A Invenção das Asas

A Invenção das Asas Sue Monk Kidd




Resenhas - A Invenção das Asas


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Queria Estar Lendo 03/12/2018

Resenha: A Invenção das Asas
A Invensão das Asas é o terceiro livro de ficção da autora Sue Monk Kidd - mesma autora de A Vida Secreta das Abelhas e A Cadeira da Sereia - e publicado por aqui pela Editora Paralela, que nos cedeu uma cópia para a resenha. A história é uma novelização da vida real de Sarah Grimké, uma abolicionista do inicio do século XIX que lutou não só pelo fim da escravidão, mas pela igualdade racial e de gênero.

Aos 11 anos de idade, Sarah Grimké, a filha do meio de dez crianças de uma abastada e aristocrática família sulista, recebe como presente de aniversário Hetty "Encrenca", uma escrava de 10 anos. Horrorizada com isso, ela tenta recusar o presente de todas as formas, inclusive ao tentar alforriar a escrava, porém sem sucesso. É ali que Sarah descobre seu destino: fazer de tudo para tornar-se uma jurista e lutar contra a escravidão.

Hetty, que prefere ser chamada de Encrenca - o nome de berço que recebeu de sua mamã - não conhece nada do mundo além da casa dos Grimké e sua vida como escrava. Ao lado da mãe, Charlotte, Encrenca cresce como uma garota curiosa, escutando as histórias da mãe sobre a África e sobre como o povo negro costumava ter asas. Desde muito cedo, Encrenca sonha em ser livre.

"Se você precisa errar, erre pela audácia."

A história das duas garotas se entrelaça definitivamente ali, no aniversário de Sarah e, mesmo com os anos que se passam, a diferença entre a vida das duas mulheres fica cada vez mais discrepante, embora no íntimo ambas desejem o mesmo: a liberdade. Enquanto Encrenca é prisioneira de corpo, Sarah, com suas opiniões fortes, é escrava de mente.

Eu não achei que fosse gostar tanto de A Invenção das Asas como gostei, em especial da história de Encrenca e sua mãe. Por vezes me peguei revirando os olhos para a Sarah, preciso confessar. Como a própria Sue Monk Kidd revela no fim, ao falar da figura histórica, Sarah era reservada e tomava atitudes com uma lentidão bastante enervante para uma romancista, o que fez com que ela adiantasse alguns acontecimentos e também entregasse a Sarah alguns atos e falas que, na verdade, pertenceram a sua irmã, Angelina.

Aos 11 anos ela decide que quer ser jurista, como os irmãos mais velhos e o pai. Sarah é uma garota "peculiar" e, embora seu pai não incentive, nunca impediu seu desenvolvimento intelectual através das obras que ela retirava de sua biblioteca para ler ou dos debates que ele promovia entre a garota e seus irmãos a mesa de jantar. E é por isso que ela decide ser jurista, uma atitude que, quando toma conhecimento, seu pai faz questão de esmagar. Embora sempre tenha sentido o impeto de usar seu intelecto, Sarah acaba abaixando a cabeça para os costumes da época, almejando ao casamento e aos filhos e, quando isso não funciona, entregando-se a Deus em busca de um sentido na vida.

O que mais me irritou na personagem é que ela tomava uma decisão e com o primeiro não, com a primeira dificuldade, desistia. Então voltava a se relegar as atividades socialmente aceitáveis por um longo período, para só depois tentar novamente. A gente fica nesse vai e volta, nessa introspecção da forma como ela se sente e como gostaria de fazer tudo que tem vontade, e isso vai nos fazendo rolar os olhos com muita força.

"Naturalmente, eu sabia que não havia advogadas. Para uma mulher, nada existia além da esfera doméstica e aquelas florzinhas gravadas em caderno de arte. Uma mulher aspirar ser advogada - bem, possivelmente, seria o fim do mundo. Mas uma semente se tornava uma árvore, não?"

A narrativa é fluida, os capítulos são pequenos, então acaba sendo bem fácil de ler. A irritação fica total por conta da incapacidade da Sarah de se rebelar de forma consistente. Mesmo com os abusos em casa, ela se recusa a se impor, mesmo que por dentro esteja morrendo de vontade de fazer isso. Ela é muito passiva e permissiva, ela não age de fato. É uma pessoa para quem as coisas acontecem e que levou um tempão para começar a reagir. De fato, Sarah só toma as rédeas da própria vida e da sua militância em prol da abolição da escravidão, da igualdade racial e de gênero, quando sua irmã Angelina age.

