Tutaméia

Tutaméia João Guimarães Rosa




Resenhas - Tutaméia


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@li.varal 02/04/2022

Sabedoria de Guimarães Rosa
12/2022 ? Tutameia: terceiras estórias
#JoaoGuimaraesRosa
?06.03.2022 a 02.04.2022
?06h12min, 320 p.
@novafronteira

Tutameia foi o último livro publicado em vida por Guimarães Rosa. São vários contos curtos, de três ou quatro páginas - e quatro prefácios espalhados pelo livro, mas assim identificados. Não recomendaria esse livro para alguém que queira começar a ler o autor. Alguns contos são herméticos, é quase uma poesia. Posso estar falando uma besteira, mas fiz uma associação com Dalton Trevisan no estilo: há uma economia de palavras, cada frase diz muito. Exige concentração para compreender. Certamente é um livro para ser relido. Guimarães Rosa é meu autor favorito. Meu próximo será Estas Estórias. Minhas histórias favoritas de Tutameia: Antiperipleia, Desenredo, Esses Lopes, Hipotrélico, Lá, nas campinas, Orientação, - Uai, eu?

?A estória, em rigor, deve ser contra a História? (25)

?Felicidade se acha é só em horinhas de descuido?? (53)

?Esperar é reconhecer-se incompleto? (63)

?Infelicidade é questão de prefixo? (103)

?Por que é que a gente necessita, de todo jeito, dos outros?? (151)

?Às vezes, quase sempre, um livro é maior que a gente? (193)
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Solange Sólon Borges 24/03/2022

Ossos de borboleta: Rosa, o inventor de palavras
Tutaméia ou Terceiras Estórias de Rosa reúne 40 contos curtos e sintéticos, uma ruptura com o estilo do escritor, que se volta à própria reflexão sobre a literatura e a feitura de seu trabalho; ficção e metaficção; desconstrói a linguagem e dá outro sentido às palavras recompostas. Este livro foi publicado poucos meses antes de sua morte em 1967. Tutaméia quer dizer algo sem importância, no nada, mixórdia, mixaria. Neste episódio, leio (que desafio sem tropeçar nas criações rosianas!) "Nós, os temulentos", focado em álcool e bêbados e muito divertido.

site: https://www.youtube.com/watch?v=EgkhesAISeA&t=30s
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paraondealeiturameleva 25/01/2021

Desafio
Para quem quer se desafiar a ler Guimarães Rosa. Comece com seus livros de contos. Este foi meu desafio e não foi fácil. Por orientação de uma grande professora de literatura, Guimarães é autor para ler em voz alta, devagar e se deliciando com o jogo que ele faz com as palavras.
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Thiago 29/09/2018

Ossos de Borboletas
"Tutameia", é uma reunião de quarenta brevíssimos contos publicado em 1967, é o último livro de João Guimarães Rosa, que viria a falecer poucos meses depois.
Existe uma frase atribuída a Anton Tchekhov, que diz que, o conto perfeito é uma história que se retira o seu começo e o seu final, e aí o conto estaria pronto. Foi essa a sensação que algumas destas brevíssimas estórias de "Tutameia" me deixavam ao término da leitura, e todas elas narradas com o estilo barroco e a sintaxe rebuscada e inovadora de Guimarães Rosa, dando conta da vida de pessoas simples do sertão, estilo, esse, que exige uma leitura e possivelmente releituras com muita atenção, pois cada detalhe por menor que seja é deveras importante em cada estória, o que torna essa coletânea não recomendável para um neófito no universo roseano.
Claire Scorzi 29/09/2018minha estante
Estou pensando em separar esse livro e o Primeiras Estórias para a Semana do Conto. Vamos ver.


Thiago 29/09/2018minha estante
Opa, vou gostar muito de vê-la falar sobre o Rosa.




Joana.Garfunkel 06/10/2016

Tutameia
Pra se passar a vida com ele, lendo e relendo.
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@pacotedetextos 17/05/2016

