Paula 15/04/2014"Há uma pequena Julieta dentro de mim, esperançosa por encontrar o olhar do meu Romeu do outro lado de um tanque de peixes ou por entre o vão de uma estante de biblioteca. Ora, mesmo se fosse por entre a seção de temperos de um supermercado, eu juro que não ligaria" (p. 15)
Sienna, vinte anos, começou a trabalhar em uma editora há pouco tempo e sua vida anda bem corrida, mas isso não a impede de ser a garota divertida e sonhadora que é, nem de sair com suas amigas ou passear pelas ruas de Londres, tão estressantes na hora do rush, mas verdadeiramente mágicas quando é possível admirá-las.
"Mas, doenças à parte, voltar para um emprego razoável no qual eu estou há bastante tempo parece um pouco frustrante. E isso aliado ao fato de eu já estar com 27 anos. E solteiro. E Amélia não cobriu meu capacho com cartas que documentavam sua vergonha e arrependimento por ter me trocado por um de nossos colegas, como eu tinha certeza de que ela faria. Eu fantasiei que não conseguiria entrar em casa devido ao volume de cartas que ela poderia ter me enviado." (p. 26)
Nick é designer e um cara bastante atrapalhado, além de muito engraçado, do tipo que gosta de fazer brincadeiras e pregar peças em seus colegas de trabalho. Ele também está entrando na "crise dos trinta". Sua carreira chegou a um impasse, sua vida amorosa está em frangalhos e a maioria de seus amigos está se casando, tendo filhos ou partindo para uma vida mais significativa. Mas ele não perde o bom humor.
Sienna e Nick se vêem pela primeira vez no metrô, a caminho do trabalho, e como Nick estava de folga, mal sabiam eles que trabalhavam no mesmo lugar. Mas naquele curto espaço de tempo seus olhos se encontraram e Sienna podia jurar que aquele homem no metrô era o mais bonito que havia visto na sua vida (e era parecidíssimo com o seu ator favorito, Jake Gyllenhaal). Para Nick, a garota do metrô tinha algo de especial, era doce, discreta e absurdamente sexy.
Mas ela tinha que trabalhar no mesmo lugar que ele? Nick jurara que não namoraria nenhuma colega de trabalho depois do fracasso e humilhação que passara com Amélia. Já Sienna achou Nick bem imaturo para sua idade e, além disso, ele estava traumatizado, com o coração partido, não era uma boa ideia. Mas era inevitável, uma atração irresistível nascera desde o momento em que os dois se viram no metrô rindo de uma tirinha sobre um esquilo em um exemplar do Metro.
Nick e Sienna negam essa atração um para o outro, mas o sentimento que os dois sentem um pelo outro toma conta de seus corações e não há nada que os dois possam fazer, a não ser deixar uma amizade verdadeira nascer, não correndo o risco de arruinar essa conexão tão especial com intenções românticas mal direcionadas.
Em Esta é uma história de amor, acompanhamos a história de Sienna e Nick, que durante cinco anos criam uma amizade forte, bonita e verdadeira, cheia de altos e baixos e descobertas. Ambos se envolvem com outras pessoas, pedem conselhos um ao outro e, é claro, rola bastante ciúme, mas o que ambos querem é a felicidade do outro. Jessica Thompson criou uma história de amor diferente e divertida, com uma narrativa extremamente gostosa e jovem e os capítulos são contados pelo ponto de vista de Nick e Sienna, o que torna a leitura mais dinâmica. Ambos os personagens são super simpáticos, é impossível não se apaixonar por eles! Aliás, todos os personagens são especiais nessa história, como o pai de Sienna, George, que me fez derramar algumas lágrimas, e Pete, o sem-teto que sempre está no estacionamento da editora e com quem Sienna começa uma amizade.
Jessica também retrata muito bem o mundo dos jovens de vinte e poucos anos, seus medos e anseios, paixões, perdas, conquistas e as crises, claro.
Com diálogos divertidos e uma história cheia de amor, nos seus mais variados aspectos, Esta é uma história de amor é livro cativante, como pano de fundo Londres e o dia a dia de seus habitantes. Para quem gostou de Um Dia, de David Nicholls, vai se apaixonar por Esta é uma história de amor.
"Porque, sim, era hora de desistir. Vinha sendo mesmo um doloroso e longo fiasco. Uma grande "gafe", os jornais chamariam. Uma mancada. Um desastre total à altura dos grandes vacilos históricos. Nick era homem. Um homem bom, mas um homem. E os homens são criaturas altamente sexuais. Todos os meus amigos homens reforçam a ideia de que pensar sobre sexo ou assuntos relacionados a sexo era uma das cinco coisas que eles mais faziam todos os dias, vindo logo depois de respirar e um pouco antes de comer. Era um negócio muito sério. Eu sabia que isso era uma generalização, mas, se um homem gosta de uma mulher, ele não finge estar dormindo se ela coloca o braço em volta dele na cama." (p. 132)
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