Angelina é 12 anos mais nova que Sarah e, de acordo com a história real, a primeira mulher nos Estados Unidos a discursar na assembleia legislativa. Angelina foi criada pela visão de mundo de Sarah, mas com um fogo que a compele a, de fato, agir. E é apenas quando ela se vê livre das garras da mãe, reencontrando-se com a irmã mais velha, que Sarah finalmente começa a agir em direção ao seu futuro. É Angelina quem faz sua história acontecer, e até chegarmos nisso, passamos por muitos capítulos de Sarah lamentando-se por amores não correspondidos, pelo que sua vida poderia ter sido, pelo seu intelecto menosprezado e por seu desejo de ajudar Encrenca - embora nunca se imponha o suficiente para fazer isso.

"Mamã não queria o tecido, só queria criar confusão. Ela não podia ser livre e não podia dar na sinhá com uma bengala, mas podia pegar a seda dela. Você se rebela do jeito que pode."

Agora Encrenca já é outra história. Embora ela não seja exatamente uma figura histórica real, como tantas outras nesses livro, ela é baseada na escrava real, chamada Hetty, que Sarah recebeu de presente em seu aniversário de 11 anos, uma garota com a qual teve um forte laço de amizade na infância, mas que morreu cedo. Sue Monk Kidd, então, imaginou o que teria acontecido com Encrenca, coso ela não tivesse morrido, e nos entregou uma jovem mulher determinada, inteligente, habilidosa. Uma mulher que nunca se contentou com sua posição de escrava, que se rebelava como podia.

Quando eram crianças, Sarah ensinou Encrenca a ler e escrever e, como na época ensinar um escravo a ler e escrever era crime, ambas são punidas por isso quando descobertas. E é ali que Encrenca passa a compreender sua condição de escrava. Aos dez anos, ela não questionava. Ao lado de sua mãe, contentavam-se com os momentos juntas em seu quartinho, costurando suas colchas de retalhos e roubando doces quando a sinhá não estava olhando.

"Ninguém pode escrevê num livro quanto ocê vale."

Porém, com o conhecimento dos livros logo chega o conhecimento do mundo. Encrenca e Sarah tem uma relação de amizade que perdura por toda sua vida, e através dessa relação, fica muito claro a condição de escravidão e a visão que se tinha dos escravos na época. Encrenca sabe que é um ser humano como todos os outros, não tem nenhuma diferença entre ela e os brancos, e conforme vai conhecendo o mundo, recebendo punições e assistindo as pessoas que ama recebendo-as também, nasce um ódio dentro dela que a torna rebelde e ao mesmo tempo destemida. Inteligente pela forma como lida com as pessoas.

Eu nunca consegui me conectar muito bem com Sarah, e um dos motivos é pela forma como ela se lamentava pelos romances que não deram certo e pelos decretos do pai de que jamais poderia seguir em frente com sua intenção de tornar-se jurista. Ela age como se não tivesse opção nenhuma no mundo, embora pudesse enfrentar seus pais sim, caso o desejasse. Eu entendo que Sarah estava presa pelo machismo e pelo patriarcado, pela noção com a qual cresceu de obediência e tudo o mais, mas isso irrita muito quando do outro lado temos Encrenca, sendo punida pelos atos de Sarah. Assistindo a mãe ser punida por rebelar-se.

"Permanecer em silêncio em frente ao mal é, em si, uma das formas do mal."

A disparidade entre a existência das duas mulheres é tão grande que quando Sarah se lamentava por ter o acesso a biblioteca negado em um capítulo, no outro Encrenca, aos 11 anos, estava recebendo sua primeira chibatada. E não tem como eu lamentar pela Sarah ou achar isso tão importante quanto o sofrimento da Encrenca. Porque Sarah jamais seria punida daquela forma cruel por rebelar-se ou desafiar os pais e a sociedade.

Porém, preciso dizer que minha personagem preferida de todos foi Charlotte. A forma como ela se rebela, como engana a sinhá, como se arrisca alugando-se clandestinamente em busca de comprar a liberdade dela e da filha, como se relaciona com um negro livre que instiga nela ainda mais a ideia de que negros não são inferiores aos brancos. Charlotte cozinha dentro de si um ódio aos brancos que a escravizaram e uma reverência a sua mãe e as histórias dos negros de asas que a impulsiona a seguir em frente, sempre em frente, em busca de liberdade. Mas a bem da verdade, Charlotte nunca se deixou domar, aprisionaram seu corpo, mas nunca seu espírito e eu amei cada passo que ela deu nesse livro.

