estante
Teria me impactado descobrir sozinha.
Mas amei a leitura.


@bardoriano 29/12/2018minha estante
Mas que bom que gostou. :-)


Alcione13 29/12/2018minha estante
=)




Malu496 03/06/2021

MEU DEUS
Não sei fazer resenha, mas sinto que tenho que deixar registrado isso

Caramba, que livro foi esse? fui com 0 expectativas e recebi algo extremamente pesado e que está me fazendo refletir e querer chorar ao mesmo tempo. Acompanhar a história da Mary me matou, a cada página que passava mais eu me sentia desesperada? aflita? nervosa? enojada? não sei
Foi uma experiência absurdamente incrível e desesperadora, esses últimos 30% acabaram comigo, não consegui dar menos de 5 estrelas, não consigo achar nada que me faça dar menos que isso, o que esse livro me fez sentir, o que ele mostrou, a forma como foi escrita me ganharam demais.
Recomendo MUITO, mas já vou deixar avisado que não é para todo mundo, ele apresenta uns gatilhos que podem deixar pessoas mais mal do que bem, então se for ler já tenha a consciência e conhecimento dos gatilhos contidos nele.

favoritado com certeza
My skin 03/06/2021minha estante
Ok, vc conseguiu conquistar meu interesse por esse livro, skksksk.


Malu496 04/06/2021minha estante
ksksksksk amei


Debby 18/08/2021minha estante
Quanto aos gatilhos, existe abuso sexual? Estou interessada em ler mas é um tópico sensível pra mim


Malu496 19/08/2021minha estante
sim, um dos gatilhos é abuso sexual ami


Debby 19/08/2021minha estante
Obrigada pela resposta


Malu496 20/08/2021minha estante
nddd ?




PorEssasPáginas 27/10/2014

Resenha: a cor do leite - Por Essas Páginas
Forte e sensível, belo e visceral, feminista e humano. Esses são apenas alguns dos muitos adjetivos de a cor do leite (sim, em minúsculas), de Nell Leyshon e da Editora Bertrand Brasil. Quando recebi esse livro como uma cortesia da nossa parceria com o Grupo Editorial Record, apesar de ter considerado a capa belíssima (aveludada, deliciosa de tocar) e a sinopse instigante, acabei deixando-o para depois, devido às leituras de parceria. Grande erro: a cor do leite é um livro para ser lido imediatamente, com urgência, e acabou se tornando um dos meus favoritos na estante.

O livro, narrado em primeira pessoa por Mary, uma menina de 15 anos, se passa em 1831, uma época na qual as mulheres não tinham valor algum. Mary é a mais nova de quatro irmãs, e o pai das meninas nunca as perdoou por nascerem mulheres. Ele as obriga a trabalhar na roça de sol a sol, sem descanso, e os dias se sucedem iguais, sempre cansativos, muitas vezes com castigos físicos. Mas Mary está acostumada com essa vida, aceita-a como sua com uma maturidade e resignação extraordinárias para sua idade. Sempre de cabeça erguida, Mary está acostumada a dizer o que pensa, até mesmo para o pai bruto, e por isso sofre toda sorte de castigos e humilhações, mas jamais abaixa a cabeça, apesar de ser obediente. A personagem mostra que há uma grande diferença entre obediência e submissão. Talvez sua única felicidade seja realmente as conversas e a companhia com o avô inválido, que tem a língua tão ferina quanto Mary, o que rende diálogos excepcionais durante o livro.

esse é o meu livro e eu estou escrevendo ele com as minhas próprias mãos. Página 7.

Essa é a primeira frase do livro e isso já diz muito sobre a obra e sobre Mary. Todo o livro é em letras minúsculas, repleto de erros de concordância, o que por si só demonstra a grande sensibilidade e competência da autora, que se colocou na pele de uma menina humilde e semi-alfabetizada que resolveu escrever sua história com próprias suas mãos. Em uma época onde as mulheres não tinham voz, a escolha narrativa é brilhante e extremamente significativa: Mary, a corajosa, honesta, direta e afiada Mary, assume a tarefa de escrever sua história para, assim, dizer a verdade, sabendo que só ela poderia fazê-lo.

