ketyllinglv 19/05/2024
4° livro lido do murakami e eu definitivamente ainda não me acostumei com o fato de que os livros dele não tem começo, meio e fim.
Passo o livro todo tentando entender a história, esperando alguma reviravolta acontecer, algum objetivo ser atingido, mas não tem. E isso não é ruim, ele tem uma forma única de descrever seus cenários e personagens, e algumas coisas simplesmente não são explicadas. Acho os livros dele tão reais, autênticos, ele ia descrevendo os lugares, as cores, as pessoas, os sentimentos e eu me senti lá, é tão melancólico e aconchegante. Me emocionei com a história do elevador e com a Mari deitando com a Eri no final.
Muito louco como esse livro se trata apenas de uma madrugada, uma longa madrugada que chegam a parecer vários dias. Isso me fez refletir sobre como tanta coisa pode acontecer em tão pouco tempo.
Gostei do livro, mas não recomendaria por ser bem parado, e ter os diálogos meio "fracos" comparado aos outros livros do autor.
"Apesar do horário, as ruas ainda estão bem iluminadas e é grande o número de pessoas que vêm e vão. Pessoas que têm para onde ir e as que não têm. Pessoas que têm objetivos e as que não têm. Pessoas que tentam parar o tempo e as que querem acelerá-lo."
"- Salada de frango à la George Orwell."
(KSKSKSK)
"Somos uma espécie de invasor anônimo; invisiveis. Nos podemos ver. E, atentamente, ouvimos tudo. Sentimos os cheiros. Mas fisicamente não estamos aqui, não há nenhum vestígio de nossa presença. Pode-se dizer que respeitamos e seguimos as mesmas regras de uma autêntica viagem no tempo. Observamos, mas não interferimos."
"Isso não significa que esteja gritando, ou que proteste furiosa. A impressão que temos é de que ela se cansou de tanto gritar ou protestar."
"Eri ficou abraçada comigo no meio da escuridão.
Não era apenas um simples abraço; era um abraço tão forte que parecia que nossos corpos iam se fundir em um só. Em nenhum momento ela relaxou o aperto. Era como se temesse me soltar.?
"Encosta delicadamente seu rosto no peito da irmã, permanecendo assim por algum tempo. Mari ouve, com atenção, as batidas do coração da irmã e tenta compreender cada batida. Enquanto escuta, seus olhos estão serenamente fechados. Deles, subitamente, brotam lágrimas. São lágrimas grossas, que fluem espontaneamente. Elas percorrem seu rosto e seguem para baixo até cair sobre o pijama da irmã, deixando-o levemente úmido.?
"Mari então sussurra: "Eri... Volta!", bem pertinho da orelha, e pede: "Por favor... volta."
"Finalmente, a noite cede o lugar ao dia. Até a próxima escuridão, ainda temos muito tempo."