"Eu sempre quis a liberdade, mas nunca tive para onde ir nem como sair. Não importava mais. Queria liberdade mais do que respirar. A gente iria, em cima dos nossos caixões se precisasse. Foi assim que mamãe viveu a vida dela. Ela dizia, "cê tem que saber que lado da agulha vai sê, o que tá amarrado na linha ou o que fura o pano."

A Invenção das Asas é um livro curto, mas com uma narrativa que encanta e personagens verdadeiros. Um livro que não abranda o período da escravidão porque é uma parte "feia" da história, como alguns autores já fizeram - o que, honestamente, é o equivalente a chamar Hitler de "bobo" - e que traz relatos reais de quem lutou contra esse sistema que encontrava apoio mesmo dentro das igrejas.

"Eu era cautelosa, ela era intrépida. Eu pensava, ela agia. Eu acendia o fogo, ela o espalhava. E bem ali e para sempre, eu vi como as Moiras tinham sido espertas. Nina era uma asa, eu era outra."

É uma leitura que indico, apesar dos pesares, porque no fim os pontos positivos são muito maiores. A história de Encrenca, sua resiliência e luta, merece ser lida. A invenção de suas asas é uma história que deveria ser conhecida por mais pessoas, e a narrativa de Sue Monk Kidd é impecável ao fazê-lo.

site: http://www.queriaestarlendo.com.br/2018/12/resenha-invencao-das-asas.html
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FabyTedrus 21/11/2018

A Invenção das Asas - Sue Monk Kidd
Li há pouco tempo uma resenha que contava o começo do livro quando, no seu aniversário de 11 anos, Sarah ganha a Hetty 'Encrenca', uma escrava de presente, e no dia seguinte, faz uma carta de alforria, que é negada pelos seus pais. Tudo começa por ai, inclusiva a minha curiosidade de ler o livro e alias, que livro!
A história é mistura realidade e ficção, as duas realmente existiram o que faz tudo ser ainda mais intenso. É um livro muito atual em vários quesitos, por mais que ele retrate uma realidade de 1800. O foco é a abolição da escravatura, mas vai além disso também falando de outros tipos de liberdade e igualdade. Sarah era filha de um juiz aristocrata e foi uma das mulheres pioneiras na luta contra a escravidão e favor do feminismo.
Foi um prazer ler a história delas, me emocionei, chorei e senti um orgulho danado de mulheres como elas.
Leitura altamente recomendada!
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Juliano 10/01/2018

Um carinho literário
Um romance lindo, para ser saboreado.
Sue tem um poder narrativo envolvente, sabe mesclar sua ficção com história de fato de maneira ímpar, sem que pareça forçado ou demasiadamente didático.
As vidas entrelaçadas da pequena filha do escravocrata (Sara) com a da pequena escrava (Hetty "encrenca") são de encher os olhos de lágrimas de alegria e tristeza. Ao passo que a autora retrata período da escravidão americana.
Vale da página virada.
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Bruna.Patti 20/10/2017

A invenção das asas
Hetty “Encrenca” Grimké: uma menina que era escrava e foi dada de presente à uma outra menina de sua idade quando tinha 10 anos. Seu nome de “branco” é Hetty, mas tradicionalmente os negros davam nomes aos seus filhos que correspondiam às características percebidas de sua própria personalidade, por isso Encrenca. Sarah Grimké: filha de juiz, moradora da Carolina do Sul, abolicionista, e feminista. A obra em questão tem essas duas protagonistas, e retrata a vida das duas durante 35 anos. Baseado na figura histórica de Sarah Grimké, uma abolicionista e feminista que acreditava que os negros eram iguais aos brancos, no século XIX, na Carolina do Sul, altamente escravocrata e racista.

Hetty, quando tinha 10 anos foi dada como propriedade para a Sarah quando esta fez 11 anos, mesmo Sarah tendo sido contra a posse de pessoas. Desde pequena, Sarah acreditava que negros e brancos eram pessoas iguais e deveriam gozar dos mesmos direitos. Desde pequena, lutava para se libertar de uma sociedade conservadora, preconceituosa, inclusive para se libertar de sua própria família. Já Hetty, sempre sonhou com a liberdade, para si e sua mãe, Charlotte. Desde criança, acompanhava os castigos desumanizantes que os negros escravizados sofriam. Esse é um livro feminista, pois mostra a luta por liberdade e emancipação de duas mulheres, claro que em graus diferenciados. Podemos perceber isso com a fala de Hetty quando se dirige à Sarah:

“Eu sou presa pelo corpo, mas você é presa pela mente.”