Mary é obrigada pelo pai a trabalhar na casa do pastor. É claro que ela não vê a cor do salário, que é integralmente repassado ao pai, e obviamente ela não tem escolha a não ser ir para uma casa estranha, afastando-se da família. Alguns podem dizer que isso foi bom para ela, afinal, ela tinha roupas limpas e comida quente na casa do pastor, e até mesmo a companhia amável da esposa adoentada do religioso, que acaba por nutrir um grande carinho pela menina. Mas essa não é a questão: o fato é que Mary não queria isso, simples assim. Ela queria continuar na sua casa, na sua cama, com a sua família, por mais que a vida fosse dura, por mais que as coisas não fossem perfeitas. Mas Mary não tem voz nem escolha simplesmente pelo fato de ser mulher. É claro, que, sendo uma menina de gênio e opinião forte, Mary obedece ao pai, mas não sem dizer tudo o que pensa, não sem lembrar a cada minuto ao pastor que ela não queria estar ali. E algumas vezes você até pensa que Mary é impertinente, que ela teve sorte, mas aí vem o livro e dá um grande tapa na sua cara.

às vezes é bom ter lembranças porque elas são a história da nossa vida e sem elas não ia ter nada. mas tem vezes que a memória guarda coisas que a gente não quer nunca mais ouvir falar e não importa quanto a gente tenta tirar elas da cabeça, elas voltam. Página 163

A obra é ao mesmo tempo deliciosa e dolorosa de ler. Deliciosa por ser repleta de cenas inteligentes e sacadas brilhantes, por Mary ser essa personagem incrível, complexa e real, que encarna a dor de ser mulher com maestria, que exala sabedoria em sua aparente ignorância. Dolorosa pela vida repleta de sofrimento e a dor pungente de Mary não ser mera ficção; e não é só por isso ter acontecido em uma época que já passou, mas sim por isso continuar acontecendo. É tolo quem pensa que as mulheres não são mais oprimidas, que não há preconceito, violência e rejeição contra um ser humano apenas por ele ser do sexo feminino, mesmo na nossa suposta época moderna. E aqui arrisco uma opinião pessoal: feminismo é essencial e, se você acha que não é feminista, pense de novo, ou será que você não concorda, por exemplo, que uma mulher pode e deve receber o mesmo salário que um homem se faz a mesma função que ele numa empresa? Bem, isso é feminismo, meu caro e minha cara. E a cor do leite é um livro feminista da primeira à última linha.

Leitura intensa e sensível, a cor do leite certamente emocionará até mesmo o leitor mais duro. Impossível não se impressionar com a jornada de uma personagem tão rica e extraordinária como Mary. Recomendo do fundo do coração que leiam; esse livro é capaz de mudar sua visão de vida e vai tocá-lo profundamente.

site: http://poressaspaginas.com/resenha-a-cor-do-leite
Jordana M. C. 11/12/2016minha estante
Feminista??? Então não quero ler. Pelamor, tem tantos livros ótimos onde é mostrada a realidade das mulheres no passado, inclusive na Idade Média!! Por que esses autores 'moderninhos' querem nos enfiar goela abaixo a visão DELES do mundo feminino??? Você já ouviu falar de Régine Pernoud? Pois acho que você devia ler (obs.: Não é uma autora de ficção, é historiadora). Leia, por exemplo, "A Mulher no Tempo das Catedrais" e "A Mulher no Tempo das Cruzadas". Verá que essa lenga de a mulher ser "oprimidíssima" pelos homens é uma bela lorota inventada e reinventada várias vezes, usando-se mil artifícios para "reforçar" o engodo. Pernoud explica que as mulheres eram muito respeitadas e tratadas com a maior gentileza pelos homens, sendo que algumas se tornaram famosas por sua erudição. As camponesas, é claro, tinham de trabalhar lado a lado com os homens, pois a vida de antigamente era assim mesmo... minha mãe também "trabalhou duro na roça" e nem por isso se sentia "inferior" ou traumatizada. ;)


Ana Alice 09/02/2019minha estante
Quem me dera as pessoas lessem o livro antes de emitir uma opinião preconceituosa e completamente equivocada. Aliás, ótima resenha.


Lu 26/04/2021minha estante
Desisti !




Ca Agulhari @literario_universo 24/03/2017

Pesado, triste.
Esse livro tem uma narrativa muito pessoal, própria, como uma carta, você pode não entender a escrita no começo mas ela fará sentido quando terminar de ler. A história é pesada, é cruel, é triste mas o pior de tudo é saber que ela tá longe de ser apenas ficção.
Helô 10/02/2020minha estante
Acabei de ler e gostei muito. ??


