erika 18/02/2011
Uma boa amostra do folclore japonês*
Quando perguntado sobre o porquê de escrever um livro de lendas japonesas, José Arrabal é enfático: "O impulso que me levou a escrever Histórias do Japão liga-se à minha infância por muitos segmentos. Os mais constantes amigos de meu pai no correr de meus dias de menino foram um senhor de origem árabe, outro de origem judaica e mais outro originário de Okinawa, todos sempre presentes em nossa casa, com nossa firme estima por eles e suas famílias".
Esse ponto de partida já oferece uma boa ideia da admiração do autor pelos diversos povos do planeta, inclusive o japonês, suas crenças e suas tradições. Esse interesse é a base de Histórias do Japão, um bem escrito apanhado de oito lendas que misturam as convicções de Arrabal - que é jornalista, professor universitário e também tradutor - sobre as tradições do arquipélago e personagens típicos do imaginário japonês. Até mesmo a ordem - com a lenda sobre a criação do mundo na abertura e a lenda sobre o retorno do sol no encerramento - colaboram para boa organização das narrativas que compõem a obra.
Além da primeira e da última lendas, referentes à mitologia japonesa, o livro ainda traz as seguintes histórias, contadas de forma talentosa por Arrabal: "O espelho", "O samurai", "A princesa da Lua", "O monge e a carpa", "As duas rãs" e "Kazan e Ruri". Em comum, elas trazem lições da sabedoria do Oriente, fortemente marcadas pelas estações do ano, e com um toque de felicidade inegavelmente brasileiro. Uma feliz mistura cultural.
"Histórias do Japão é, para mim, um livro que sempre trouxe resultados felizes", explica o autor. O resultados felizes aos quais ele se refere são a indicação altamente recomendável que a obra recebeu, em 2005, pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil; a seleção para integrar o Cantinho da Leitura, pela Secretaria da Educação de Goiás; a escolha, pela Prefeitura Municipal de São Paulo, para compor o programa Biblioteca - Quem lê vai mais longe; e o recebimento do selo comemorativo do centenário da imigração japonesa no Brasil, em 2008, dentre outras conquistas.
As belas ilustrações do artista plástico Douglas Okazaki são um recurso a mais para ressaltar o espírito oriental das lendas. Uma atração à parte no livro é o ensaio deixado por Okazaki, no final, com desenhos de página inteira referentes às narrativas contadas em Histórias do Japão: belas letras e belos traços.
*Resenha publicada na revista Zashi em maio de 2008.