Grazi Comenta 03/10/2014A fodástica história de como Hari Seldon desenvolveu a Psico-História E, mais uma vez, contra sua vontade e sem saber por quê, Seldon ouviu a si mesmo responder:
- Eu tentarei.
E o rumo de sua vida estava definido.
MEU PAI DO CÉU. Preciso respirar :) Acabei de ler esse livro e como sempre, acho que resenhar no calor do final é sempre melhor. Sai empolgação demais, mas é verdadeira kkkkk
Mais uma vez este homem acabando comigo. Isaac Asimov !
Lembro que comentei com uns amigos que achava que nunca mais teria uma conexão com uma serie de livros do mesmo modo que tive com Harry Potter. Descobri que errei feio quando conheci Fundação. Fiquei apaixonada pela trilogia principal há três anos atrás e agora caio de amores de novo por esse livro, que para todos os efeitos pode ser chamado de Livro 0. Vamos deixar de enrolação.
Prelúdio à Fundação narra os eventos anteriores a trilogia principal (que já tem resenha aqui no blog). Conta a história de como o matemático Hari Seldon desenvolveu a psico-história - ciência que é capaz de prever o comportamento de grandes populações. Essa ciência seria crucial para ajudar a humanidade a se salvar da decadência do império, que era prevista por Chetter Hummin, um jornalista trantoriano que se interessou pela apresentação que Seldon fez sobre a psico-história em uma conferência em Trantor, a capital do Império Galáctico. Depois dessa conferência, a vida de Seldon muda radicalmente e ele passa a ser perseguido pelo imperador e seu ''lacaio'' Eto Demerzel, que tinham intenção de usá-lo para se manter no poder. Com a ajuda de Hummin e a Dr. Dors Venabili, Seldon é encorajado a fugir das mãos do império para começar a procurar algo que torne a psico-história uma ciência praticável.
O livro é escrito em capítulos super curtos - o que, pra quem não leu outras resenhas minhas, me deixa doida de felicidade - e em terceira pessoa. É aquela técnica que permite você entrar na história, mas não saber o desenrolar dela até o final. Sabe, você fica martelando pra saber o que diacho o Seldon tá pensando, pois o narrador só dá algumas pistas. Ele também não segue só Seldon e Dors, mas também há cenas com Demerzel e o imperador Cleon.
A narrativa é ótima, como sempre. É frenética, toda hora tem ação e alguma coisa nova sendo descoberta. É no mesmo estilo dos outros livros, em que é dividido em partes e cada parte tem seus capítulos e geralmente cada uma delas é num lugar diferente. Nesse caso, em setores diferentes de Trantor: A Universidade, Mycogen, Dahl e Wye.
Em alguns momentos do livro, eu pude ter um insight do final, mas isso só por que eu já li outras obras de Asimov. Tipo, o final foi incrível e surpreendente, apesar de eu ter uma leve desconfiança. Se você não leu a trilogia ou outros livros dele duvido que ficaria menos chocado que eu. E esse livro não é relacionado só com a serie da Fundação, mas também com outra serie famosíssima de Asimov. Eu vou parar por aqui sobre isso, porque vou acabar dando um spoiler gigantesco.
Tenho que advertir que o tema central da série da Fundação é meio complicado e houve diálogos que precisei ler duas vezes pra entender direitinho e não perder nada, mas como eu já disse antes, o autor tenta escrever da forma mais simples e interessante possível.
Uma coisa engraçada sobre minha leitura desse livro é que como já li a trilogia principal, eu tive a tendência de imaginar Seldon como o velhinho que ele é no início do livro 1. Aliás, nesse livro ele está na casa dos 30 e aparentemente era um jovem atraente. Esquisito demais pra mim! Tava acostumada, haha. E foi muito complicado imaginar ele em suas cenas... joviais.
- Eu teria colocado a mão na sua coxa. - disse Seldon.
- Tem certeza?
- Absoluta.
- Mesmo que seus padrões de decoro na praia sejam mais altos que os nossos?
- Sim.
Dors se sentou na cama. Em seguida, se deitou e colocou as mãos atrás da cabeça.
- Então você não está particularmente inquieto com o fato de eu estar usando essa camisola com muito pouco por baixo dela?
- Não estou particularmente chocado. Quanto a estar inquieto depende da definição da palavra. Certamente eu notei como você está vestida.
- Ora, se vamos ficar encurralados aqui por algum tempo, precisaremos aprender a ignorar esse tipo de coisa.
- Ou nos aproveitarmos dela. - disse Seldon sorrindo (...)
Uma coisa que me deixou meio triste é que Seldon é um dos meus personagens favoritos, dentre todos os livros que li, e é um dos que tem uma história mais relevante. Bom, possivelmente o que fez alguma coisa mais importante do que os outros e como esse livro é todo sobre como ele lutou pra decifrar a psico-história, eu fiquei mal por saber que ele não viveu para ver se ela funcionou. :/
- Talvez seja prudente cogitar - respondeu Demerzel, com cautela - que, em vez de arriscar que Seldon caia nas mãos de Wye, talvez preferissemos que ele não caia nas mãos de ninguém. Fazê-lo deixar de existir, Majestade.
- Matá-lo, você quer dizer. - disse Cleon.
- Se são essas as palavras que o senhor deseja usar, Majestade - respondeu Demerzel.
Enfim, é mais um livro do Asimov e da Fundação que me conquistou completamente - em especial porque é quase todo voltado pra história do Seldon - mas como sempre tenho que avisar que recomendo estritamente para fãs da ficção científica. Se você está acostumado(a) com literatura mais adolescente (história de amor, sobrenatural) sugiro que, se decidir ler, esteja com a mente aberta. Essa é uma das grandes obras de sci-fi e como tal, tem suas vantagens e desvantagens para cada tipo de leitor.
É evidente que Seldon queria ser uma incógnita, exceto quando o assunto era psico-história. É como se ele acreditasse - ou quisesse que os outros acreditassem - que era apenas um psico-historiador e nada mais. - Enciclopédia Galáctica.