Ca Agulhari @literario_universo 10/02/2020minha estante
É pesado né?


Helô 10/02/2020minha estante
Muito!!




Eder Ribeiro 19/01/2017

Um livro brilhante e sufocante
Sensível e sufocante. Não preciso dizer mais. Recomendadíssimo.
Aline Natália 20/01/2017minha estante
Qro muito ler


Eder Ribeiro 21/01/2017minha estante
Leia, vc não vai se arrepender


Aline Natália 21/01/2017minha estante
Anotando a dica
Obrigada




Emily 23/07/2016

Um tapa na cara!
Esse livro surgiu na minha vida meio que por acaso. Estava zapeando um dos grupos literários que participo no Facebook e uma das participantes dele queria recomendações de livros leves, pois “a cor do leite” havia deixado ela com a famosa ressaca literária. Na hora eu me questionei sobre o que teria de tão especial nessa história. Resolvi pesquisar um pouco mais sobre e dias depois efetuei a compra. Eu estava mega curiosa sobre o que ele traria para mim. Até então eu só havia lido resenhas positivas e estava ansiosa para começar a leitura. Apenas quero ressaltar uma cosa: este não é um livro como qualquer outro.

A narradora que vai nos acompanhar durante o enredo é a Mary. Ela é uma menina de quinze anos, com deficiência em uma das pernas e que tem pressa em contar o que lhe aconteceu. Lembrando que o ano é mil oitocentos e trinta e um, ou seja, naquela época as mulheres não tinham uma voz ativa na sociedade. Suas vidas eram regidas pelos homens. Mary vivia com o pai, a mãe, três irmãs e o avô. O pai não deixava as filhas irem para a escola, fazia com que elas trabalhassem duro. Dias após dia. E ainda as humilhava, falando que devia ter tido filhos homens. Afinal, ele era o pai, ele podia tudo naquela casa.

Porém, apesar das circunstâncias, Mary gostava da vida no campo, do contato que tinha com a natureza e os animais. Tentava enxergar um lado positivo. Até que seu a manda para a casa do pastor da igreja. A mulher dele está muito doente, e Mary terá de ajudar a cuidar dela e encarregar-se de alguns afazeres domésticos. Sua companhia traz para a patroa uma luz que ela não via há muito tempo. Mary não tem filtro quando o assunto é falar, então ela diz tudo o que vem à cabeça. Doa a quem doer. E a sua sinceridade me fez apaixonar ainda mais pela personagem.

O somatório apresentado pela autora é genial. Desde as letras todas minúsculas usadas na diagramação, até a linguagem rústica da Mary. No meu caso não foi nada difícil me habituar a esse jeito, entretanto para você talvez seja. Por isso não se preocupe, com passar das páginas tudo vai se encaixar. Eu me envolvi com cada palavra, mesmo as mais duras. Nell Leyshon criou uma obra prima.

Uma salva de palmas para a relação entre Mary e seu avô. Essa dupla protagonizou por muitas vezes os melhores diálogos de toda a narrativa. É algo puro, sincero e cheio de cumplicidade.

Eis aqui um dos diálogos entre essas duas figuras:

“quantos ovos tinha hoje, heim, senhorita?, ele perguntou.

não muito.

caralho. eles vão castigar as galinhas.

eles vão é me castigar.

você pode dar lavagem pra elas. dar mais comida. deixar elas mais gordas. elas vão botar mais ovos.

só dão lavagem pro porco.

rouba um pouco da dele.

fiz que sim. eu vou, mas ele é comilão pra caralho.

meu vô sacudiu o dedo. uma jovem dama como a senhorita não pode falar desse jeito, ele falou. fala direito: ele é comilão para caralho.”

O final é simplesmente de tirar o chão do leitor. Você está na ultima página, entende o que está acontecendo, entretanto ainda quer se agarrar a um fio de esperança e deseja que o livro não termine dessa forma. Sofri com tudo o que ela passou nas mãos de gente doente e sem um pingo de bondade. É como se a autora pisasse em cima do seu coração. Eu não consigo reunir palavras suficientes para descrever o quanto a história mexeu comigo. E acredito que nunca vou ter. Apenas leia a cor do leite. Uma das melhores leituras da vida.
Lucas 24/07/2016minha estante
sim


Nany 16/01/2017minha estante
Ótima resenha!