Um ponto muito importante que podemos perceber no livro é a legitimação da escravidão por parte da igreja. Em alguns trechos em que a Sarah está na igreja, podemos perceber como os dogmas da igreja contribuíram para a perpetuação da escravidão no Sul dos Estados Unidos. Um exemplo que podemos observar, e que foi verídico, conforme informado pela autora, foi o fato de Sarah ensinar crianças escravizadas a ler na aula de catequese e ser punida pelo padre por conta disso. Sarah também tenta fazer a libertação de Hetty, da maneira como ela pode quando é pequena, ensinando a pequena Encrenca a ler.

Podemos perceber a visão que os escravos possuíam do Deus retratado pela igreja, por conta da legitimação da escravidão por parte da Igreja, nesse trecho de Encrenca:

“Carregava a imagem de Deus na minha cabeça. Um homem branco, segurando uma bengala como a sinhá ou evitando escravos como o senhor Grimké.”

A obra mescla capítulos em que a narração fica por conta de Sarah e outros capítulos que fica por conta da Hetty. Com isso, podemos ler e conhecer o lado da escravidão vivido e sofrido pelos próprios escravos. Quando elas são crianças ainda, podemos perceber como a Sarah tem direito a ter sonhos, perspectivas de vida, enquanto a Hetty tem a sua infância negada.

Podemos perceber a trajetória tão importante das irmãs Grimké, não somente a Sarah, mas também sua irmã Angelina, que foram abolicionistas e defendiam o direito da mulher e dos negros de serem tratados como iguais na sociedade. Repare, elas iam além do que estava imposto, visto que mulheres não poderiam falar em público, muito menos defender a ideia de que negros eram iguais aos brancos. Nessa época, o Norte dos Estados Unidos já condenava a escravidão, porém não existia a defesa de igualdade racial. Elas foram mulheres que abdicaram de riquezas, famílias em prol de perseguir seus sonhos de liberdade.

A metáfora estabelecida pelo título da imagem é sensacional. Os negros são tratados como criaturas dotadas de poder e mágica, na sua terra Natal e possuíam asas, que são cortadas quando são levados à força pelos diversos locais onde a escravidão ocorreu.

O livro é antes de tudo um livro sobre amizade, sobre amor entre mulheres, não no sentido sexual do termo, mas em relação a amizade, parceria, que é abordada de forma sutil e muito bem construída ao longo de toda a trama.

A autora é uma mulher branca, por conta disso, devemos refletir sobre o motivo de muitas autoras brancas conseguirem escrever sobre a época da escravidão e racismo, e fazerem tanto sucesso e gerarem comoção com suas obras, enquanto obras de escritoras negras não alcançam o mesmo sucesso. É necessário que cada vez mais as próprias protagonistas pertencentes às minorias marginalizadas sejam capazes de escrever sobre suas próprias histórias e alcançarem igual sucesso e comoção às escritoras brancas.

Recomendo fortemente a leitura, por todos os motivos já mencionados. Fecho a resenha com uma frase que me fez refletir muito acerca do conteúdo do livro, fala proferida pela Encrenca:


“Permanecer em silêncio frente ao mal é em si uma das formas do mal.”

LINK DO MEU BLOG ABAIXO:

site: http://abiologaqueamavalivros.blogspot.com.br/2017/10/a-invencao-das-asas.html
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Michelli Prado 27/08/2017

A visão de duas personagens: A escrava e sua sinhá. O objetivo? A liberdade!
Aquela historia que te faz repensar o sentido da palavra liberdade. Ao terminar senti orgulho por ser mulher e viver em uma época diferente, e que como podemos evoluir como pessoas ainda. Sarah e Encrenca nunca serão esquecidas no meu coração!
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cris.leal 06/07/2017

Incessante busca pela liberdade e pela igualdade...
O livro é inspirado na história real de Sarah e Angelina Grimké, irmãs que nasceram na aristocracia poderosa e abastada de Charleston, na Carolina do Sul (EUA). Elas viveram durante os anos 1800 e foram as primeiras agentes femininas abolicionistas e uma das primeiras pensadoras feministas americanas.

