Caderno de um ausente

Caderno de um ausente João Anzanello Carrascoza




Resenhas - Caderno de um Ausente


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Brenda 13/04/2020

"é no silêncio que se pede perdão,
Bia, é no silêncio que podes descobrir nas tuas entranhas as minhas fragilidades, é nele,
no silêncio, que o nada se exalta, e a súplica se renova, e a opressão se dissolve, é no silêncio, Bia, que a memória resume as horas vividas, é no silêncio que o rio nos salpica o rosto com suas gotas, é no mais depurado silêncio que se irrigam os vazios, o silêncio, Bia, é que faz mais belo o luar, quietas são as carícias, as cores que calam na plumagem dos pássaros, as marcas na pele (embora abaixo dela a usina da vida continue a rugir sem cessar), é o silêncio que sempre sobra depois que a porta se fechou, é no silêncio que se mutilam as mentiras, que as cicatrizes se mostram, é no silêncio que tu sentistes o mundo pela primeira vez antes que a mão do médico estalasse em tuas costas pra que vomitastes o grito, é no silêncio que eu te inicio não no mundo, num caminho espiritual ou numa crença, é no silêncio que eu te inicio não num saber esotérico milenar, em jogos de ironia, em teoremas insolúveis, não, é no silêncio, Bia,
que eu te inicio em mim ? pisar no meu silêncio é o teu primeiro passo pra me conhecer ?, é no silêncio, filha, que eu te inicio em quem tu terás ? logo ? de assistir ao fim."
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Leila de Carvalho e Gonçalves 13/07/2018

A Imprevisibilidade Da Morte
Há pouco tempo, li uma matéria do Lucas Andrade sobre a prosa de João Anzanello Carrascoza. Não conhecia o autor e fiquei curiosa, a medida que na contramão da violência urbana e do homem em colapso, temas recorrentes na literatura contemporânea, o autor volta-se para experiências mais subjetivas, resgatadas do dia a dia, como as relações familiares tratadas com rara beleza e lirismo.

Para as devidas apresentações, escolhi seu novo romance, "Caderno de um Ausente" e mal havia iniciado a leitura, quando fui surpreendida com a notícia de que ele estava entre os três finalistas do Prêmio Jabuti de 2015. Indubitavelmente, uma conquista merecida para setenta páginas em que a delicadeza e a poesia tecem um precioso quadro de lembranças.

Nada mais óbvio para seu protagonista, um escritor cinquentão que decide presentear a filha recém-nascida com suas confidências, temeroso que não tenha tempo para contá-las no futuro. É a consciência da proximidade da morte que conduz a narrativa, mas é sua imprevisibilidade que marca o desfecho.

Confesso que sou difícil de me emocionar, mas "Caderno de um Ausente" conseguiu essa proeza. Foram inúmeros os trechos que grafei no ebook, singularmente, somados a um texto que apresenta uma diagramação ousada: espaços em azul (no livro, são em branco) que expressam não só as hesitações desse pai, mas o silêncio e o vazio que já ocupa sua falta.

Escrito na segunda pessoa do singular, que resgata um sabor pouco usual pelo hábito do "você", finalizo com um pequeno trecho:

"e, se um homem pode dormir salgado de mar e pela manhã se descobrir guardador de rebanho, e se um outro acordou inseto na mente de um escritor, e se dos dedos de uma pintora floresceu um abaporu, e se numa tela móvel irromperam formigas e um cão andaluz, e se campos e ramos e rosas pariram territórios imaginários, tu podes amanhecer tristeza, entardecer esperança e anoitecer sol..."
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Malphys 26/07/2021

Eu não esperava que essa leitura fosse me atravessar de tal forma. Meu primeiro do Carrascoza e já me apaixonei. Ele é intenso e vai no profundo do sentir. Caderno de Um Ausente nos ensina a entender e sentir a ausência de quem sempre viverá em nós em meio a um silêncio ensurdecedor que não conseguimos pronunciar. Lindo.
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Gezinha 25/03/2021

Observações sensíveis sobre a vida
É um livro muito simples, poético e tocante.
Me encantei com as frases, a construção das observações das cenas e fatos da vida diária, da família, suas histórias, a apreensão do pai que rememora os caminhos percorridos ao imaginar os caminhos que a filha percorrerá, quiçá, sem a presença dele.
É um livro de boas vindas e despedida.
Aquele livro pra descansar, ler num final de tarde, ou pela manhã, com o raciocínio ainda lento para um livro difícil. A mente vai despertando leve com essa leitura.
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Sabrina 02/05/2022

Primeiro da Trilogia do Adeus
Das coisas mais lindas e sensíveis que li este ano, o Caderno de um Ausente enche o coração com suas verdades ditas cheias de afeto e delicadeza. Amei a narrativa poética, é um livro pequeno, mas não desses que se lê em poucas horas, é pra ser lido com calma enquanto refletimos sobre nossa própria vida e história. Já vou emendar o próximo da trilogia.
Bruno236 10/05/2022minha estante
Concordo! Fui devolvê-lo hoje à biblioteca e fiz igual a você, já peguei o "Menina escrevendo com pai".


