Modernidade e Holocausto

Modernidade e Holocausto Zygmunt Bauman




Resenhas - Modernidade e Holocausto


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Tiago 08/03/2024

É de dar calafrios e gerar vários insghts! Impactante ler sobre o holocausto como um processo humano. Não no sentido de humanidade, mas de algo construído com base em relações sociais e tecno-burocráticas.
Minha melhor leitura do ano, até o momento, e provavelmente top 5 de minhas leituras de não ficção!
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Vicent 20/02/2023

Precisamos falar de Holocausto
O livro pode ser entendido como uma proposta de Bauma:. Revisitar o Holocausto e, assim, repensar opiniões e conceitos, como o da própria sociologia.

O que o autor busca mostrar é que não podemos ignorar o que foi este evento. Se por um lado hoje temos vários filmes sobre nazismo, a ponto de ter se tornado algo até batido, ao mesmo tempo nutrimos cada vez mais uma visão do nazismo com uma doença malvada.

Bauman, seguindo os estudos de diversos estudiosos como Arendt, relembra que diversos alemães envolvidos no holocausto eram... pessoas comuns. Como você e eu. Lembra que o antissemitismo tradicional alemão não era maior que o de outros países da época... Que a porcentagem de pessoas que salvaram judeus não variou muito com base em suas crenças...

O que foi então o Holocausto? Bauman entende que o este evento foi um desdobramento possível da modernidade. Não era a maldade que guiava os alemães, mas lógicas e preceitos modernos, como eficiência, impessoalidade, probidade, segurança, higiene, etc. Tudo isso, de certa forma, ainda vive em nossa sociedade.

Devemos, então, encarar para esse evento de forma autocrítica. A civilização tão louvada na verdade se mostrou tão "animalesca" como jamais sonhariam seus defensores. Ainda hoje somos guiados pelo mesmo espírito, enquanto tentamos varrer o nazismo para baixo do tapete como um triste evento que já acabou e foi obra de mentes malignas.

Repensar nossos conceitos e nossas relações se mostra, então, urgente.
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Hélio 13/01/2021

Modernidade e Holocausto
Excelente livro de Bauman onde ele nos apresenta uma visão do holocausto diferente da que estamos acostumados a ler. Bauman mostra que o holocausto foi um evento singular quanto a sua dimensão de violência, mas não foi singular quando se tenta explicar o holocausto apenas como resultado do antissemitismo alemão, como muitos interpretam afirmando que havia um excessivo ódio dos alemães ao povo judeu. O autor afirma que graças as pesquisas históricas realizadas nas últimas décadas "o antissemitismo do povo alemão perdia para o ódio aos judeus em vários outros países europeus." Bauman vai dizer que na França havia um antissemitismo muito maior do que na Alemanha.

O holocausto foi uma consequência da modernidade ocasionado por uma soma de fatores, como o desenvolvimento tecnológico e cientifico que proporcionou os alemães executarem milhões de judeus com técnicas sofisticadas, a exemplo das câmaras de gás que mataram milhares de pessoas asfixiadas. Técnicas como essa em que um simples apertar de botão liberando o gás, facilitava para que houvesse um distanciamento de quem liberava o gás e das vítimas, anulando qualquer sentimento moral. Também o excesso de burocratização criou uma hierarquia ocasionando esses distanciamentos que facilitavam para o resultado final do extermínio. Podemos ver isto depois do holocausto quando em julgamentos os responsáveis pelas mortes de milhares de pessoas afirmavam que apenas estavam obedecendo ordens.

O holocausto também é fruto do antissemitismo alimentado pela propaganda nazista, mas chegamos a entender que essa propaganda levou o povo alemão mais a uma omissão diante das atrocidades do que a uma aversão aos judeus. O povo alemão estava mais preocupado com outras coisas do que com a vida dos judeus.

A conclusão que chegamos é que o holocausto não foi um acidente na história ou que estamos livres de que aconteça novamente. Bauman citando Milgram em que este "sugeriu e provou que a desumanidade é uma questão de relacionamentos sociais." Se pessoas se relacionam com outras desumanas que pregam a eliminação do outro, que alimentam o racismo, que propagam o ódio, a tendência é que essas pessoas também naturalizem atos desumanos.

Para quem quer entender melhor o holocausto este é um ótimo livro. Mas trata-se de uma leitura densa assim como todo livro de Bauman exigindo um conhecimento prévio de certos conceitos.
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Pablo Paz 04/01/2020

De sua vasta obra este 'Modernidade e Holocausto', ao lado de 'Modernidade e Ambivalência', são os melhores livros do autor. Eles são a gênese de todos os conceitos que o tornarão um best-seller posteriormente...
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Thiago 02/10/2011

Assustador
Em uma visão geral, esse livro representou, para mim, uma certeira e estonteante bofetada.

Aqui, o Holocausto é desmentido como câncer social ou produto de uma mentalidade doentia e misteriosa para ser situado em um contexto histórico que, a despeito da ingenuidade de muitos, forneceu todos os instrumentos necessários para a sua ampla e completa realização. Ciência, técnica, recursos administrativos, instituições jurídicas e até mesmo concepções filosóficas, tudo com a orgulhosa marca do que se convencionou chamar de modernidade, concorreram para o inevitável fenômeno que abalou o mundo na primeira metade do Século XX.

O Holocausto, nessa perspectiva, representou a negação do otimismo dos primeiros positivistas. Representou a frieza da ciência e a relativisação axiólogica das instituições. Representou, enfim, o caminho conquistado pela Modernidade. Mas não representou, de modo algum, o fim de certa organização política-social.

Um livro para ser lido e digerido por aqueles que, familiarizados com radicais mudanças de perspectivas, têm fôlego e disposição para reagir criativamente à uma violenta pancada.
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