Hiroshima

Hiroshima John Hersey




Resenhas - Hiroshima


91 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7


Craotchky 06/10/2023

Dualidades
Hiroshima, de John Hersey, fez com que eu me sentisse mal; mas talvez não pelas razões que você possa estar pensando... mais adiante no texto me explicarei...

A obra está imbuída ao menos de duas dimensões: uma delas é a dimensão histórica e a outra é a dimensão do enfoque. Historicamente é inegável a relevância do livro. Foi a primeira reportagem a ganhar uma edição inteira da revista The New Yorker e sua tiragem de 300 mil cópias esgotou em poucas horas. Posteriormente, o texto foi narrado na íntegra em rádios. Não demorou muito para o trabalho se converter em livro.

Na outra esfera, ao adotar um enfoque nos sobreviventes e seus relatos, o autor fez com que o evento da bomba atômica pudesse ser associada a alguma pessoalidade. A humanização da catástrofe através de uma abordagem intimista (no que se refere a conteúdo, mas não em forma narrativa) tornou mais palpável a dimensão do incalculável impacto da bomba atômica na vida das pessoas afetadas, bem como outras consequências humanas decorrentes dela.

Enquanto a dimensão histórica é incontestável e a escolha de abordagem foi pioneira ao humanizar o acontecimento, a disposição narrativa adotada por Hersey foi emocionalmente distante, uma vez que o texto se trata de uma reportagem jornalística. Aliás, a consciência de que o texto é uma reportagem, e que portanto não foi originalmente pensado em formato de livro, é fundamental para compreender os motivos da parca contextualização histórica e aprofundamento biográfico das pessoas retratadas.

Essa característica do texto, de uma narrativa emocionalmente distante, (não estou criticando, estou apenas constatando) não me proporcionou um movimento de empatia. Para mim, a leitura teve um caráter didático: assimilei conteúdos históricos, aprendi um pouco sobre como foram aqueles dias para aquelas pessoas, o quanto a cidade foi destruída e as curiosas implicações da cultura japonesa na forma com que eles encararam algumas situações (exemplo: muitos tinham vergonha de ter sobrevivido).

Considerando todo esse contexto, finalmente posso confessar o que fez eu me sentir mal: foi justamente o fato de que no decorrer de toda a leitura não me envolvi emocionalmente, não fui emocionalmente impactado em momento algum, embora tenha, racionalmente, apreendido a magnitude da tragédia. Atribuo isso à distância emocional que caracteriza o estilo empregado. A narrativa é bastante objetiva e literal, se limitando em tão somente apresentar os fatos de maneira pragmática. Novamente: não se trata de uma crítica, apenas de uma constatação.

(A narrativa emocionalmente distante ao menos, porém, tem a vantagem de tornar o texto isento de qualquer inclinação, julgamento e interpretação do autor. O(A) leitor(a), portanto, é livre e independente enquanto consumidor de um texto que se limite aos fatos relatados, pretendida sem qualquer viés moral e/ou político.)

Como era de se esperar, a leitura me fez pesquisar e assistir vídeos sobre Hiroshima e Nagasaki, o que me levou a mais conteúdo assimilado. No fim, para mim, a leitura foi bem o que eu disse antes: didática. Não me provocou o movimento de empatia que era de se esperar. Agora fico eu aqui, me sentindo mal por não ter me sentido mal...

EXTRA:
"Ainda se perguntam por que estão vivas, quando tantos morreram. Cada uma delas atribui sua sobrevivência ao acaso ou a um ato da própria vontade - um passo dado a tempo, uma decisão de entrar em casa, o fato de tomar um bonde e não outro." - página 8.
Eis um trecho que me chamou muito a atenção. Aparentemente, nenhum dos seis sobreviventes da imensurável devastação atribuiu sua milagrosa sobrevivência a qualquer divindade. (Vale considerar que um era reverendo e outro era padre.)

(Adendo acrescentado após os comentário de dona Nathemocionalmenteenvolvida; adendo acrescentado para tentar explicar as razões pelas quais o fato de que a narrativa ter uma forma emocionalmente distante não é um "percepção" particular.)

