Horroshow 17/01/2016
Resenha por Arthur Lins (Blog Horrorshow)
Há pouco mais de dois anos, li o clássico romance de ficção científica “Encontro com Rama”, do Arthur C. Clarke, e começo falando dele, pois "Sombra do Paraíso" é, de muitas formas, uma atualização moderna do clássico e tenta marcar um novo caminho para conceitos científicos que não eram tão familiares durante a época de Clarke. “Sombra do Paraíso” se apresenta com duas naves espaciais concorrentes, uma dos EUA e outra da aliança BRICS, brigando para interceptar um objeto de natureza desconhecida aproximando-se da Terra, divertidamente apelidado Keanu (sim, de Keanu Reaves por ter interpretado Neo em "Matrix"). É claro, torna-se óbvio que Keanu não é bem o que parece ser; não é um asteroide simples, mas sim uma estação enviada por entidades alienígenas misteriosas. Logo de cara, “Sombra do Paraíso” deve algo a “Encontro com Rama”. Keanu, o objeto sombrio do romance, teria sido encontrado pelo programa Spaceguard. O programa Spaceguard, fundado em 1992, é inspirado pela organização de mesmo nome na história de Clarke. E ambos os romances iniciam com a mesma problemática: interceptar um objeto desconhecido que logo se mostra uma estação alienígena sombria.
Ao contrário de “Encontro com Rama”, “Sombra do Paraíso” não conseguiu obter êxito em suas propostas. O primeiro problema, em comparação com a novela de Clarke, está na superficialidade dos questionamentos sócio-políticos e filosóficos (o que, particularmente, considero um crime na ficção científica) e o segundo, não ligado mais ao gênero, é a narrativa pouco fluida e falha, mesmo escrita de maneira profissional e bem editada. Há quem discordará, normal, mas é impossível não observar o alto número de situações superficiais (vulgo: encheção de linguíça) dentro do enredo. Situações que não contribuem para o aprofundamento psicológico de personagens nem para o desenrolar de problemáticas. Além de tudo, a abordagem política beira ao caricato. Para começar, o protagonista dessa história está imerso em ideais americanos: branco, religioso, profissional impecável e esperto, pai responsável e preocupado. Achou clichê? Ele basicamente não tem defeitos, por isso não é difícil imaginar quais elementos manipulariam a narrativa. O velho e obsoleto imperialismo americano da Guerra-Fria se mostra bastante presente numa obra publicada em 2012. Apesar de estarmos conscientes até de uma suposta superioridade tecnológica dos países do BRICS, o enredo, no entanto, centraliza a NASA como fonte de informação primordial. Fonte também de muitas situações que não chegam a lugar algum no enredo.
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