Mirela L. 08/03/2014Resenha para o Inteiramente DivaComentários:
Uau! Não é de hoje que vocês sabem da minha grande admiração pela profissional que Janice Diniz é. Ler a série Matarana é um prazer indizível e eu não poderia deixar de comentar o quanto é prazeroso poder ler algo que essa querida autora escreve. São obras assim, que nós vemos o quanto ler pode ser incrível e como é maravilhoso se sentir transportado para outro ambiente através das letras, se sentir mais lá do que cá, captar tantas emoções que fica até difícil respirar. E sim, Matarana consegue fazer isso – e muito mais.
Janice consegue cravar nas palavras nosso jeito, misturando ao simples um português singular. Pareceu complexo? Não, é cativante. Fogo no Cerrado continua sem decepcionar, sendo completamente irresistível e, se possível, conseguiu ser mais especial do que os outros livros da série. Encontramos romance, personagens únicos, ação, mas acima de tudo temos uma história que, em meio aos tiros, encanta através de cada palavra.
Relembrando o Enredo:
Estamos falando de Matarana, o local dos caubóis destemidos e das mulheres com personalidade forte. Que além dos personagens cativantes, traz consigo as disputas pelo poder, a ganância, as emboscadas, a vingança. Uma história que não é só romance – muito menos ‘água com açúcar’ –, e que apresenta uma narrativa crua e por vezes impiedosa, assim como a vida é. Janice Diniz encerra a trilogia arrasando, mais do que nunca, e deixando saudades.
O que vemos em Fogo no Cerrado?
Thales Dolejal está disposto a brigar pelo o que é seu por direito. Ele está pronto, com o seu herdeiro Dolejal ao lado, para se tornar o que nasceu para ser: o onipotente e dono de Matarana. Em paralelo, nós temos uma cidade sendo tomada pelo tráfico do Óxi e é esse tipo de comércio aliado a vingança que continuam dando o combustível para a vida de Leonardo Marau, filho de um dos poderosos do local. Rodrigo continua – agora mais do que nunca – trabalhando para livrar Matarana das drogas, não se importando mais com a proteção que os poderosos poderiam lhe garantir. Um homem que vive tentando não ser fantoche de ninguém em uma terra onde o dinheiro e o poder mandam e exigem obediência. E as mulheres de Matarana continuam mostrando que são de fibra e que possuem, como toda alma feminina, o lado encantador – anjo ou sedutor. Mais decididas, impossível!
Retomada da história e segmento:
Como já é usual na série, nós continuamos sendo reinseridos na história de forma sutil. Vamos relembrando, aos poucos, os acontecimentos cruciais e entendendo as suas consequências. Matarana tem um enredo incrivelmente interligado, nada escapa ou acontece “do nada”, cada cena e cada personagem tem alguma importância para a história. E como não podia ser diferente, Fogo no Cerrado, finaliza a série sem pontas soltas, mas ao mesmo tempo nós temos acesso a personagens com personalidades tão reais, que finalizamos o livro com a certeza de que eles continuam vivendo e que a qualquer momento a autora pode voltar e contar mais um pouco das suas histórias.
Crescimento dos personagens:
Uma das belezas na narrativa dessa série são os personagens, como já venho comentando. Críveis e realmente pessoas como eu ou você. Seres humanos, como qualquer outro, com medos, traumas, sensibilidades, sentimentos.
No período em que a história acontece, quando em um curto espaço de tempo, ninguém muda de uma hora para a outra. A autora consegue nos mostrar que para se modificar algo é preciso de tempo, assim como na vida real; do tempo certo e do querer – principalmente quando envolve a história de vida de uma pessoa; quando colocamos em pauta os momentos, o que se viu e viveu, além de todos os conflitos interiores que cada um trava consigo próprio a cada dia.
Quase no final de Fogo no Cerrado nós temos um gostinho da história após um período de três anos, e conseguimos captar facilmente que os personagens descritos ali mudaram, cresceram; e ver essa maturidade – cada um ao seu modo – encheu meu coração de amor e orgulho. Janice realmente sabia o que estava fazendo, Mais um ponto para a obra.