Emily 17/01/2017minha estante
Obrigada!!!




Mille Reis 03/01/2021

Pesado!
Recebi esse livro no box de dezembro do Skoob, resolvi que seria o primeiro de 2021. Nada sabia sobre ele e só posso dizer que foi pesado.
Fico aqui pensando que existe ?Mary? e ?Graham? pelo mundo até nos dias de hoje. Triste!
rachel__ 03/01/2021minha estante
Já coloquei na minha lista para ler!


Larisse 07/01/2021minha estante
Também recebi pelo Skoob e fiquei triste. É bem pesado mesmo, eu esperava que no fim ela tivesse um final mais feliz. :(




ViviGreg. 21/02/2023

Livro muito bom, a escrita te prende, é fluída e tranquila de ler, apesar de não ser uma história nada leve. Retrata muita violência física e verbal, estupro, machismo e meio que uma certa escravidão. É bem pesado e causa certa aflição e angustia, te faz desejar o melhor pra personagem principal, esperar que ela tenha um final o mínimo decente e feliz, já que ela é apenas uma menina de 15 anos, inocente, curiosa, faladora e sincera. Eu gostei muito desse livro, apesar dos pesares, é uma história realista e muito boa, mas, meu Deus, meu coração ficou minúsculo com esse final.
Michul 21/02/2023minha estante
engoliu o livro em menos de um dia


ViviGreg. 21/02/2023minha estante
Mas era curtinho kkkkkk




Queila.Noemi 19/10/2021

Que triste a vida da Mary, de suas irmãs, sua mãe e seu avô. Todos vivendo debaixo da chibata do pai dela. E quando parece que as coisas iam melhorar para ela, a patroa morre e tudo desanda. Triste.
Cinara... 21/10/2021minha estante
Aqui foi um sinal???? faz tempo que estou compro ou não compro, comprei agorinha que vi no seu skoob?


Queila.Noemi 23/10/2021minha estante
Você vai gostar, é muito bom.




spoiler visualizar
Iza Macharette 10/12/2021minha estante
Mas no livro explicava ,que ela estava escrevendo o próprio livro ,eu consegui entender porque ele era escrito daquele jeito.




Ju Oliveira 13/08/2014

Excelente!
a cor do leite, assim mesmo, tudo em letras minúsculas, foi um livro que me surpreendeu muito. ao ler a sinopse eu percebi imediatamente que precisava lê-lo. e com essa capa maravilhosa então, não pensei duas vezes.

mary tem 15 anos, mora em uma fazenda com seus pais, suas três irmãs mais velhas e seu avô. mary nunca teve infância, pois desde que se lembra, é obrigada a trabalhar na lavoura, tirar leite da vaca, ajudar com os afazeres domésticos, enfim, ela só descansa quando dorme. e tudo isso com uma perna defeituosa, um problema de nascença. seu pai é um homem muito rígido, só pensa em dinheiro e se lamenta eternamente por ter tido somente filhas e nenhum filho para lhe ajudar no serviço pesado.

então, quando surge a oportunidade de enviar mary para a cidade, trabalhar como cuidadora da esposa do pastor grahan, que está muito doente, ele não pensa duas vezes. mesmo contra vontade mary vai, com a roupa do corpo e uma grande tristeza por ter que abandonar a sua vida. mesmo sendo uma vida dura e difícil ela não quer sair de perto de sua família. na casa do pastor mary fica admirada com todas as novidades que vê. coisas que ela nem sequer sabia que existiam. mesmo sendo muito bem tratada pela patroa, mesmo se alimentando como nunca antes, mary sente falta da fazenda, de sua vaquinha e principalmente de seu avô. mas ela não tem escolha, tem que ficar vivendo na casa do pastor grahan. com o passar do tempo ela acaba se afeiçoando a sua patroa e realiza seu sonho, aprende a ler e escrever, com a ajuda do pastor.

a cor do leite tem uma narrativa bem diferente, a começar com o texto todo em letras minúsculas. e a linguagem simples, quase infantil, comparado a uma criança recém alfabetizada, com que mary narra sua história é certamente o ponto alto da trama. ela tem uma grande necessidade de nos contar sua história, mesmo avisando que certamente vai nos chocar, ela precisa contar, nós precisamos saber o que de tão terrível aconteceu.