Sabrina 10/05/2022minha estante
Vc vai amar, tão maravilhoso quanto o primeiro ?




AnaLaura 26/04/2021

De pai para filha
Uma carta sincera, trazendo sentimentos, aconselhamentos e apresentando o mundo por várias perspectivas à filha recém nascida.
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Ly 24/03/2021

Sensível e profundo
?Nossa jornada, aqui,é única, a ninguém será dada a prerrogativa, salvadora ou danosa, da escrita?
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Antonio 28/04/2016

Presença em excesso
O pai da recém-nascida Bia sabe que terá pouco tempo com ela: a diferença de idade entre os dois é tanta que, fatalmente, a filha de João não usufruirá da companhia deste por muito tempo. De posse desta informação, o professor universitário decide escrever-lhe sobre a vida, sobre a memória, sobre a falta. E aí temos Caderno de um ausente.

É nítido nesta obra o esforço de seu autor, João Anzanello Carrascoza, de dotá-la de uma carga poética. Cada um de seus capítulos está carregado de imagens, metáforas e comparações que acabam por, infelizmente, fazer com que um leitor que não seja a personagem Bia se sinta um adolescente numa palestra motivacional.

O livro todo parece uma costura de frases sublinháveis, concebidas para serem marcantes, memoráveis cada uma delas. Um exagero.

Há ainda algo a incomodar: sem nenhuma justificativa social ou regional (a não ser uma distante ascendência espanhola), o narrador vale-se da segunda pessoa do singular para dialogar com a filha algo correto, claro, mas não usual. Pra que isso? Ficou forçado, artificial.

No final, uma personagem lateral durante toda a trama assume o posto central por conta de uma tragédia que sofre: mas não deu tempo de sentir empatia por ela e o evento perde força.

Trecho do livro:

(...) eu ia te ensinar por que de não em não o tempo se sacia de nós, o tempo nos nega os desejos e nos avilta os sonhos, por que não existe a terra prometida senão em nós (...) (p. 36)


site: leioedoupitaco.blogspot.com.br
Nanci 28/04/2016minha estante
Ótima resenha!
Também não gostei do livro, Antonio. Ao contrário dos contos (a maioria me conquistou), aqui Carrascoza errou nas medidas.


Antonio 28/04/2016minha estante
Pois é... foi uma decepçãozinha, né?


Flávia 23/08/2016minha estante
Gostei muito (mas muuito) do livro, mas tb gostei da sua resenha. Msm pq não gostei da obra como um romance. E sim como um gênero novo que acabei de inventar: a "auto-ajuda-poética".




Pedro HB de Melo 22/07/2020

Muito bom
Livro pequeno em dimensões e grande em todo o resto. A escrita do autor é coisa linda, as analogias te fazem parar e refletir por bastante tempo.
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Fabrício 22/07/2015

Primoroso.
Uma jóia de delicadeza. Pra ler ajoelhado.
Julyana. 22/07/2015minha estante
Não consegui gostar desse...


Fabrício 22/07/2015minha estante
Sério? Eu achei lindo!




Vi. 28/03/2021

Poesia que aquece o coração
A escrita poética do João deixou meu coração tão quentinho, que não conseguia para de ler. Livro cheio de amor.
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giuliambalestro 06/06/2021

??eu te amo? nem sempre é um incêndio, infinitas vezes é monotonia, o que vai do coração à língua perde muito de sua seiva no caminho, como a água é menos água entre o copo e a boca, o mel é menos mel no percurso do pólen ao favo? ?
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TatianaTati 28/03/2021

Somos finitos
Vai fundo no sentimental e na nostalgia. Adorei a escrita do Carrascoza, e o livro curto me fez imergir logo na narrativa e ser absorvida pela história sem ficar cansativo.

"[...] o fim sempre nos surpreenderá a meio caminho e, queira ou não, deixaremos sempre algo por fazer, uma casa no papel, uma roupa suja, um liquidificador no conserto ? porque a equação é simples, Bia, vida menos poesia igual vazio, pássaro menos canto igual angústia, você menos eu igual seu futuro."
Wilmar Junior 29/03/2021minha estante
Que lindo deve ser esse livro. Até o final do ano lerei ??




thaw 29/04/2021

Eu não tenho palavras a altura da beleza e da sensibilidade dessa obra e especialmente dessa escrita. Uma das coisas mais verdadeiramente e completamente belas que já li, o que João faz com as palavras merece todos os prêmios do mundo.
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Mama 22/07/2022

Singelo e lindo!
Uma história poética na qual o pai narra seu ponto de vista sobre a vida e os primeiros anos da vida de sua filha, pois como já tem idade avançada acha que não vai compartilhar muitos anos de vida com sua filha. Amei demais a linguagem do autor! Vale a pena a leitura, muito encantador!
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