Mauricio (Vespeiro) 05/04/2018Muito antes de Jack, o Estripador, o sangue já escorria nas ruas de uma grande capital europeia.Farol HQ é um selo da Editora Farol Literário. Em 2014, a editora lançou uma mini-coleção com quatro contos de Edgar Allan Poe em versões para HQ. São vários artistas fazendo as adaptações e ilustrações, sempre com a tradução de Cassius Medauar. Cada edição conta com 72 páginas, com ótimo acabamento, papel de excelente gramatura e uma impressão de altíssima qualidade que ganha destaque num projeto gráfico em que as cores são quase como personagens das histórias. Aliás, essa é uma característica digna de nota. Em “A Queda da Casa de Usher” (verde), “O Poço e o Pêndulo” (amarelo), “Assassinatos na Rua Morgue” (vermelho) e “O Coração Delator” (azul), as cores são exploradas de forma estratégica, carregando informações, alterando o clima e acrescentando elementos que dão suporte à narrativa. Os contos são, em geral, foram hiper-resumidos, deixando lacunas importantes, o que compromete bastante a profundidade do suspense, característica fortemente presente no estilo clássico de Poe.
Nenhuma cor seria mais apropriada que o vermelho para dar destaque aos principais momentos do sangrento “Assassinatos na Rua Morgue”. Foi com este conto, publicado em 1841, que nasceu o gênero policial moderno, pelas mãos do gênio Edgar Allan Poe. Nele já aparece a figura do detetive que se vale de filosofia e deduções certeiras para solucionar crimes insolúveis. Inspiração para Conan Doyle, Agatha Christie e outros escritores que criaram detetives memoráveis, Auguste Dupin investiga (como passatempo) um crime terrível: uma velha senhora e sua filha, moradoras da Rua Morgue (em Paris), são brutalmente assassinadas. A solução do caso é impactante e só poderia sair da mente prodigiosa de Poe. Auguste Dupin é um personagem pouco conhecido de quem não acompanha o gênero de terror e suspense. Além desse conto, Dupin aparece apenas em mais duas histórias do autor: “O Mistério de Marie Roget” e “A Carta Roubada”. Em 1981, a banda Iron Maiden faz uma homenagem ao conto com a música (ruinzinha) “Murders in the Rue Morgue”, terceira faixa do álbum “Killers”, o último com o vocalista Paul Di’Anno que seria substituído por Bruce Dickinson.
Com o fundo das páginas em preto e os tons de vermelho revelando pistas importantes para o leitor, Carl Bowen e Emerson Dimaya deram forma ao melhor dos quatro volumes da série. Apesar de resumida, a história foi bem contada.
Nota do livro: 6,83 (3 estrelas).