yurinsct 25/05/2024
Conrad: Luz e Sombra
Em "Coração das Trevas", de Joseph Conrad, a jornada de Marlow pelo rio Tâmisa é uma metáfora significativa. A aventura começa e termina no mesmo rio, sugerindo que o "coração das trevas" pode ser tanto a selva africana quanto a própria Inglaterra, um lugar de moralidade duvidosa.
A ida de Marlow pelo rio é cheia de surpresas e dificuldades, enquanto a volta é mais simples e previsível. Isso reflete a complexidade da descoberta e a facilidade relativa de voltar ao normal.
Um dos grandes dilemas de Marlow é sua posição ambígua em relação à colonização. Embora ele apoie a ideia de expansão imperialista, critica fortemente a brutalidade do método belga, representada por Kurtz. Kurtz aparece como uma figura divina, um símbolo do melhor da Europa, sendo filho de pai inglês e mãe francesa, representando os valores europeus da época.
A leitura do romance é sinuosa e fragmentada, pois Marlow frequentemente narra com base em relatos ouvidos, resultando em uma narrativa imprecisa e confusa. Esse estilo narrativo torna a leitura um tanto cansativa e nebulosa, cheia de descrições rápidas e caóticas que criam uma sensação de incerteza e sonho.
A narrativa do livro é ambígua e cheia de incertezas:
- Não segue uma linha do tempo linear.
- Não é claramente colonialista, nem completamente anticolonialista.
- O racismo está presente.
- Nos cobre com uma narrativa que se complica
Talvez de primeira eu teria lido o livro como uma completa aversão ao autor por escrachar a colonização em nossas caras, porém em minhas aulas de teoria literária tive diversos debates, e chego na conclusão que a forma esta acima do conteúdo.
No início do livro, antes de Marlow assumir a narrativa, Conrad sugere que o significado da história está mais na forma como é contada do que no conteúdo em si. Isso indica uma experiência de leitura que desafia a clareza, refletindo as complexidades e contradições do imperialismo. "Coração das Trevas" propõe uma experiência de confusão, onde a verdadeira escuridão pode estar tanto no coração da selva quanto no centro da própria civilização europeia.