Sarah, a irmã mais velha, foi presenteada no seu décimo primeiro aniversário, com uma escrava de apenas 10 anos, que seria sua dama de companhia. O nome da menina/escrava era Hetty Encrenca Grimké. Sarah não aceitava a escravidão e tentou recusar o presente, mas seus pais dominadores disseram que não.

O romance mistura realidade e ficção. Ao contrário de Sarah Grimké, cuja história a escritora retirou de um extenso material biográfico, Encrenca foi imaginada por ela. Uma escrava chamada Hetty/Encrenca foi de fato dada a Sarah Grimké, mas esta escrava morreu na infância e nada mais se sabe sobre ela.

"A Invenção das Asas" é uma incessante busca pela liberdade e pela igualdade. Sarah é uma garota branca que sonha em ser advogada e acabar com a escravidão. Encrenca é uma garota negra que sonha em ser livre. Apesar de tão diferentes, ambas queriam a mesma coisa, mas estavam presas às convenções da sociedade em que viviam. Por meio de capítulos narrados alternadamente por Sarah e por Encrenca, nós acompanhamos as duas ao longo de 35 anos e presenciamos a coragem e o poder de superação presente em cada uma delas.

site: http://www.newsdacris.com.br/2014/02/eu-li-invencao-das-asas.html
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eneida 30/06/2017

A história se passa nos EUA, fim do século XIX e vai desde a infância até a meia idade de duas mulheres, Sarah, branca, rica e bem nascida e Hetty, negra e escrava da família de Sarah.
Sarah ér uma menina de inteligência brilhante, mas presa as convenções da época, busca um sentido para sua vida, inicialmente nos estudos, depois no amor, na religião e já na meia idade ainda sem se encontrar, descobre na causa abolicionista a sua grande realização como pessoa. Ela foi a personagem que mais me encantou, pois em um meio tão adverso, ela enfrentou todas as suas dificuldades, sua gagueira, sua melancolia (a depressão de hoje em dia), suas dúvidas, sempre fiel as suas convicções e aos seus sentimentos.
Hetty teve como exemplo a mãe,uma escrava destemida, disposta a tudo por sua liberdade e apesar de todo o sofrimento da escravidão, como ela própria disse, " seu corpo era escravo, mas sua mente era llivre", ao contrário de Sarah.
Hetty era uma fortaleza, a coragem em pessoa,com um instinto de sobrevivência muito grande,era natural para ela enfrentar, resistir, não ceder, ao passo que Sarah tinha dificuladades diferentes, de natureza mais emocional e intelectual, com recursos psicológicos menores e um sofrimento maior.
Muito bonito.
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mila 02/06/2017

ótimoo
um livro lindoo. muito me agradou, pq gosto muito de ler histórias que tem como pano de fundo, a escravidão nos EUA. é uma linda história
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Edna 26/03/2017