Associadas ao livro Hiroshima vemos expressões como "relatos dos sobreviventes" ou "depoimentos dos sobreviventes". Por isso acho importantíssimo destacar que esses relatos/depoimentos foram coletados pelo autor que a partir deles escreveu a reportagem. Em essência essa reportagem é a reconstituição do que aconteceu. É fundamental ficar claro que os depoimentos/relatos dos sobreviventes não aparecem no livro. Assim o autor foi uma espécie de intermediário enquanto veículo que organizou, elaborou e publicou a história a partir dos relatos/depoimentos.

Entendendo isso, fica mais simples também compreender os motivos que o levaram a tecer uma forma narrativa emocionalmente distante. Caso os depoimentos/relatos fossem transcritos diretamente, falariam por si, e revelariam seu conteúdo aos leitores(as) de forma naturalmente direta, isto é, sem mediador. Como não foi o caso do livro, ao assumir a tarefa de reconstituir a história a partir dos relatos/depoimentos, o autor intencionalmente empregou uma forma narrativa que o permitisse ser o mais isento, o mais neutro, o mais cristalino, o mais invisível possível. Nas palavra dele mesmo na página 168 "assim a experiência do leitor poderia ser o mais direta possível".)
Nath 06/10/2023minha estante
No mínimo "intrigante" essa sua falta de "empatia".. ?

Quando vc falou na resenha que o texto do Hersey teve teor "emocionalmente distante" para vc, na sua percepção, um texto mais pragmático/didático, de novo, na SUA percepção, e por isso vc não conseguiu ter empatia e apego emocional pelos "personagens" REIAS as vítimas da primeira e ÚNICA bomba Atômica (sem mencionar Nagasaki, claro!) lançada contra uma grande cidade repleta de civis inocentes incluindo crianças, mulheres, grávidas, idosos.,, me intrigou essa sua falta de empatia (para não dizer o mínimo!) ?..


Nath 06/10/2023minha estante
Faz pouco mais de 10 anos q eu li esse livro, eu realmente tive pesadelos e até chorei lendo. Talvez pela minha pouca idade na época (24 anos)! essa leitura tenha sido um baque muito mais nauseante do que se eu lesse hoje? (pois hoje me considero um pouco mais calejada em teor de sofrimento humano depois de passar pela pandemia de covid no Brazil DESgornada pelo lunático do Bolsobosta..)

Mas eu realmente lembro e ficou gravado a ferro na minha memória até hoje, especialmente a história da viúva com os filhos sendo destroçados pela bomba atômica em Hiroshima.

E tudo relatado por ela mesma ao autor, o Hersey.

Tenho certeza q a cena descrita no livro q me rendeu os pesadelos, (lembro muito) foram os sobreviventes nos minutos seguintes após a detonação, a grande maioria deles andando pelos destroços atômicos com os braços esticados estendidos para a frente porque a pele toda se desgrudava do corpo e ao esticar os braços a dor lancinantemente era um pouco menor.. lembro de ler outro sobrevivente rastejando nas cinzas enquanto segurava o próprio globo ocular do olho caindo do rosto nas próprias mãos enquanto o restante da pele desgrudava junto.. as pessoas se jogando no rio em chamas da cidade para tentar aliviar a dor do corpo em carne viva derretendo como vela quente.. tudo isso me deixou em choque!

só no ato da detonação da bomba, morreram 70 mil pessoas imediatamente vaporizadas no epicentro, só restando a sombra do corpo como um negativo fotográfico (hoje apelidadas de sombras da morte) no chão e nas paredes da cidade até hoje.. quem estava a 5 quilômetros do epicentro sobreviveu por algumas horas com a pele do corpo derretendo e vagando pelas cinzas como mortos vivos..


Nath 06/10/2023minha estante
E detalhe! Essa cena ACONTECEU e foi relatada pelos sobreviventes de uma grande cidade! Não foi um filme apocalíptico de terror, apesar de parecer substancialmente ?..

Enfim! Lembro q na época enquanto eu lia foi inevitável não me colocar no lugar dessas pessoas me imaginar nessa cena medonha de fim do mundo e não chorar.. sem dúvida uma experiência inimaginável que mata a "alma" mesmo dos que sobreviveram.. ?

Sobre "as curiosas implicações da cultura japonesa" que vc falou, sobre alguns sobreviventes terem vergonha de ter sobrevivido enquanto tantos morrerem daquela forma medonha na frente deles, realmente.. de fato, esse é um fator cultural japonês.


