Felipe | Autor de "Gay de Família" 15/10/2010Joana é uma louca. Pelo menos era nas primeiras páginas do livro. Essa foi a primeira impressão que eu tive da protagonista. A mulher estava totalmente obcecada e louca de amor pelo seu ex-namorado Fernando. Joana pensava nele quase 24 horas por dia e eu que não sou um "amante do amor" não conseguia entender como isso funcionava.
Depois de 5 anos morando juntos, Fernando sai pela porta da frente e deixa Joana sem mais nem menos, sem nenhuma explicação aceitável. Nesse instante o mundo dela cai completamente e ela se vê totalmente sem rumo. Lendo mais a frente eu pude entender que Fernando era tudo de mais próximo que Joana tinha, isso porque ela deixou de viver para si e vivia inteiramente para o amor de sua vida. Achei isso um absurdo. Não que seja errado, mas olha só o que ela teve que passar por causa desse estilo de vida?
Foi aí que a Joana pirou. Óbvio, ela não tinha mais o que fazer já que sua vida era Fernando. Nada como uma mente vazia para começar a pensar em um monte de loucuras, né? Pois é. Joana não se dá por vencida e passa a usar seu conhecimento tecnológico para dar início a uma verdadeira perseguição. Tenho que confessar que já tive vontade de fazer muita coisa com meus conhecimentos na área, mas foram só planos mesmo*, não cheguei nem perto de tudo que a Joana aprontou. Quando eu achava que ela estava melhorando ela tinha mais uma idéia mirabolante.
Os sentimentos dela eram uma montanha russa, como no próprio livro diz, tinha dias que ela afundava na depressão e do nada arranjava forças para continuar e voltar a sorrir novamente. Joana estava sempre com os sentimentos à flor da pele e chorava MUITO, seja de tristeza ou de felicidade. ô, mulher para chorar! Isso me incomodou um pouco, era muito choro para uma mulher só, as vezes me dava uma vontade de sacudir Joana e dizer: "Se reorganiza, mulé!". Poxa, a mulher era linda, profissionalmente bem sucedida, poderia ter tudo o que queria e ainda ficava se lamentando? Era um tal de "lágrimas escorreram pelo seu rosto", "O travesseiro estava ensopado", "Joana enxugou suas lágrimas"... Mas o problema era que o "tudo o que queria" era o Fernando, e ela não o tinha.
Gostei muito das partes que contam sobre o trabalho da Joana, simplesmente pelo fato de eu também trabalhar nessa área e saber muito bem como as coisas funcionam. A autora não mentiu nenhum pouquinho, foi tudo muito real: As reuniões, os amigos do trabalho, o chefe, os prazos para entregas do projeto... Joana era uma excelente profissional. E mulher. E bonita. Não estou dizendo que mulheres não são excelentes profissionais, só estou dizendo que mulheres são raras nessa profissão, MUITO raras.
Pra quem fica preocupado de não entender a história por causa de termos técnicos (que nem eu lendo sobre política ou futebol), não seu preocupe. No rodapé da página vem algumas explicações para os termos não tão comuns como: Endereço IP, Timeout e Provedor. Mais um ponto para o livro.
Outra coisa que me chamou a atenção foram os títulos dos capítulos. Todos são ditados populares só que com um toque da Informática para combinar com a história. Daí saíram ditados como: "Amigos, amigos, senhas à parte", "Quando um não quer, dois não teclam" e "Quem clica seus males multiplica". Muito criativo, as vezes eu dava um jeitinho de ler mais só para ler o próximo ditado rs
Com o passar do tempo, Joana vai mudando, ficando mais forte, menos obcecada e começa a dar abertura para que outras pessoas entrem em sua vida como antigas amizades e novas formas de amor. Fiquei feliz por ela, de verdade. Ninguém merece ter uma vida dessa.
Aos poucos Joana vai se aproximando e conseguindo pistas sobre o mistério do abandono repentino de Fernando. Antes da metade do livro eu já havia matado a charada mas óbvio que não vou contar, vocês terão que descobrir.
Eu achei o final meio corrido porém as últimas cenas e os últimos diálogos foram lindos, carregados de emoção. Posso dizer que me deixou satisfeito.
ALERTA: No livro tem umas cenas BEM românticas, com um excesso de detalhes, digamos assim. Fui pego de surpresa e me senti meio desconfortável lendo isso no metrô cheio de gente em volta dando aquelas olhadinhas para o livro. Mas foi bobeira minha, já estou avisando para vocês se prepararem. Tem quem goste, né?
Recomendo o livro para quem é da área da Informática e também para quem gosta de ler romances, esse difere bastante do que já li. Quem se sente mais a vontade com números, deixo, de zero a 10, uma nota 7 para Perseguição Digital.