Voar um ato de coragem
A Invenção de Asas, obra de Sue Monk Kidd, foi baseada em fatos reais e é quase uma biografia de Sarah e Angelina, as irmãs Grimkés; as primeiras agentes femininas abolicionistas e umas das primeiras entre as mais importantes pensadoras feministas americanas.Sarah, a primeira também nos Estados Unidos, a escrever um manifesto feminista abrangente e Angelina (Nina)a fakar diante de um Conselho legislativo no século XIX.
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A narrativa foi construída em capítulos curtos e tão cheio de conteúdos tanto de fatos históricos, dor e ficção representativa tão intensos que muitas vezes tive que reler para crer. Alternando entre Sarah, filha de uma família da aristocracia poderosa de Charleston é uma cidade localizada no estado norte-americano da Carolina do Sul, nos condados de Berkeley e Charleston, a garota que queria ser Jurista em uma época em que só os homens tinham vóz própria, e a escrava Hetty batizada por sua mãe de Encrenca, nome que lhe faz jus pelo que você vai ler no desenrolar da história, a mesma que Sarah ganhou de presente da Mãe ao completar onze anos, e que devolveu durante a festa e fora punida por não aceita ter uma igual como sua, como um pertence, e não vai mudar de idéia.
Mesmo com o castigo recebido pelos pais, que a proibem de entrar na biblioteca, Sarah não só continua a ler escondido como ensina Encrenca a Ler, isso tb vai contar em castigo para as duas várias vezes, as duas são irreverentes e decidem ir em frente, Encrenca segue as histórias da mãe Charlotte que conta as histórias dos antepassados, com a única arma que lhe está ao seu alcance, a costura, monta colchas com quadrados e desenhos que simbolizam as passagens, a familia de escravos, os castigos e as tentativas de fugas. Charlotte também diz sempre para Encrenca: " Um dia você vai ter asas".
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Na ansia pela liberdade Charlotte almeja para a filha a liberdade e faz um pedido à sua Sinhazinha Sarah para libertar a sua filha.
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Sara não se tornará uma advogada, mas ao ensinar Encrenca a ler dá asas à menina, ela quer voar.
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Ao sofrer uma desilusão amorosa, Sara fica confinada em casa até ser enviada com o Pai que estava debilitado para a Carolina do Norte. Conhece então, um adepto do Quakerismo, um movimento cristão que é a favor da abolição, mas cheios de regras que Sara vai viver durande 12 anos até a chegada de sua irmã Nina que já segue os passos da irmã, desde as primeiras aulas na Igreja em Charleston ela inicia suas aulas na escola dominicana já afrontando quando ensina os negros a cantar o alfabeto, seu primeiro ato revolucionário, abdica do noivado por não se submeter ao jugo e se junta à Sarah.
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Na Filadelfia iniciam uma panfletagem com temas de emancipação imediata aos escravos, pela igualdade racial o que choca até mesmo os abolicionistas, vão ser vítimas, hostilizadas, censuradas e até sofrerem violência, serão expulsas de vários locais, mas seguirão sua luta em cruzadas por parias cidades.
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Sara fará mais uma tntativa de comprar Encrenca de sua família sem exito, mas juntas não desistirão dessa grande Invenção de Asas.
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A mistura da realidade com a ficção, mas tão nitidamente expressas com fundamento nos acontecimentos e narrados por escravos livres e Associações e Fundações anti-escravagistas, nos choca, nos toca a alma e nos faz pensar o quanto nos custa essa tão sonhada liberdade, com a qual ainda lutamos incansavelmente.
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Citação da autora: "A História também é a dor em nosso coração, e nós repetimos a históriaaté que sejamos capazes de fazer nossa, a dor no coração do outro."
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Jéssica - Janelas Literárias 25/03/2017

"Ela estava presa como eu, mas presa por sua mente, pela mente das pessoas em volta dela, não por lei. Na Igreja Africana, sr. Vesey dizia: "Cuidado, você pode ser escravizado duas vezes, uma vez pelo corpo e uma vez pela mente"

Se tivesse que escolher uma passagem que sintetizasse "A Invenção das Asas"... seria esta.

Sue Monk Kidd resgata a história de Sarah e Angelina Grimké, mais conhecidas por "irmãs Grimké". As duas, vindas de uma família aristocrata da Carolina do Sul, se destacaram por lutar pelas causas abolicionista e feminista no século XIX. Em "A Invenção das Asas", a história delas é permeada pela narrativa de "Encrenca" ou Hetty Grimké, a escrava de companhia de Sarah, que, apesar de ter possivelmente existido, tem sua vida imaginada pela autora do livro.

Em primeira pessoa, Encrenca e Sarah seguem em narrativas paralelas, cada uma com sua dor. Sarah está aprisionada a seu gênero, a sua classe, sua religião e família. Encrenca pela sua cor e condição de escrava. Ambas, com o passar do tempo, vão, cada a uma a sua forma, inventar suas asas.

Angelina, mais nova, aparece depois. Como sua madrinha, Sarah vai projetar em Angelina todo o empoderamento que não conseguiu ter em sua vida, munindo-a de segurança e de uma mente questionadora e revolucionária.

Achei maravilhoso o fato de Monk Kidd trazer à tona o tema por duas perspectivas, destacando que a escravidão foi um sistema que espalhou um sofrimento não só para suas principais vítimas. Sarah é impotente, está tão aprisionada pelo que dela se espera, que não consegue ultrapassar as barreiras impostas pela sociedade e, sobretudo, pela sua família. Encrenca, por outro lado, é muito mais emancipada, mesmo com os castigos e humilhações a que é submetida. Quem tem pouco, também tem pouco a perder. Esta dualidade de aprisionamento mental/corporal vai delineando os caminhos do livro do início ao fim.




A escrita de Monk Kidd é simples, cativante e envolvente. Mas, Sarah começou a me fatigar um pouco do meio para o final do livro, o que me fez perder um pouco o ritmo, só recuperado nas partes finais.