Nath 06/10/2023minha estante
Desde a época dos samurais, para os japoneses a honra é a maior de todas as dádivas humanas. E quando eles falam em honra não é como aqui no ocidente de só "honrar" pai e mãe, como diz o ditado ocidental, mas para eles honra é relativo a honra COLETIVA!

Exemplo! Se uma bomba atômica cai como caiu na deles, na sua cidade, e vc sobrevive dentre tanta dor de tantas outras centenas de pessoas mortas mesmo as que vc não conhece, seria uma desgraça e vergonha vc sobreviver e ter uma nova chance de vida enquanto tantos outros pereceram entende?

Para eles perecer junto com os outros é honrar aquelas mortes todas.. é esse o sentido de honra do japonês.

E até hoje é assim no Japão! Um exemplo prático dias atuais no Japão é a cultura do trabalho lá .

No Japão não exista feriado trabalhista até uns anos atrás, todos trabalhavam todos os dias sem excessão.. e só depois que varios trabalhadores se suicidaram o governo adotou alguns poucos feriados por lei, mas mesmo após a criação desses feriados as pessoas continuaram indo trabalhar mesmo nos feriados em respeito a quem trabalha na empresa.. saca? Ou seja, para eles não ir ao trabalho no feriado é considerado mal visto por eles mesmos, por não levar em consideração o coletivo geral.

Aqui no ocidente isso é totalmente inexistente, a sociedade aqui é ultra egocêntrica, capitalista, só prezando o próprio bem-estar, o outro que se d@ne ??

Enfim. Entendi em partes a sua impressão de leitura. Afinal, cada leitor, lê com a sua própria perspectiva de mundo.


Craotchky 06/10/2023minha estante
Cara Nathnociva, obrigado pela interação. Eu já contava com essa efusividade que a caracteriza.
Primeiro: no seu primeiro comentário você foi bastante enfática em sua opinião de que a narrativa ter um tom emocionalmente distante foi uma "percepção minha". Eu reafirmo que o conteúdo tem um teor que pode despertar emoções, mas que a forma narrativa empregada é totalmente avessa, e isso é intencional.
Peço que leia o segundo parágrafo da página 168 que demonstra que houve uma humanização da tragédia no conteúdo!, mas não no estilo. Nesta página 168 você lê "Ao optar por um texto simples, sem enfatizar emoções[...]". Nesta mesma página diz que o próprio Hersey escreveu que "o estilo direto foi deliberado". Então insisto: a forma narrativa é emocionalmente distante, e muito. O conteúdo é que pode despertar emoções.
É fato que a narrativa é emocionalmente distante, e intencionalmente, como o próprio autor parece sugerir na página acima mencionada. Porém eu deixei claro que eu não critiquei isso. apenas constatei o fato e supus que em decorrência desse fato o texto tenha soado mais didático e informativo do que algo com apelo sentimental. Além disso, essa distância emocional não é de todo ruim, como também tentei deixar explícito no meu texto.


Craotchky 06/10/2023minha estante
Segundo: não entendi a razão de você ter colocado a palavra Personagens entre aspas no seu comentário, como se eu tivesse pretendido ficcionalizar as pessoas. Em nenhum momento do meu texto eu usei essa palavra que você destacou com suas peçonhentas (hihihihihihihiihi) aspas. Usei "pessoas" e "sobreviventes".
Bem, quanto ao fato de você ter achado intrigante meu não envolvimento emocional tudo bem, eu mesmo fiquei meio mal por isso.


Craotchky 06/10/2023minha estante
Acrescentei um adendo ao meu texto, mas observe que foi um acréscimo, ou seja, não vou alterei nada que já estava lá!


Nath 06/10/2023minha estante
??? Me chamou de Nathnocivaaa!!
PETULANTE DESCARADOOOO!
Eu sou um DOCE de pessoa, a minha "peçonha" tem gosto de doce de coco .. ???? hihihih
Kkkkk


Nath 06/10/2023minha estante
Mas sériooooo!
Sei q vc não colocou aspas em "personagens",mas a forma como vc falou que não conseguiu ter empatia pelas pessoas sobreviventes durante a leitura me remeteu a sensação de q vc não "humanizou" de alguma forma na sua cabeça aquelas pessoas narradas, pois qualquer um q lê essa história VERÍDICA fica no mínimo abalado.. e finalmente entende porque o armamento nuclear é tão nocivo e letal para a humanidade.

