Yerma

Yerma Federico García Lorca




Resenhas - Yerma     [em português]


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Reccanello 25/07/2023

Mais uma obra para que não deixemos nossos sonhos esquecidos e abandonados numa gaveta qualquer da vida. Ambientada na Andaluzia, a peça conta a história de Yerma, uma mulher que vive numa zona rural, mas que ainda não conseguiu gerar uma vida em seu ventre, por conta do desinteresse de seu marido João, que, conquanto honesto e trabalhador, é indiferente à angústia de sua esposa. Um casamento de aparências, sem amor, mantido apenas como satisfação à sociedade. Tudo pronto e preparado para uma tragédia que, se não é igual às gregas (nas quais o trágico vem da intervenção divina, quase sempre como um castigo), tem a mesma profundidade e brilhantismo, escancarando a questão da esterilidade e desmascarando a opressão milenar imposta às mulheres em seu “dever sagrado” da maternidade. Tragédia, frustração, desesperança, ignorância... Tudo isso você encontra em "Yerma", juntamente com a dor de não realizar seus sonhos e a frustração de ter que conviver com isso.
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Emile Vithorya 01/10/2022

Ótima peça
Retrata muito bem como as vontades das mulheres eram ainda menos consideradas que hoje em dia. Tema bastante necessário!
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giogio 15/04/2021

li por causa do teatro, não tenho o que falar só que é uma peça muito boa e que gerou bastante debate entre a turma quando terminamos.
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Beatriz.Linhales 05/04/2021

Lorca, você não sabe o impacto que fez na minha vida, homem...
Yerma é uma tragédia moderna ABSURDA que assim como Édipo, depois que li nunca mais parei de relacionar com mil outras leituras e situações cotidianas. Recomendo pra todo mundo porque viver é muito diferente depois de conhecer os personagens desse escândalo do Lorca. (Dramatizar é meu oficio mas eu tô falando muito sério) :)
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Gustavo.Romero 07/06/2018

Lorca e o universo feminino
Antecipando a temática que seria explorada em profundidade n' "A casa de Bernarda Alba", e "Yerma" Lorca nos oferece um marcante painel da realidade feminina. O autor utiliza fartamente, como de praxe, os elementos ligados à tradição regional para relatar preocupações de ordem universal. O peso dos costumes e dos preconceitos disseminados se faz sentir crescentemente conforme avançam os atos, culminando num final brusco, inesperado e incrivelmente complexo. Nesses atos, presenciamos Yerma ser esmagada pela tradição patriarcal / macho-cêntrica, pela maledicência, pelo preconceito de outras mulheres e pela solidão, tudo isso promovido por e em torno de uma falácia que aflige muitas mulheres até os dias atuais: o reconhecimento da individualidade feminina apenas por meio da vivência da maternidade.
Não se trata do tratamento dispensado à maternidade em tempos antigos, quando a figura feminina, empossada do privilégio da maternidade, era a representação absoluta da fertilidade e do poder criador da Natureza. Yerma já testemunha a concepção de maternidade corrompida, ligada ao cerceamento da satisfação e plenitude da mulher em função exclusiva da maternidade. Quer dizer, as angústias da personagem, que se relacionam acima de tudo à sua recusa íntima à conformidade social, são pelas mulheres que a cercam e por ela própria agrupadas na forma de "culpa" pela sua suposta infertilidade - esta que, como fica sugerido nas entrelinhas, liga-se em realidade à figura vazia e distante do marido. A construção de Lorca, portanto, é extremamente sofisticada: mutilando Yerma do único recurso feminino que jamais poderá ser alcançado pelo masculino, a maternidade, o autor demonstra numa única tacada um caso particular de opressão - a responsabilização negativa sempre voltada à mulher e a sugestão de que a frustração feminina seria sempre fruto de "futilidades"- e outro geral - as condições de imposição do meio social sobre o indivíduo esvaziam-no de qualquer potencialidade.
Como já apontei na resenha de Bernarda Alba, para mim esse é o recurso de Garcia Lorca que o torna particularmente especial, demonstrando que muitas das vicissitudes que se atribuem ao mundo específico da mulher são resultado não apenas da grotesca postura masculina, mas do desencontro (a princípio natural e salutar) das aspirações individuais, que ao invés de se confrontarem em síntese tornam-se extremas antíteses, comumente reconhecidas no desrespeito generalizado do ser humano por sua própria espécie.
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