este é o meu livro e eu estou escrevendo ele com as minhas próprias mãos. nesse ano do senhor de mil oitocentos e trinta e um eu fiz quinze anos estou sentada perto da minha janela e posso ver muitas coisas. eu quero contar o que foi que aconteceu mas não posso ter pressa como os bezerros quando atravessam a porteira porque se eu for muito rápido eu vou tropeçar e cair e você vai querer que eu comece pelo começo. e esse é o começo…

mary é uma personagem incrível, forte, destemida, com uma língua afiadíssima, nunca fica calada, fala tudo o que lhe vêm a cabeça. Talvez por isso, seu desespero seja tão grande, quando as situações fogem do seu controle. e toda a sua vontade de pôr no papel o que lhe aconteceu, acaba causando uma certa desordem em “seu livro”, mas que eu me adaptei rapidamente, logo no início da leitura. e o que mary nos conta é comovente, é chocante, estarrecedor. o final é bem impactante, não esperava mesmo por aquele desfecho. fiquei extremamente tocada com o final surpreendente. uma história excelente que todos precisam ler. super recomendo!

site: http://juoliveira.com/cantinho/a-cor-do-leite/
Juliana Btt 19/11/2014minha estante
Ju e suas resenhas geniais.




akasaori 15/07/2021

Amei a escrita e o desenvolvimento todo, mas apesar de gostar de pra onde a história caminhou, eu gostei (?). kkkkkkkkk não tenho outro jeito de explicar, mas realmente esperava outra coisa pro futuro da mary. Amei acompanhar a jornada dela, narrativa incrível.
akasaori 11/08/2021minha estante
*apesar de NAO gostar de pra onde a história caminhou, tonta




Carolina.Inthurn 28/08/2014

Espetacularmente forte e emocionante.
"[...] tem umas vezes que eu tenho que ficar me lembrando que estou triste senão eu começo a ficar feliz de novo."

Recebi esse livro de surpresa da Bertrand Brasil (sou eternamente grata!) e não sabia o que esperar. A obra é recheada de críticas positivas e isso, juntando com um nome intrigante e uma sinopse angustiante, fez com que eu o pegasse para ler o mais depressa possível. Sem arrependimentos, escrevo pra vocês uma coisa: É o tipo de livro que deveria ter a leitura obrigatória. a cor do leite é cativante, único e forte. Me fez estremecer, chorar, gritar e acima de tudo, me comoveu.

Estão vendo que o título do livro é minúsculo? E as frases, depois dos pontos finais, também? Tudo isso é proposital. Mary (m.a.r.y soletradamente) é uma menina de 15 anos que vive numa fazenda com seu pai, mãe e três irmãs, e trabalha duro, mais duro que qualquer outra menina. Ela é quem vos escreve esse livro e por isso os erros e a falta de vírgulas. Uma singularidade de Mary é que ela é, digamos, língua afiada. Fala tudo que vêm a cabeça, sem pestanejar. Isso a torna diferente e ao mesmo tempo, cativante. Seu pai é extremamente rígido, se tem algum sentimento a autora não quis que os leitores soubessem... Faz com que as quatro irmãs trabalhem até o sol de pôr, mesmo a Mary, que possui uma perna defeituosa.

"às vezes é bom ter lembranças porque elas são a história da nossa vida e sem elas não ia ter nada. mas tem vezes que a memória guarda coisas que a gente não quer nunca mais ouvir falar e não importa quanto a gente tenta tirar elas da cabeça. elas voltam." (página 163)

Quando o pastor da cidade oferece dinheiro em troca de uma das meninas para que trabalhasse no presbitério, cuidando da esposa doente, o pai logo envia Mary. Desacostumada com o luxo e ficar sem fazer nada por um tempo, Mary não vê o lugar nada mais como uma tormenta. Sua mania de falar o que pensa cativa a todos na casa e logo a jovem é admirada, não a querem deixar ir e fazem de tudo para que sua estadia seja boa. Mas a urgência na narrativa de Mary é visível, ela tem algo a nos contar, algo importante e que está prestes a acontecer.

Como eu havia dito, Mary narra o livro inteiro. Sua pressa e desespero são completamente capitados pelo leitor, não larguei o livro até a última palavra. Como ela aprendeu a escrever há pouquíssimo tempo, os erros de pontuação são bem visíveis, mas nada que atrapalhe a leitura. Logo me acostumei com a escrita, que é fácil e hábil. O que essa menina tem para nos contar é chocante, o final é completamente devastador... O universo criado por Nell foi digno de ovação. a cor do leite deve ser lido por todos, eu recomendo quantas vezes for preciso, esse livro possui mais sentimentos do que parece caber em cada página.