NONADA!
Conheci Guimarães Rosa há alguns anos, recém-ingresso na Faculdade de Letras.
Claro que já tinha ouvido falar dele quando mais novo; mas, a bem da verdade, nunca tinha me aventurado na sua leitura. Só conhecia, mesmo, "Grande sertão: veredas"…
Ao entrar na Faculdade, interessado em tentar o Mestrado em Literatura, fui atrás da lista de obras recomendadas e, voilà, "Grande sertão: veredas" na lista. Pronto, não poderia fugir.
Coincidentemente, logo depois me matriculei em uma disciplina ministrada pelo Prof. Ulisses Infante, na qual passamos um semestre inteiro dedicados única e exclusivamente às obras rosianas. Foi aí que finalmente descobri Guimarães Rosa!
Mas antes que você pergunte: não, eu ainda não o entendo. Mas isso que é legal nele! A cada leitura, você descobre novas formas de analisar o conto (ou o romance, dependendo de qual obra você esteja lendo). São várias camadas, percepções distintas… Guimarães brinca com as palavras, joga com nossa mente, é rei na arte das aliterações, sinestesias, metáforas, semântica e estabelece uma relação autor-leitor-narrador-escritor-personagem que, se você não prestar a devida atenção, acaba não entendendo nada do texto.
(Quem mais brincaria com o índice do livro, organizando os contos por ordem alfabética, excluindo dessa ordem apenas 3, cujas iniciais, agrupadas, formam JGR – João Guimarães Rosa?)
Em "Tutameia – Terceiras estórias", não é diferente. São 40 contos curtinhos (de três a cinco páginas) e 4 prefácios – espalhados ao longo do livro, ressalte-se – em que JGR conta as mais diversas estórias (na época em que fazia sentido estabelecer uma distinção entre história e estória): fala sobre ciganos, bêbados, estórias engraçadas, trágicas, traições, triângulos amorosos, vida, morte, travessias… Tanta coisa que, se eu for enumerar tudo, não terminarei nunca. Afinal, como disse, a cada leitura há novas descobertas.
Se é pra destacar alguns contos, para mim, são os seguintes (alguns deles versam, numa de suas camadas mais profundas, sobre o ofício da escrita):

- Antiperipléia: a história do guia de um cego, que se responsabiliza pelos relacionamentos amorosos dele;
- Desenredo: a “desestória” de uma traição;
- Esses Lopes: uma história de vingança;
- No prosseguir: a história de um pai idoso que resolve legar ao filho a segunda mulher com quem se casou, bem mais jovem;
- Orientação: a história de amor entre um chinês e uma nativa;
- Os três homens e o boi dos três homens que inventaram um boi: a história de um triângulo amoroso;
- Se eu seria personagem: uma história sobre autoconhecimento.

Sem contar o prefácio "Nós, os temulentos", recheado de clássicas piadas de bêbado!
RECOMENDO BASTANTE, pois, a leitura desse livro; mas faço aqui a sugestão dada pelo Prof. Claudicelio Rodrigues, segundo o qual a leitura de Guimarães Rosa ganha muito se feita em voz alta. Testei um dia desses E NÃO É QUE É VERDADE MESMO? Isso é decorrência clara da grande oralidade da obra rosiana (na verdade, qual é a causa e qual a consequência?)

Trechos

. A vida também é para ser lida. (Aletria e hermenêutica, p. 30)
. O livro pode valer pelo muito que nele não deveu caber. (Aletria e hermenêutica, p. 40)
. Cerrando bem a boca é que a gente se convence a si mesmo. (Azo de almirante, p. 55)
. Não há como um tarde demais – eu dizendo – porque aí é que as coisas de verdade principiam. (Curtamão, p. 69)
. As coisas só me espantam de véspera. (Curtamão, p. 71)
. Todo abismo é navegável a barquinhos de papel. (Desenredo, p. 72)
. Esperar é reconhecer-se incompleto. (Desenredo, p. 73)
. Os tempos se seguem e parafraseiam-se. (Desenredo, p. 73)
. O que mais cedo reponta é a pobreza. Me valia ter pai e mãe, sendo órfã de dinheiro? (Esses Lopes, p. 81)
. Tudo o que é bom faz mal e bem. (Estória nº 3, pp. 84-85)
. Salvo o excepto, um neologismo contunde, confunde, quase ofende. (Hipotrélico, p. 106)
. Palavra nova, só se satisfizer uma precisão, constatada, incontestada. (Hipotrélico, p. 107)
. Amara-a por fé – diziam, lá eles. Ou o que mais, porque amar não é verbo; é luz lembrada. (João Porém, o criador de perus, p. 119)
. Infelicidade é questão de prefixo. (João Porém, o criador de perus, p. 120)
. Viver é obrigação sempre imediata. (Lá, nas campinas, p. 131)
. O que ganho, nunca perco, o que perco sempre é ganho… (Melim-Meloso, p. 143)
. O amor é breve ou longo, como a arte e a vida. (Orientação, p. 162)
. Só o amor em linhas gerais infunde simpatia e sentido à história, sobre cujo fim vogam inexatidões, convindo se componham; o amor e seu milhão de significados. (Palhaço da boca verde, p. 169)
. Note-se e medite-se. Para mim mesmo, sou anônimo; o mais fundo de meus pensamentos não entende minhas palavras; só sabemos de nós mesmos com muita confusão. (Se eu seria personagem, p. 199)
. Mais vale quem a amar madruga, do que quem outro verbo conjuga… (Se eu seria personagem, p. 200)
. Ando a ver. O caracol sai ao arrebol. A cobra se concebe curva. O mar barulha de ira e de noite. temo igualmente angústias e delícias. Nunca entendi o bocejo e o pôr-do-sol. Por absurdo que pareça, a gente nasce, vive, morre. Tudo se finge, primeiro; germina autêntico é depois. Um escrito, será que basta? Meu duvidar é uma petição de mais certeza. (Sobre a escova e a dúvida, p. 213)
. Até hoje, para não se entender a vida, o que de melhor se achou foram os relógios. (Sobre a escova e a dúvida, p. 214)
. Se todos tivéssemos nascido já com uma permanente dor – como poder saber que continuadamente a temos? (Sobre a escova e a dúvida, p. 215)
. Somos os humanos seres incompletos, por não dominados ainda à vontade os sentimentos e pensamentos. E precisaria cada um, para simultaneidades no sentir e pensar, de vários cérebros e corações. Quem sabe, temos? (Sobre a escova e a dúvida, p. 218)
. Às vezes, quase sempre, um livro é maior que a gente. (Sobre a escova e a dúvida, p. 226)
. Quem entra no pilão, vira paçoca! (– Uai, eu?, p. 250)