É um bom livro, sem dúvida, que mostra como a escravidão e o patriarcado silenciaram vozes ao longo da nossa história, mas também como nós mesmos somos capazes de nos escravizar e oprimir, deixando que outras pessoas determinem nossas vidas.

site: https://www.instagram.com/janelasliterarias/
Paloma 12/05/2017minha estante
Uau , amei sua resenha... Apesar de eu ter do uma nota maior para este livro, vc conseguiu descrever muito do q vi e senti lendo-o.




GePaula 11/02/2017

DELICIOSO, EMBORA DOLOROSO!
Sue Monk Kidd escreve com paixão sobre negros e isso me deixa apaixonada por seus livros, pelo fundo histórico com o qual nos presenteia... Dela também A VIDA SECRETA DAS ABELHAS é apaixonante, também sobre negros e tempo da escravidão. Aprendi muitas coisas. Não conseguiria enumerá-la aqui, até porque há aprendizados que não se escrevem!

Gersonita Paula
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Paloma 09/02/2017

Sarah e Encrenca
“Cuidado, você pode ser escravizado duas vezes, uma vez pelo corpo e uma vez pela mente”

Este é o terceiro livro que leio desde o início deste ano, e posso dizer que foi o melhor deles, há tempos eu não era pega dessa forma por uma história.
Este livro tratasse de uma história verídica, ele conta a vida de Sarah Grimke e Hetty Encrenca. A história se inicia no ano de 1803, Sarah era filha de um juiz aristocrata e contra a abolição, porém ela sempre foi a frente do seu tempo, com 10 anos já tinha opiniões bem formadas acerca da escravidão, e dentro dela carregava também um sonho, de não ser como as mulheres que conhecia, Sarah tinha aspirações, queria ter uma profissão. Claro que ela sabia que isso era algo impossível em seu tempo, onde as mulheres eram criadas apenas com o papel de servir aos homens, não podiam expressar suas opiniões, deveriam apenas cuidar dos escravos e dos afazeres de casa.
Hetty Encrenca era filha de Charlotte, escrava que trabalha a anos na casa dos Grimke, Hetty era um ano mais nova que Sarah, e assim como a menina também tinha sonhos, ela queria ser livre, queria poder viver com sua mãe sem ter as ameaças de Sinhá aos pés de seus ouvidos, queria não ver mais escravos sendo chicoteados.
A vida dessas duas meninas muda, quando no aniversário de 11 anos de Sarah, ela recebe como presente a escrava Hetty para lhe servir como dama de companhia, ousada como ela é, Sarah faz uma carta para libertar Hetty, carta esta que é rasgada pelo sr. Grimke. Durante os anos que se segue, acompanhamos a vida delas, contado pela perspectiva das duas, acompanhamos suas lutas atrás de realizar seus sonhos, suas frustações, suas vitórias.
Alguns anos mais tarde nasce Angelina a irmã mais nova de Sarah e que se torna sua afilhada, apesar da diferença de idade das duas no decorrer da história ela se torna uma terceira voz no livro, e uma nova aliada pra Sarah e isso me agradou muito.
O que mais me surpreendeu, e me entristeceu, foi que temas tratados neste livro, ainda são tão presentes nos dias de hoje, mesmo tendo passado tanto tempo, como preconceito racial e igualdade de gêneros. E assim como nos dias atuais as pessoas justificam suas atitudes em nome de Deus, no passado não era muito diferente, eles usavam a religião e Deus para escravizar os negros, e oprimir as mulheres dizendo sempre que essa era a vontade de Deus, e distorciam a Bíblia.
No final do livro a autora conta como foi que conheceu a história dessas meninas, as pesquisas que teve que realizar, as mudanças que achou necessária fazer na história; uma delas alias me deixou bem triste que diz respeito a vida de Hetty, mas prefiro acreditar e imaginar na história contada pela a autora e não o que aconteceu de fato.
Me apeguei ao livro, amei cada personagem, torci para que tivessem seus finais felizes, chorei com suas perdas, aprendi com a garras delas. Seria impossível descrever a magnitude deste livro em apenas uma resenha, apenas digo pra que se preparem para viver um turbilhão de emoções.
“O que quer que seja moralmente correto para um homem fazer é moralmente correto para uma mulher fazer. Ela está dotada por seu Criador dos mesmos direitos e dos mesmos deveres.”
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Adriano.Pasq 21/01/2017

A escravidão das asas
Primeiro livro de Sue Monk Kidd que tive acesso. Adorei. A autora concilia o momento histórico do período escravista estadunidense com o surgimento de um pensamento feminista/abolicionista consciente partido das irmãs Grimké, com destaque para Sarah e o olhar do ser oprimido pelo regime de escravidão, com destaque para Encrenca.

