Natan 15/09/2015Colin Fischer é um menino especialColin Fischer é um menino especial. Mas o quanto você entende sobre a palavra “especial”? Há muitos significados. Especial pode significar Algo com muita importância, fundamental para algo ou alguém, algo Peculiar a uma pessoa ou coisa, algo privativo, fora do comum, diferente, notável, excelente... São muitas as palavras, mas o ponto que eu quero chegar é: Se existe alguém que represente todas essas palavras juntas, é Colin Fischer.
Diagnosticado com Síndrome de Asperger, Colin tem 14 anos. Ao contrario do autismo clássico, os portadores de Asperger não apresentam retardo cognitivo ou comprometimento intelectual. Geralmente eles são conhecidos por terem dificuldade na sociabilização, atos motores repetitivos (tiques), padrões de pensamento lógico e interesses muito intensos e limitados por poucos assuntos. Muitos portadores possuem QI acima dos índices normais, o próprio Colin afirma no livro que ele possui um QI aproximado ao 150, sendo que o QI normal para os garotos de sua idade é 80-90. Assim os portadores costumam ser muito inteligentes, terem habilidade verbal muito desenvolvida e um vocabulário bem amplo.
O Ano letivo está começando e a única companhia de Colin é seu caderno onde ele anota quase tudo, a grande maioria é sobre as pessoas. Às vezes é como se Colin fosse um ser estranho investigando os humanos e seu comportamento “estranho” á sua volta.
“Wayne Connelly tem a força de três calouros do ensino médio. Alimentação e exercícios físicos? Investigar.”
Tudo está indo como o esperado, Colin passa a maior parte do tempo tentando entender o comportamento de seus “colegas” e tendo grande dificuldade em identificar as expressões faciais das pessoas, o que geralmente o deixa frustrado e precisa recorrer a seus cartões de memorização com expressões faciais desenhadas.
Uma briga causa tumulto e agitação no refeitório durante a comemoração de aniversário de Melissa, uma velha “amiga” de infância. Mal Colin sabia que a partir dali ele teria a chance de iniciar uma investigação “oficial” como nos filmes de Sherlock Holmes, personagem e tema que ele sempre foi fascinado. Colin se tornaria o Sherlock do seu colégio. O disparo de uma arma de fogo provoca medo e preocupação a todos. A arma suja de glacê deixada no chão do refeitório deixa os alunos, pais, a diretora e a policia local formulando diversas perguntas: Quem foi que atirou? De quem era a arma? Mas ninguém pensa como Colin, ele estava ali anotando tudo, ele não fugiu durante o tumulto, ele permaneceu, só ele sabe que o principal suspeito do “crime” come ordenadamente sem sujar as mãos, afinal, a arma estava suja de glacê. Agora, passando por cima dos seus traumas e saindo da sua zona de conforto, ele precisa provar que esse suspeito é inocente e precisa achar o verdadeiro “criminoso” que disparou a arma no refeitório.
Quando Peguei Colin Fischer para ler eu pensei que seria aquele clichê de sempre: “ah, deve ser mais um livro infanto-juvenil sobre um NERD que tem dificuldade de se enturmar no ensino-médio, que no final vai se tornar descolado e sair namorando a garota mais bonita do colégio.” Eu estava errado. Como o não-esperado, Colin Fischer é surpreendente, um livro pequeno, mas com uma grande história. A escrita de Ashley e Zack é ótima, cativante, te prende de um jeito que quando você se da conta, já está lendo a ultima pagina. Fiquei surpreso também com a quantidade de palavras formais que os autores usam, eu confesso que tive que pesquisar algumas no dicionário para ter certeza e compreender melhor a historia. Fiquei fascinado também pelo personagem, pelos seus tiques, sua rotina e sua forma lógica de pensar as coisas. É Incrível como Colin pega cada detalhe das coisas que ao longo do livro você vai percebendo como isso é legal.
O Tema abordado é genial, durante a leitura fiz algumas pesquisas sobre a Síndrome de Asperger. Eu queria compreender melhor a síndrome e chegar o mais perto de sentir o que Colin sentia. Achei muito interessante a forma como os autores trataram ela, mostrando para todos que a síndrome não é uma doença, mostrando todos os lados dela, mostrando como Colin apesar das circunstancias, dos seus “não me toques” e da sua dificuldade em interagir, ele é inteligente, curioso, um ótimo filho, um ótimo aluno e que trás muito orgulho para seus pais. Eu gostei muito também que a cada capitulo, Colin da uma breve introdução em primeira pessoa (O livro é em terceira), falando sobre dilemas, histórias e algumas curiosidades que se você prestar atenção serão abordadas de forma indireta ao longo do capitulo. Uma forma muito interessante de te deixar vidrado e entrar no clima investigativo de Colin.
Com Algumas citações muito bonitas, Colin Fischer te deixa pensando em diversas coisas que você faz no seu dia-a-dia, através do seu jeito de pensar e de suas pequenas lições de vida.
"Às vezes, obtemos respostas a perguntas que nunca pensamos fazer. E, às vezes, as respostas nos fazem desejar nunca ter feito as perguntas em primeiro lugar." - Colin Fischer
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