Os personagens em Fogo no Cerrado:
Thales Dolejal é um moço que tem a capacidade de atrair toda a atenção para si próprio. Ele é a “prova literária” que quando se tem carisma e charme, realmente se tem – até nos livros. E é neste terceiro livro que conhecemos um pouco mais da sua história de vida e chegamos até a entender a sua personalidade. Detalhes anteriores, das batalhas interiores e da trajetória que construiu um homem bruto e sem meias verdades (pontos apresentados e levemente desenvolvidos nos livros anteriores). Muitas mulheres foram fisgadas pelo seu coração frio e por seu olhar intenso.
O delegado de Matarana continua o homem ponderado de sempre, mas é neste último livro que entendemos o quanto os sentimentos podem comandar um homem, a autora aproveita mais uma vez para nos relembrar que todos nós temos um pouco dos dois lados, ou seja, ninguém é perfeito. O amadurecimento do meu Diabo Loiro é outro ponto super positivo. Franco não só ganhou espaço, como cresceu na narrativa. E eu preciso comentar que o Franco bonzinho tem o meu coração, mas quando ele está no modo Diabo Loiro é pra matar. Mais sexy impossível.
“– Franco…?
Ele abriu um olho e sorriu.
– Depois ele volta, dona Nova. – disse, a voz misturada com a respiração carregada.”
Não dizem que mães são como leoas?! Então pelas circunstâncias da vida podemos resumir Nova nesta palavra. Apesar do seu lado sensível e romântico, ela lutou para garantir a voz no relacionamento, mesmo que o coração do seu marido, aquele que ela se entregou de corpo e alma, seja fortemente leal ao pai. Karen volta com a sua personalidade explosiva em potência 1000%, fazendo tudo o que dá na telha e mais um pouco. O trabalho na confeitaria não era nada animador para uma mulher como ela, que neste livro vai atrás dos seus aliados e vai continuar defendendo aquele que é dono da sua lealdade, mesmo quando percebe o coração amolecer quando o assunto é um certo caubói… Já Valéria foi uma baita surpresa! Só digo isso! *-* E ah, vó Ninita foi a responsável por grande parte das minhas risadas.
Os casais e suas famílias:
A convivência familiar é um show a parte. Acompanhar os relacionamentos, suas consequências e suas mudanças foi super bacana. Perceber como a Karen completa o Rodrigo, como o Franco faz tudo pela Nova e sua família *Paolinha, sua linda* e toda a construção do relacionamento da Valéria com o Thales foi realmente incrível – eu ficava dando pulinhos a cada cena, rs. E ainda tem uma fofurinha que aparece na história só para amolecer nosso coração.
Era um modo diferente de ser olhada, as pálpebras semicerradas, o brilho de admiração e placidez no olhar, o esboço de um sorriso gentil. Ninguém a olhava daquela maneira, como se falasse com os olhos "Você é perfeita".
Acabou mesmo, Mirela?
Quando eu vi a palavra fim toda aquela tristeza, que o leitor sente quando um livro preferido tá acabando, veio a tona. Quando eu me permito começar uma série, e acabo me identificando muito com os personagens, o fim é um parto! Mas não precisei de tempo para sofrer muito, pois teremos o spin-off da série, chamado Justiceiros do Cerrado. Uma Canção para Franco será o primeiro livro e tem previsão de lançamento para abril/maio de 2015. \o/
E digo a vocês, com a escrita dessa mulher, mesmo eu sabendo que estaria começando hoje uma série com “10 livros”, apostaria sem pensar duas vezes. Eu digo e repito, Janice Diniz é diva!
Conclusão:
Fogo no Cerrado, para mim, foi o mais emocionante da série. Com cenas de ação que fez quase as páginas virarem sozinhas, na mesma proporção das cenas de romance, com casais que têm uma química incrível e envolvendo personagens perigosamente encantadores pelos seus defeitos, virtudes, fraquezas ou amores.
“– Eu te amo.
Ela se virou para ele, fez um carinho no seu rosto e o beijou nos lábios. Deitou a cabeça no tórax largo, sentindo-se segura e em paz.
– E eu muito mais.
Quando imaginou que ele enfim tivesse adormecido, ouvi-o falar baixinho:
– Impossível.”
Encantador ao seu jeito, é assim que Matarana é; é assim que essa série conquista.
"I'm a devil on the run, a six gun lover, a candle in the wind (…) Call me young gun." Blaze of Glory – Bon Jovi
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