Curiosidades

. Tutameia significa… “Nonada, baga, ninha, inânias, ossos-de-borboleta, quiquiriqui, tuta-e-meia, mexinflório, chorumela, nica, quase-nada” (p. 233).
. Este foi o último livro lançado em vida por JGR, que faleceu poucos meses após a sua primeira edição, em 1967.

site: https://pacotedetextos.wordpress.com/2016/05/17/resenha-guimaraes-rosa-tutameia/
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Suzanie 09/07/2013

Última flor do Lácio, inculta e bela...
Os contos baseiam-se na vida nos sertões de Minas Gerais, de vaqueiros aos seres marginais, como bêbados, presidiários, ciganos, dando azo às lendas e folclores do povo. Mais interessante, a meu ver, foram os contos sobre a vida dos vaqueiros, andarilhos do sertão a serviço dos fazendeiros. Em meio àqueles homens rústicos e à natureza indomável, o autor penetra seus sentimentos, suas estórias, costurando a luta pela sobrevivência com desejos, anseios, culpas, amores. Sobre a linguagem regional, Guimarães inventa um novo formato literário, com a sensibilidade de um artista que tece com a realidade que capta de suas próprias andanças. Não à toa, o autor lança uma epígrafe de Schopenhauer logo de início: "Daí, pois, como já se disse, exigir a primeira leitura paciência, fundada em certeza de que, na segunda, muita coisa, ou tudo, se entenderá sob luz inteiramente outra".

Com efeito, na primeira leitura de Tutaméia, tenho uma impressão incomum: entendo a estória, seu enredo, a construção linguística no geral, mas é como se lesse em outra língua. Semelhante a quando não dominamos uma língua estrangeira, mas entendemos o significado total e algumas construções gramaticais e linguísticas. Essa "desidentificação" (palavra bem ao sabor rosiano), ao contrário de ser ruim ou absurda, parece-me genial, pelo que produz de novo e inventivo no arcabouço linguístico do leitor. Assim penso, já que a língua é sobretudo movimento. E seu potencial para reinvenção, marca de sua riqueza.

Mas, ciente das velhas resistências, adverte-nos o autor em seu segundo prefácio, intitulado Hipotrélico: "Perspica-nos a inércia que soneja em cada canto do espírito, e que se refestela com os bons hábitos estadados. Se é que um não se assuste: saia todo-o-mundo a empinar vocábulos seus, e aonde é que se vai dar com a língua tida e herdada? Assenta-nos bem à modéstia achar que o novo não valerá o velho; ajusta-se à melhor prudência relegar o progresso ao passado". A propósito, este prefácio, já quase na metade do livro, é de leitura imprescindível a todo estudante ou amante das letras. Cada parágrafo produz um sem número de reflexões. Acompanhado de um glossário delicioso, que viaja pelas criações linguísticas, desde Cícero, com seu "verborum insolentia", até termos mais recentes, como "futebol".

Tutaméia reacendeu em mim o entusiasmo pelo que há de instigante e belo na língua portuguesa. As estórias são de tanta concisão que por vezes parecem-se poemas. Obra para ser relida, estudada, extenuada nos seus possíveis significados. E ao fim, cita novamente Schopenhauer: "Já a construção, orgânica e não emendada, do conjunto, terá feito necessário por vezes ler-se duas vezes a mesma passagem".
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Lela.c 12/05/2009

A chave do processo criativo do altor
Guimarães Rosa diz que Tutaméia, que quer dizer, ninharia, coisa pequena, é na verdade a chave criativa de sua obra , com 4 prefácios ao contrário dos demais livros que contem um só, esté é um livro para quem busca a chave de sucesso deste grande autor
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Hélio Rosa 22/01/2009

Short histories for sertanejos
De tudo o que li do Guimarães Rosa, isto é o que menos me impressionou pela força narrativa, mais do que pelo concisão, ou seja, pelo efeito do fato narrado. Suas histórias estão marcadas pelo condão do estalo, querem impressionar imediatamente pela estranheza, pelo insólito e pelo inesperado.
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