Lembrando q as bombas nucleares de HOJE são 20 vezes mais potentes que as bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki.. e se fossem detonadas HOJE seria literalmente o fim do mundo!..

Aliás, o período da guerra fria entre os EUA (lançadores da bomba no Japão) e os Russos (antiga união soviética), foi justamente por esse medo da guerra nuclear em decorrência do fim do mundo.

Graças a Deus nenhum dos países envolvidos com ogivas nucleares tiveram coragem de detonar outra bomba nuclear contra um país civil, justamente porque sabem que tal gesto acarretaria no fim do mundo sucessivamente.
"Só" por isso, sem falar em dar voz e ROSTO aos sobreviventes, percebe-se a importância desse livro.


Nath 06/10/2023minha estante
Quanto ao seu acrescimento tardio, gostei!
De fato é isso mesmo!
O John Hersey não transcreveu os relatos dos sobreviventes literalmente no texto, ele na verdade teve um trabalho duplo brilhante ao reconstituir em texto de próprio punho mas mantendo os fatos verídicos narrados pelos personagens sem florear ou apelas para fatores sentimentais desnecessários, pois a tragédia em si já foi devastadora o suficiente sem precisar de qualquer apelação extra sentimental da parte do autor. Ao contrário do que a autora Svetlana Aleksevitch fez no Vozes de Chernobyl fez, no caso dela, ela "só" deu um "ctrl C ctrl V" cópia e cola nos relatos dos sobreviventes no desastre nuclear da Ucrânia.. ao meu ver, o trabalho do John Hersey foi muito mais brilhante exatamente pelo forma como ele escreveu os relatos dos sobreviventes.


Craotchky 07/10/2023minha estante
Como um texto jornalístico, a reportagem tem um caráter didático enquanto veículo de informação. O tom emocionalmente distante é totalmente compreensível em um texto que se pretende apenas transmissor de informação e conhecimento dos eventos narrados. Por trazer esse aflorado aspecto informativo, acabei lendo o livro de maneira similar que leria um texto didático. Quando você lê em um jornal uma reportagem de um horrível acidente, você até pode se envolver emocionalmente, mas será pelo conteúdo e não pela forma narrativa da matéria, que certamente terá um teor informativo apenas. É isso.


Paloma 07/10/2023minha estante
Amando esse embate de comentários kkkk... e os tratamentos (espero que "carinhosos") de um com o outro kkkk

Sobre o livro, a resenha do Felipe me deu até mais inclinação em ler ele um dia (tem na biblioteca do Sesc), pq sempre tive receio de não conseguir ler, de ser muito pesado, mas aí vem a Nath dizer que deu pesadelos kkkkk
Enfim, entendi o ponto dos dois. No fim das contas a gente ler com o que tem dentro, alguns conseguem se distanciar mais que outros (com ajuda ou não da forma de de narrativa). Obrigada aos dois pelo entretenimento ??


Craotchky 07/10/2023minha estante
Oi, Palominha! Obrigado pelo comentário sensato e equilibrado, pois tem gente por aí que vou te dizer.... é tipo dona Rozilda, do livro da Dona Flor: tem prazer em implicar!... hahahahahaaha
Seu comentário foi bem vindo: apaziguador e cheio de prudência. Quem dera certa peçonha, opa!, digo, certa pessoa seguir seu exemplo de comentário sem exagerado envolvimento emocional!....
Imagina você, Querida Paloma, que me vi obrigado a fazer um acréscimo no texto em razão de certos (ou errados hihihihihi) comentários! Coisa inédita! Primeira vez que tive que adicionar coisas em uma resenha por razões (não emoções) como essa!!!


Paloma 07/10/2023minha estante
???
E de fato achei estranho lendo a resenha que já tinha um adendo por causa de um comentário, fiquei logo intrigada ????


Nath 08/10/2023minha estante
???? PETULANTEEEEEEEEEEEEE!! Me chamou de "gente por aí"! ? e me comparou a dona Rizilda!!! ?
PETULANTE INGRATOOOOO!! E depois de me ESCULHAMBAR ainda chamou chamou a Paloma de "QUERIDA Palominha" ! (Gosto muito de vc miga, mas esse cara aí um PETULANTE. ABUSADO. NOCIVO.IDIOTA!)!) ???