A obra é narrada em primeira pessoa, na visão das personagens Sarah e Encrenca, cada qual relatando os acontecimentos de suas vidas neste período, algo que ocorre de forma única, graças ao estilo marcante dos trejeitos, e até mesmo traços de linguagem, incorporados às narrativas.

"A invenção das asas" só não levará cinco estrelas, pois ficou aquela sensação de que o livro acaba de forma abrupta, porém com um belo final. Recomendo a leitura.
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Patricia 31/08/2016

Resenha - A Invenção das Asas
A sinopse do livro me chamou muito a atenção pois gosto bastante dessa temática, e a forma da narrativa torna ainda mais interessante ao mostrar a historia do ponto de vista da "sinhá branca" e da "escrava preta".

Já no começo me empolguei com a personagem Sara, filha do dono da fazenda, o juiz Grimke. Sara era diferente, desde pequena não concordava com o fato de seres humanos serem donos de outros seres humanos, a escravidão não era normal para Sara, não concordava com os costumes e convenções da época.

Ocorre que no decorrer da historia me decepcionei um pouco com os rumos da personagem, acredito que a autora poderia ter explorado melhor essa característica da personalidade de Sara, que após um confronto com o pai devido aos seus ideais resolveu renunciar a tudo e se resignar ao seu destino.

Depois mais amadurecida ela cria coragem para propagar suas ideias, mas acredito que a autora poderia ter explorado mais esse lado de Sara o que não ocorreu e deixou um pouco a desejar, inclusive o destino de Encrenca poderia ter sido diferente caso Sara tivesse tido a coragem de desafiar as convenções e buscar o que ela realmente queria.

Realmente o que mais me incomodou no livro foi isso, mas a narrativa é fluida e a proposta da historia é boa.
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alvestache 07/08/2016

Duas asas
A Invenção das Asas é mais um daqueles livros que encontrei por acaso, mas que me chamou total atenção assim que bati os olhos e não me decepcionei nem um pouco durante a leitura.

A história traz a visão de duas mulheres, duas mulheres que buscam liberdade.
Apesar de terem origens diferentes e viverem em "mundos diferentes", ambas sofrem com uma opressão que, de certo modo, tem os mesmos efeitos. Seus sonhos parecem inalcançáveis e a única coisa que têm de concreta na vida são seus deveres para com os outros.
Sarah e Encrenca (Hetty) podem parecer pessoas totalmente opostas, mas no fundo ambas são iguais. Ambas querem ter voz, querem alcançar seus sonhos, querem ser livres.

Adorei a forma como o livro descreve cada fase da vida delas. Como o passar dos anos é bem pontuado e mostra, claramente, a evolução das personagens. A mudança de ideias e o desenvolvimento de cada uma delas.
Gostei dos personagens secundários que foram inseridos ao longo da história, pois eles tiveram um peso no desenvolvimento do livro, eram necessários e não apenas pessoas colocadas ali para aumentar a obra (sem finalidade específica).

Uma das coisas que mais gostei foi a narrativa. Apesar de não gostar muito de livros em primeira pessoa, a narração deste não seria tão tocante se não fosse escrito dessa forma.
Os capítulos eram intercalados, sendo narrados ora por uma protagonista, ora por outra.
Achei a narração de ambas tão sutil, porém tão notável. É incrível como a forma como as palavras eram colocadas mostrava o quanto havia diferença entre a forma que cada uma tinha de narrar sua própria história, um toque muito especial da autora. Nem sempre os autores conseguem diferenciar os narradores de uma história de forma tão bonita.
O que mais achei tocante, era a forma como Hetty escrevia suas cartas, os erros de português e as palavras simples, tudo tão meticuloso e adorável.

O livro tem como foco a abolição da escravatura, mas também tem traços de feminismo e muitas das situações narradas podem ser levadas para a situação atual do país e para a luta das minorias. É um livro tocante, com um final que pode causar algumas divergências entre os leitores, mas que para mim foi válido e não consigo imaginá-lo de forma diferente.
É um livro que entrou para minha lista de favoritos sem esforço e espero que mais pessoas o leiam.
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