Juliana Vicente 20/06/2014A sinopse desse livro me deixou louca para lê-lo, assim que chegou passei na frente dos demais da minha imensa pilha de leitura na expectativa de desvendar os mistérios por trás da queda desses aviões.
O enredo é repleto de personagens, tantas descrições e versões diferentes dos fatos que é preciso concentração para não se perder nos detalhes. Pamela é a primeira personagem que conhecemos, ela está viajando para o Japão para visitar a filha, nunca imaginou fazer uma viagem tão longa, ainda mais deixando em casa o marido e as responsabilidades com a congregação que faz parte. Quando o avião cai ela é a única sobrevivente, juntamente com uma criança, mas enquanto a criança está bem, ela por outro lado não tem muito tempo, só o suficiente para deixar uma mensagem intrigante que servirá como chave para o que vou chamar de “histeria coletiva”.
“Eles estão aqui. Eu…Não deixe a Sookie comer chocolate, é veneno para os cachorros, ela vai implorar a você… O menino. O menino, vigiem o menino, vigiem as pessoas mortas, ah meu Deus, elas são tantas… Estão vindo me pegar agora. Vamos todos embora logo. Todos nós. Tchau, Joanie, adorei a bolsa, Tchau Joanie, pastor Len, avise a eles que o menino, não é para ele…”
Últimas palavras de Pamela May Donald (1961-2012) pg:17
Poucas páginas foram suficiente para prender totalmente minha atenção e me fazer imaginar teorias absurdas, mas não consegui manter o mesmo interesse até o final. A autora intercala muitos personagens e situações, não consegui me ligar a nenhum em especial, fato que me fez demorar a concluir a leitura. Muitos capítulos são em forma de reportagem, ou descrições minuciosas do que aconteceu de errado para que os aviões tenham caído no mesmo dia. É como ler um livro dentro de um livro, repleto de compilações do que foi o maior acidente aéreo da história. O mundo todo busca a resposta e com a ajuda da mídia temos acesso a tantas teorias que no final me deixou completamente perdida.
Pastor Len surge com a teoria religiosa que servirá de estopim para os eventos finais do livro. Ele faz de Pamela uma espécie de “profeta” e dos acidentes um sinal do final dos tempos, as três crianças sobreviventes são vistas por ele como parte do mal a ser combatido e o incrível é que muita gente acredita nele. Através das descrições a autora consegue mostram o quanto as pessoas são facilmente levadas a crer em algo e como algumas pessoas se aproveitam do medo do próximo.
Quatro aviões caíram e somente três crianças sobreviveram sem nenhum ferimento. Milagre! É que todos imaginam, mas existe algo de errado, não são mais as mesmas de antes do acidente. Sem dúvida essa foi a melhor parte do livro, cheguei a ficar apreensiva e nervosa ao acompanhar a interação dessas crianças com os parente com quem vão viver. O engraçado é que mais para frente a autora levanta a dúvida se o que aconteceu foi algo realmente sobrenatural, ou queremos que seja assim.
Jess Craddock vai viver com seu tio Paul Craddock, ator pouco sucedido que ama de coração sua família. Muda toda sua vida para acolher Jess, assim ela não vai sentir tanto a morte de seus pais e sua irmã gêmea. Infelizmente Jess não sente falta de nada, pelo contrário, parece que ela só tem um objetivo e quando Paul descobre as coisas saem de controle. Pessoalmente acompanhar Jess e Paul foi a parte mais interessante e assustadora da trama.
Hiro Yanagida é o sobrevivente do voo em que Pamela estava, aparentemente ele está bem, mas ao voltar ele não se comunica mais com ninguém, pelo menos não de forma convencional.
Bobby Small vai morar com seus avós, seu comportamento também mudou totalmente, antes era uma criança impossível de lidar. Seu avô sofre de Alzheimer em estado avançado, então toda a responsabilidade e pressão ficaram por conta de sua avó. A presença de Bobby em casa permite que algumas mudanças incríveis ocorram.
Se a autora tivesse focado mais no aspecto sobrenatural eu teria curtida bem mais a leitura, mas ela escolheu focar na fragilidade humana. O que é necessário para fazer uma pessoa enlouquecer? A fé justifica tudo? É um livro com mais perguntas que respostas.
O final é uma incógnita, o destino de cada personagem é descrito, mas as motivações por trás do que aconteceu não ficou claro para mim, fato que me desagradou demais. Li e reli e só me restam dúvidas quando tudo que eu precisava era de esclarecimento. Pode ter sido só comigo, até espero que seja, assim alguém pode vir aqui e me dizer o que a autora quis mostrar. Se a intenção da autora é permitir que o leitor tire suas próprias conclusões,então, ela está de parabéns!
Dei duas estrelas no Skoob, mas vi muitos leitores dando 4 e 5 estrelas. Vou deixar que vocês leiam e tirem suas conclusões, eu só peço que voltem aqui e debatam comigo, preciso mesmo de uma luz.
site:
http://www.asmeninasqueleemlivros.com/2014/06/os-tres-sarah-lotz.html