Craotchky 08/10/2023minha estante
Hhaahhaahhahah
Conseguiu me fazer rir ao usar o excelente termo "esculhambar"! Ahahahahhha
Pobre dos outros idiomas que não têm uma expressão como essa!
E a Palominha é muito queridíssima, ora!


Nath 08/10/2023minha estante
Vai te CATAR!! ?? Pois eu ESCULHAMBO muito MAIS!!
Pois sou ariana do signo de Áries e sou arengueira SIM, dez vezes mais com mto orgulhooo ?????
Que coooisa PETULANTE!


Paloma 09/10/2023minha estante
Amo uma esculhambação de uma arengueira! ???


Carolina221B 13/10/2023minha estante
Agora deu vontade de ler também kkkkkk ?


Craotchky 13/10/2023minha estante
Vale a pena, Carol, se tiver oportunidade e principalmente vontade




caio_hlb 15/11/2023

Muito além de "Oppenheimer" e a história contada pelos "vencedores"
Livro que algumas pessoas me perguntaram o porquê de eu estar lendo e que, inicialmente, não tive resposta, "Hiroshima" é o relato das consequências da bomba atômica instantes após seu contato com a cidade que dá nome ao livro. A partir da perspectiva de 6 sobreviventes, o leitor testemunha as maneiras que a população encontrou para lidar com uma das maiores atrocidades causadas ao ser-humano por outro ser-humano.
Com uma linguagem que não busca romantizar ou exagerar de qualquer forma, o relato pode parecer para muitos impessoal, porém a crueldade do acontecido emociona e choca por si só. Qualquer tentativa de transformá-lo em ainda pior, sendo algo impossível, tenderia para talvez o sentimentalismo forçado e alguma campanha panfletária. Isso não quer dizer que a obra não emocione, o silêncio do autor após a descrição de uma cena aterradora diz muito mais para o leitor que, pela falta de apoio dentro do próprio livro, precisa seguir com a sua vida carregando a dor deste relato e imagem que não resolve-se. Fica para marcar e ser lembrando, assim como a esperança de não ser repetido.
Ao fim da leitura, a resposta de porque ler uma obra como esta é bem simples: para conhecer a história, não falar besteira e se solidarizar com a dor do outro, não permitindo a admiração de outro blockbuster americano estilo "Oppenheimer".
emmeline_ 15/11/2023minha estante
Falando sobre isso, n sei se vc já viu, mas a animação O Túmulo Dos Vagalumes do Studio ghibli, retrata sobre dois irmãos tentando sobreviver em meio a guerra no Japão. Esse filme é muito emocionante! Apesar de ser uma animação é baseado em uma autobiografia, retrata os horrores da guerra e o sofrimento das pessoas de forma marcante... Todos deveriam assisti-lo ao menos uma vez na vida.


caio_hlb 15/11/2023minha estante
Adoro esse filme!!! Só consegui assistir uma vez porque é muito sofrido, mas concordo com tudo que você disse




Maiara.Alves 23/03/2021

Profundo, triste, real
Publicado em 1946 pela primeira vez como artigo na revista The New Yorker, depois em formato de livro, o artigo teve um impacto imenso no seu tempo. Ele reconta o que aconteceu na cidade japonesa de Hiroshima a partir dos minutos anteriores a explosão da bomba atômica às 8h15m do dia 06 de agosto de 1945, pelo relato dos dias, semanas e meses subsequentes de seis sobreviventes.

O poder da bomba foi tal que em Hiroshima, uma cidade de 245 mil habitantes, 100 mil morreram nos primeiros minutos e dias após a explosão, e outros 100 mil ficaram feridos, dezenas de milhares gravemente.

O capítulo dois, "O fogo", creio que é o mais agonizante. Descreve o que ocorreu logo após a explosão. O desespero, as pessoas desconcertadas pelo que havia acontecido, o medo e a sobrevivência. É impossível não sentir tristeza por tanta dor descrita nessas linhas (assim como o livro todo, mas esse capítulo descreve cenas mais aterrorizantes).

