spoiler visualizarWellington 30/04/2011
Análise Crítica entre o filme Odisséia e a obra literária Odisséia
A ODISSÉIA. Direção: Andrei Konchalovsky. Produção: Dyson Lovell. Intérpretes: Armand Assante, Greta Scacchi, Alan Stenson e outros. Roteiro: Andrei Konchalovsky e Christopher Solimine. EUA: American Zoetrope, 1997. 1 DVD (176 min.), son., color.
Homero narra à história de um rei grego chamado Odisseu da ilha de Ítaca, que segue em batalha contra os troianos num momento em que sua esposa, Penélope carecia como nunca de sua companhia e afeto, pelo nascimento de seu único filho Telêmaco que após a sua partida e em momento de extrema perseguição, luta para suceder o trono do pai, em meio à discórdia dos opositores, mais passados 20 anos de muitas dificuldades, Odisseu consegue retornar ao seu reino, reconquistá-lo estrategicamente, rever Penélope – “seu mundo” – e Telêmaco, o filho amado que deixara pós o seu primeiro mês de nascido.
Após sete longos anos de intensa batalha contra Tróia, Aquiles, um guerreiro grego, filho de Peleu (um mortal) e da ninfa Tétis (uma deusa), é sucumbido, enfraquecendo assim o seu exército, entrando em ação Odisseu, um guerreiro inteligente e astuto, que tem uma idéia espetacular de construir um cavalo de madeira, recheá-lo de soldados prontos para a batalha e oferecê-lo como presente pela falsa derrota e rendição ao reino de Tróia. Essa estratégia logra sucesso, a guerra é vencida pelos gregos, nascendo nele um orgulho exagerado que o leva a mencionar uma total independência aos deuses pela vitória de seu exército, desacreditando que o homem mortal careça da ajuda das divindades, motivando Poseidon, deus dos mares, com toda sua ira a lançar uma maldição onde esse guerreiro seria arrastado para todo o sempre pelas águas dos mares não conseguindo voltar para os braços de Penélope, porém em meio a um emaranhado de dificuldades, essa longa história finda com ele retornando a Ítaca e reconquistando o seu trono, provando para todos que estava vivo e pra si mesmo a dependência aos deuses, principalmente a Atena sua deusa protetora.
Assim como em Ilíada, a Odisséia é um poema que parte da imaginação popular grega, tomando forma a partir da iniciativa de Homero que passa a escrever essa obra monumental de relatos longos no objetivo de deixar um registro histórico da época que pudesse subsistir a gerações. A partir dessa iniciativa podemos constatar que o poema Odisséia sai do informal para o formal, da não literatura para a literatura e sendo uma ficção entra no mundo da presença-ausência. Mesmo que não se saiba o certo da existência de seu autor (Homero), o poema teve a capacidade de transpor décadas, sendo material de estudo para a Teoria da Literatura, cumprindo mais uma forma de expressão literária: a identificação do autor sobre a obra.
Por representar de forma rasteira e sinóptica, a obra em vídeo não cumpre em partes o objetivo da história escrita por Homero, principalmente quando restringindo a sua mensagem a uma situação desinteressante, levando-a somente para uma característica romântica da relação existente entre o protagonista Odisseu e sua esposa Penélope, deixando de destacar algumas características necessárias da cultura épica grega e troiana e suas situações política, além de outros fatores que ficando bem claro a omissão quando comparamos com a obra relatada na íntegra.
Concluímos que pelas características apresentadas, Odisséia é de fato uma obra literária, por causa dos relatos históricos ultrapassarem séculos, sendo dotada de um envolvimento social, um texto ficcional, a identificação do autor por relatá-la dentro de uma perspectiva literária, a linguagem e outros fatores que não julgamos necessário mencioná-los, além de a referida obra ser uma fonte inicial de estudo, juntamente com Ilíada - esta escrita em forma de rapsódia -, para a formulação de argumentos que principiam e dão sentido à Teoria Literária, mesmo por haver adaptações no formato em análise que omite alguns pormenores.