Euflauzino 08/02/2017O perigo vem do espaço
Imaginem vocês uma infinidade de aventuras que se entrecruzam a uma multiplicidade de estilos (já que são muitos autores). Só poderia dar um nó na cabeça do leitor se não fosse editado por ninguém menos que o grande badass da atualidade: George R. R. Martins (também um dos autores). São ganchos e ligações que se encaixam com perfeição.
Se no primeiro livro da saga Wild Cards fazia-se necessária certa bagagem cultural, principalmente sobre a história norte-americana, neste já entramos direto na aventura, nem é preciso ter tanto conhecimento assim. As referências continuam a todo instante, mas são mais atuais e para leitores curiosos pode ser até instigante.
Em Ases nas alturas: Wild cards – Livro 2 (Leya, 400 páginas) as aventuras ganham nova roupagem, saem das décadas de 60 e 70, desvencilham-se de Jetboy e adentram a década perdida de 80 (não sei por que lhe chamam assim, já que me criei nela, aproveitei cada um daqueles maravilhosos dias e, entre outras coisas, vi nascer o rock nacional cheio de pulsação e inventividade, mas deixemos isso de lado).
Neste segundo livro o alienígena Jube, disfarçado de curinga, é quem liga todas as histórias. Quadros de um vitral multicolorido, caleidoscópio ininterrupto de incidentes perigosos envolvendo as vítimas do vírus carta selvagem (ases e curingas); alienígenas de olho na Terra; um androide cheio de sentimentos ao estilo Blade Runner e o restante da humanidade, sem poderes e sem deformidades (os limpos), que podem ter a vida extinta por uma ameaça vinda do espaço, aguardando o momento ideal para atacar. E ela já enviou para a Terra seus peões e eles estão famintos:
“— Como eu lhe disse, meu amor... Cães e gatos desaparecendo... vira-latas, cães com dono; pessoas nessas partes não estão preocupadas com as leis da coleira. E pombas. E ratos. E esquilos. Muitos quarteirões estão simplesmente vazios da vida selvagem urbana comum. Tirando as piadas sobre a cozinha oriental, acho que isso poderia ser qualificado como evento estranho. — Entenda isso agora, Mark. Pode não haver nada aqui. Mas, se encontrarmos o que estamos procurando, estaremos enfrentando um monstro parecido com os de filme de horror. Mas é real. É o inimigo de cada organismo vivo deste planeta e ele não tem escrúpulo nenhum.”
Uma terrível Ordem previu a chegada deste Mal. Trata-se de uma organização maçônica que conspira para controlar o planeta, mas não se trata da maçonaria moderna, mas da egípcia, com ritos mais antigos e primitivos, portanto ainda mais herméticos:
“— Não — disse ele. — Você leu Crowley. Ele não via utilidade na moralidade ordinária, nem eu. ‘Faça o que quiseres, há de ser tudo da Lei’. Quanto mais aprendo, mais percebo que tudo está aí, nessa única frase. É tanto uma ameaça quanto uma promessa.”
Alguém aí percebeu um trecho da canção “Sociedade alternativa” de Raul Seixas e Paulo Coelho (o mago)? É uma delícia quando percebemos tais referências, a leitura passa a ter outro sabor, cheia de significados ocultos. Porém, há muito mais. Lovecraft é arremessado sem piedade nesta grande salada:
“— Tem mais uma parte. A coisa que está por trás da moeda de Balsam é uma divindade suméria chamada TIAMAT. É de onde Lovecraft tirou o Cthulhu. Algum tipo de monstro imenso, amorfo, de além das estrelas. Lovecraft provavelmente criou sua mitologia a partir de documentos secretos do pai. O pai de Lovecraft era maçom.”
site:
Leia mais em: http://www.lerparadivertir.com/2017/02/wild-cards-02-ases-nas-alturas-editado.html