O último capítulo, "Depois da catástrofe", mostra como a vida de cada um dos seis sobreviventes seguiu ao longo de 40 anos. Todos eles enfrentaram dificuldades extremas, nos primeiros anos principalmente. Com o tempo, alguns conseguiram passar por cima dessas complicações, mas outros conviveram a vida toda com doenças causada pela radiação da bomba.

A escrita de Hersey tem vida, pulsa, nada aqui é romantizado. Nos faz sentir dor pelo horror que os moradores de Hiroshima passaram naquele dia. Muito bem escrito e ágil como uma reportagem deve ser.

Uma leitura indispensável para tomar conhecimento, garantir uma reflexão e entendimento do que foi a bomba atômica e um lembrete de que uma monstruosidade semelhante jamais deve acontecer novamente,


Alê | @alexandrejjr 29/03/2021minha estante
Baita texto, Maiara.


Maiara.Alves 29/03/2021minha estante
Obrigada, Alê! :)




Evy 16/01/2009

Você é capaz de se transportar para o dia, a hora, e o local exato da explosão.
comentários(0)comente



Ana Figueiredo 10/03/2009

Relato memorável
Através da ótica de seis sobreviventes John Hersey nos transporta para aquele dia fatídico de 1945 quando uma bomba caiu na cidade de Hiroshima e vitimou aproximadamente 100 mil pessoas. O relato dele é tão incrível, tão chocante, que nos faz visualizar as cenas. Apesar da história ser triste, Hersey construiu um livro de jornalismo literário que nos instiga ler o mais rápido possível até a última página.
comentários(0)comente



Janus 19/04/2009

A vida de quatro pessoas desconheçidas, mostradas minutos antes da queda da bomba. O sofrimento e a dor dos que sobreviveram e as sequelas deixadas em cada pessoa e em um País que foi assolado por um terror feito pelas mãos humanas.
comentários(0)comente



Jukis 12/06/2009

Reportagem especial que John Hersey escreveu para a revista americana The New Yorker. Hersey conta, através da vivência pessoal de seis personagens, o que ocorreu em Hiroshima depois do lançamento da bomba que matou mais de 140 mil pessoas. O relato detalhista e chocante,foge do sentimentalismo já que os fatos já são suficientes para segurar o leitor.
comentários(0)comente



Inácio 17/02/2010

Hiroshima - resenha original do Caótico (www.caotico.com.br)
Chorei várias vezes enquanto lia Hiroshima. E olha, que naqueles primeiros anos do século XXI, eu ainda tentava posar de racional e nem era tão chorão quanto sou hoje.

A soma de todos os Globo Repórter, das reportagens especiais nas datas redondas da explosão atômica e dos documentários da TV a cabo não dá nem a metade da qualidade narrativa, emoção e sensibilidade do texto de John Hersey. A primeira parte do livro foi publicada originalmente como reportagem na edição especial da revista New Yorker um ano depois da bomba.

O livro foi o primeiro de uma coleção intitulada Jornalismo Literário no início dessa década. Lembro que folheei o exemplar numa livraria de shopping e fiquei impressionado, imaginando um repórter percorrendo as ruas destruídas de Hiroshima e conversando com pessoas que sobreviveram ao crime contra a humanidade cometido pelos Estados Unidos.

No final das contas, o método de Hersey é praticamente aquilo que, um dia, já foi o be-a-bá do jornalismo. Ele foi ao local dos fatos, conversou com as pessoas que sofriam as conseqüências do fato e contou tudo, respeitando a dor das pessoas que ouviu e aquilo que viu. Depois de escrever, sua alma deve ter se aquietado um pouco.

A leitura de Hiroshima leva a sentir o peso da responsabilidade que caí sobre um repórter ao escutar relatos como aqueles, transbordantes de dor e sofrimento inimagináveis. Quem se dispõe a escutar, precisa estar consciente de que assume o compromisso de traduzir, de passar adiante, o que ouviu, viu e o que as pessoas sentiram. E também o que sentiu.

E Hersey sofreu, não tenho dúvidas disso. Se não sofreu, porque ele voltaria lá, quarenta anos depois, em plena década de 80, para descobrir qual o destino das seis vidas que desnudou em 1946?

Ele sofreu e faz sofrer quem de dispõe a ler seu texto, leve e fácil, capaz de contar histórias duras e difíceis.