"as pessoas nunca veem as coisas ruins [...] mesmo quando tá na cara delas. que nem o porco quando deita em cima da própria merda."


site: http://www.estantedasfadas.com.br/2014/08/resenha-cor-do-leite-nell-leyshon.html
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Lucas 30/01/2016

UMA OBRA-PRIMA. INCRÍVEL. PERFEITO.
Mary é um garota de 15 anos e de uma língua afiada pra caramba. Ela vive na fazenda com seus pais, suas quatro irmãs - cujo é a mais nova e tem um probleminha na perna - e seu vovô.

Desde pequena, ela e suas irmãs eram forçadas a trabalhar pra sustentar a casa. ÉPOCA: 1831. INGLATERRA. ENTAO O BICHO PEGA MESMO.

O pai dela é muito rígido, muitas vezes disse que preferia um filho homem ao invés de ter criado filhas. (ESSE HOMEM É UM NOJO. ESPANCAVA AS MENINAS MESMO E TAVA NEM AÍ. FILHO DE UMA PUTA. Mas...)
Mary é analfabeta e nunca teve que se preocupar com isso. Como sua família não tem tantas condições, Mary é uma pessoa que desconhece o luxo, as coisas e tudo o que ela nem imagina que existisse.

A única pessoa com quem ela tem mais afeição é com seu vovô. QUE DUPLA HEIN? É uma amizade que vai além de tudo. É verdadeira. O avô de Mary não pode andar e mora de favor com o filho - O coitado é considerado um fardo -, mas Mary é sua netinha favorita, sua amiga favorita e tudo mais. É EMOCIONANTE O ENTROSAMENTO DOS DOIS.

O livro é narrado pela própria Mary e escrito também. Ela aprende a ler, mas ainda não é o suficiente. O livro como é escrito por ela está repleto de erros gramaticais, não tem sinais muito menos travessões para sinalizar as falas. ISSO É INCRÍVEL. Eu consegui entender muito mais como ela se sentia do que se tivesse tudo certinho. GENIAL.

Mas, para ela aprender a ler, ela teve um caminho enorme. Um "preço". ARGH

Certo dia, O Sr. Graham fez um acordo com seu pai fazendo com que Mary fosse trabalhar na casa dele cuidando de sua mulher que estava muito doente. Depois de muita relutância, Mary começa a trabalhar e começa a gostar do ambiente - Principalmente da patroa doente que se tornou uma segunda mãe para ela. -. Até que sua patroa morreu e Mary ficou muito desesperada com tudo que aconteceu e queria voltar para casa mais seu patrão não deixou pedindo para que ela cuidasse dele já que seu filho Ralph - QUE ENGRAVIDOU A IRMÃ DA MARY E VAZOU FORA - tinha ido para faculdade.

Mary aceita.

E é ai que o negócio desenrola. O motivo pelo qual ela começa a escrever sua própria história.

O Sr. Graham faz part da igreja. Esqueci o cargo dele na instituição. MAS ENFIM
ELA FICA COM ELE LÁ
E ESSE CARA É UM MONSTRO UM NOJENTO

Mary após páginas e páginas nos explica tudo, TUDO MESMO.
CARA EU FIQUEI TÃO HORRORIZADO.

Minha cara tinha ido no chão e eu não tinha noção do que ia acontecer.
Se eu falar vai ser spoiler, então..

É UM LIVRO IMPECÁVEL.
Sobre o título: É a cor do cabelo dela. Acho que ela não conhecia a palavra "Loira'. Mas, enfim, título lindo.
QUE HISTÓRIA SIMPLES, COESA, EMOCIONANTE, ARRASADORA, CRUA, VISCERAL O CARAMBA TODO.

Um livro que já está entre os meus favoritos de todos. Me conquistou de um jeito tão impressionante que foram apenas horas para ler.

A sociedade desse tipo é totalmente machista e ler essas partes me deram um nojo tão gigante...
E O FINAL?
Parecia que estaca estava atravessando meu coração e saiu do outro lado.

Uma personagem forte, determinada, sem medo de nada e guerreira.
IMPECÁVEL.

"esse é o meu livro e eu estou escrevendo ele com as minhas próprias mãos." - Mary.

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