Luiz Pereira Júnior 18/05/2024
Um outro ângulo
Muito já se escreveu sobre as diferenças entre Ocidente e Oriente, sob os mais diversos ângulos, aspectos e discriminações. E alguns se tornaram – merecidamente – referência na área (cito “Orientalismo”, de Edward Said).
“O livro do chá”, de Kakuro Okakura, é um retrato da chanoyu, a cerimônia do chá, em que um anfitrião recebe amigos para tomar chá em uma cerimônia que pode durar horas, em ambientes especialissimamente preparados para isso, de acordo as tradições filosóficas baseadas no zen (budismo) e no xintoísmo.
Não espere encontrar minúcias de como fazer e servir o chá ou descrições dos milhares de variedades de chá que existem no mundo. Não espere a elucidação dos significados dos desenhos formados com o que resta no fundo da xícara do chá bebido. O que você encontrará, em “O livro do chá” no mais das vezes são reflexões filosóficas sobre o que é o ser humano. Isso em meio a várias narrativas koans (ou que se assemelham a elas) e também a uma miríade de comparações entre o que é ser ocidental e o que é ser oriental (é lógico que a sardinha – ou a xícara de chá - é puxada para o lado do autor).
Vale a pena? Se você gosta de escritos orientais, filosóficos, meditativos, reflexivos e profundos sem serem herméticos, com certeza, você terá horas de boa leitura. Afinal de contas, não é preciso gostar de chá para gostar de aprender...