Além da linguagem clara, Hiroshima contém outro recurso que prova que Hersey era bom todo. Os seis relatos são apresentados em fragmentos intercalados. Ora você está lendo o testemunho do médico Fuji, em seguida é o jesuíta Klinsorge, depois o pastor Tanimoto e por aí segue, até Fuji entrar em cena novamente. Esse recurso garante a sensação de simultaneidade, de que as coisas aconteceram ao mesmo tempo, como realmente foi.

Na verdade, o que Hersey fez foi Jornalismo. Não entendo a razão de juntar o adjetivo literário. Minha hipótese é que criaram esse rótulo para que continuemos a chamar de jornalismo as baboseiras publicadas nas revistas, nos jornais e transmitidas pelos telejornais.
comentários(0)comente



Mi Cherubim 15/02/2011

Hiroshima
Esse é um livro de John Hersey. Um livro de jornalismo literário. Um relato, ou melhor, uma matéria produzida para a Revista The New Yorker que rendeu esse livro.


Um conto de 6 personagens sobreviventes ao massacre da Bomba Atômica que devastou Hiroshima em 6 de agosto de 1945. Mais precisamente às 8h15 do horário do Japão.


Com uma narrativa envolvente, essa matéria rendeu frutos ao seu escritor e aos leitores uma amostra da dor do povo japonês. Os personagens do livro são:


Srta. Toshiko Sasaki
Dr. Masakazu Fujii
Sr. Hatsuyo Nakamura
Padre Wilhelm Keinsorge
Dr. Terufumi Sasaki
Reverendo Kiyoshi Tanimoto


Essas pessoas traduziram o que foi estar em Hiroshima quando o cogumelo apareceu. “CALOR”, “FOGO”, “DESTRUIÇÃO”, “MORTE”, “SEMI-MORTE”, “SOBREVIVENTES”, “CARNE-VIVA”, “PELE DEIXANDO O CORPO” são alguma TAG’s que posso deixar sobre o livro.


Nota da Milena: uma obra jornalística que deveríamos ter mais, principalmente, aqui o Brasil. O New Journalism foi introduzido no Brasil para que possamos enxergar e entender de uma forma mais humana um relato, pois para se fazer essa matéria demorou no mínimo um mês para conversar com as pessoas e ter a confiança delas para contar suas histórias. Coisa que no jornalismo imediato que vivemos será impossível, por ser uma notícia fria e não um caso como desastre ocorrido no dia! Alguns títulos de jornalismo literário que são maravilhosos:


A SANGUE FRIO - Relato verdadeiro de um homicídio múltiplo e suas conseqüências
HIROSHIMA
O LIVRO DAS VIDAS - Obituários do New York Times
A MILÉSIMA SEGUNDA NOITE DA AVENIDA PAULISTA - E outras reportagens
RADICAL CHIQUE E O NOVO JORNALISMO
O SEGREDO DE JOE GOULD
STASILÂNDIA
A história verdadeira
Rota 66
comentários(0)comente



marimoraesol 29/05/2024

Pesado porém necessário de conhecer
O livro possui uma descrição muito vívida dos fatos. Eu tinha assistido um documentário (Luz Branca/Chuva Negra) sobre outros sobreviventes que, assim como os do livro, ajudam a compreender os danos da bomba nuclear de forma mais humana. Muitas vezes ao falarmos apenas: "milhares de pessoas morreram" não traz tanto impacto como o relato de apenas 6 pessoas que vivenciaram a tragédia.
comentários(0)comente



Gustavo 13/11/2011

O Romance-reportagem e a humanização do Jornalismo imediato
Resenho do livro Hiroshima, de John Hershey, jornalista que contextualiza o depoimento de seis sobreviventes à situação geral após o primeiro ataque norte-americano por bomba atômica realizado na história.

Depois de um trabalho de apuração com duração de seis semanas, John Hershey, autor do livro Hiroshima, levanta dados e detalhes meticulosos característicos da reportagem de imersão, possibilitando o transporte do leitor para a ótica dos sobreviventes e expressando com maior voz e humanidade se comparado ao jornalismo convencional. Conta um fato que todos já conhecem de modo que o leitor se aproxime dos dramas pessoas vividos pelos personagens reais.

A narrativa tem início com a rotina de guerra da população japonesa na época. Todos os “personagens” esperavam um possível ataque e estavam devidamente preparados a se refugiar em áreas seguras assim que a sirene soasse. A Mobilização, a cautela e a solidariedade eram gerais e se fazem notáveis no livro. Tudo era feito para evitar ao máximo uma grande quantidade de mortos e feridos em caso de ataque.

Mesmo com toda a destruição que atingira a todos, os sobreviventes se apresentavam solidários para ajudar os mais afetados pela bomba. “Como japonês, não suportava a vergonha de ter sido poupado (...) atormentado pelo sentimento de culpa, virava-se para a direita e para a esquerda e dizia a uns e outros: desculpe-me por não carregar um fardo igual ao seu.”

A realidade vivida por aqueles que resistiram à explosão e lutaram pela reconstrução da cidade em ruínas se faz tão próxima que possibilita o leitor compartilhar o sofrimento de cada um, mas que caracteriza o contexto vivido nos dias seguintes ao bombardeio. Hershey não poupa o leitor em suas descrições da tragédia, do sofrimento e do desespero pelos quais passaram os feridos e os ilesos que, muitas vezes não podiam ajudar por limitações como ausência de medicamentos e de leitos ou até pela grande quantidade de incêndios e desabamentos. “Nesse dia, os sobreviventes se limitavam a acudir os parentes ou vizinhos, pois não podiam compreender a extensão do sofrimento.”

O autor também faz um apelo para a demonstração do poder destrutivo da bomba atômica e para a perda de qualquer vestígio de glamour científico que pudesse ter quando destaca a confusão que se fez com o avião que a liberou com o que fazia a varredura meteorológica diária. Os ataques aéreos eram caracterizados por uma grande quantidade de aviões e por isso é que o alarme cessara, avisando à população que não havia possibilidade de ataques naquele momento, já que apenas uma aeronave rondava a cidade.

Nem as autoridades de Hiroshima e nem seus habitantes estavam preparados para uma catástrofe de tamanhas proporções. A bomba mais potente conhecida até então tinha poder explosivo duas vezes menor que do a usada e, além disso, não havia pessoas especializadas para cuidar dos feridos, alimento, água potável ou abrigos suficientes. Vários sobreviventes viram pessoas próximas morrerem ou permaneceram sem comunicação e, portanto, sem noção de perspectiva sobre quem estava vivo ou morto.

A narrativa apresenta angústia, emoção e sensibilidade mesmo mantendo a agilidade do texto, além de, em momento algum, desrespeitar os “Hibakusha” – termo mais neutro que significa “pessoas afetadas pela bomba”, para que não houvesse desrespeito aos mortos. A criação de vínculos de aproximação e identidade com os “personagens” tocam o íntimo do leitor e humanizam a reportagem literária, que é excelente, completa e se coloca bastante distante da frieza do jornalismo imediato.
comentários(0)comente



spoiler visualizar
comentários(0)comente



Carol 02/10/2012

Hiroshima
Enquanto li, pensei muito pouco nos aspectos técnicos em si, e apenas me envolvi com o livro.
John Hersey traz diversas vertentes do acontecimento, e isso coloca o leitor numa posição de entender não apenas o que os sobreviventes sentiram e viveram, mas todo o contexto da história. Há um panorama de como as grandes potências lidaram com a bomba; da maneira que essa tragédia foi e continuou sendo um jogo de interesses, em que se pensava pouquíssimo nos atingidos; da posição dos hibakusha com a situação em que se encontravam (e essa parte, para mim, foi uma grande surpresa). Além - é claro - da extrema comoção que causa, por um relato tão específico. Comoção essa que me fez, em alguns momentos, parar a leitura e ir fazer outras coisas, para tentar conter um pouco do choque.
Enfim, de qualquer maneira, vale a pena ler.



comentários(0)comente



Fer 11/03/2013

Relata a vida de pessoas que sobreviveram a bomba nuclear que explodiu em Hiroshima.
comentários(0)comente



Marina 19/03/2013

Acabei comprando a versão em inglês, mais barata, e, além da história linda, tive uma aula do idioma. Hersey envolve muito na narrativa dele, com frases longas e descrições muito detalhadas. Devo ter aprendido uns 50 adjetivos novos... A trama dispensa comentários. Ótima união entre história, jornalismo e literatura.
comentários(0)comente



91 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR