Resenhas - Água Viva

Dulcinea2 08/06/2024

"O que te falo nunca é o que falo e sim outra coisa"
Uma protagonista pintora escreve a um ser masculino sobre suas ânsias, pensamentos, confissões, desejos, talvez esse seja o melhor resumo desse livro da Clarice Lispector, Água Vida, que eu posso produzir, mas que diz tão pouco sobre ele.

Não há aqui uma história propriamente dita, não tem uma narrativa fio condutora, tudo aqui é fluxo de existência, na sua melhor forma, sobre ser mulher, ser humano.

É nesse jato de desejos e palavras que esse ser feminino fala sobre a sua vida, sobre a pintura, sobre ser no mundo, sobre o it, sobre a existência. É poesia filosófica pura, o que de melhor a Clarice produziu e a literatura pode proporcionar.

carolina 08/06/2024

Nossa, achei esse livro legal demais.

Vou confessar e dizer que eu fiquei confusa em basicamente toda parte do livro, mas essa confusão me dava espaço para pensar e tentar entender tudo, o que eu achei super interessante.

Foi o primeiro livro da Clarice que eu li e de cara já gostei bastante, apesar do que eu disse ali em cima do entendimento, e eu com certeza vou acabar lendo mais coisas dela.

Achei um ótimo livro pra parar e pensar nas coisas, te faz ter pensamentos que você nunca teria se não tivesse lido ele.

giov.giov 08/06/2024

Quando eu crescer, quero escrever assim. te amo clarice. essa mulher pensa o mundo de um jeito tão surpreendente, fico tão feliz de existir num mundo em que eu posso ler clarice.

PatrAcia157 07/06/2024

Amo como Clarice Lispector me deixa louca!
Sem sombras de dúvidas, ler qualquer obra da Clarice me leva a um estado de profunda crise existencial, é simplesmente bom demais.

Felipe1256 07/06/2024

Eu dou e dou e dou
Minha vontade de comentar sobre uma obra que é em sua cerne uma ode ao nada é tradução perfeita da irremediável distância que senti com o livro. Simplesmente não consigo apreciar o vazio, o instante, o nada, o não Deus. O vacuo me assusta. De alguma maneira sinto inveja do livro, queria ser como ele, mas não sou.

Minha passagem favorita?
"Quando vem o inverno eu dou e dou e dou. Agasalho muito. Aconchego ninhadas de pessoas no meu peito morno. E ouve-se barulho de quem toma sopa quente. Es- tou vivendo agora dias de chuva: já se aproxima eu dar."
A diva me entende, mas eu não entendo a diva.

mabi 06/06/2024

Ritmo Frenético.
Admito que essa obra é muito difícil de ler. É um livro denso, extenso e multi-facetas. Me deixou em ressaca literária por um tempo, mas quando tornei a ler, o devorei. Para ler Clarice precisa estar no clima, estar disposto a entrar numa psicodelia intencional. Esse livro me lembrou uma crise de ansiedade, sem pausas, pensamentos entrecortados e interrompidos por outros, sempre pensamentos difíceis e tão, tão profundos. É reconfortante ao mesmo tempo que sufoca... como a liberdade que o eu-lírico tanto descreve. É um livro muito humano, tem sangue, tem veias. E sem dúvidas se tornou um favorito! ?

Quel~ 06/06/2024

Escrita única, nunca li nada igual. Em alguns momentos parece bem confuso, mas em outros momentos as ideias são muito claras, insights profundos que me fizeram ter umas 10 crises existências durante a leitura. Ler Clarice realmente é uma experiência única. Recomendo!

Nathalia Possenatto 06/06/2024

Uma mas leituras mais bonitas que já fiz..
Já havia lido outros livros da Clarice mas esse me encantou de uma forma diferente, seus pensamentos tão atuais, eu amei.

.babs 05/06/2024

Um sonho dentro de um sonho
A leitura desse livro não é pra qualquer momento. Pq ele te pega e faz pensar na vida ao ponto de entrar em estado de contemplação. Não é pra ser devorado, e sim, degustado com toda parcimônia possível.
Confesso que, na pressa, me perdi nos pensamentos dela algumas vezes e precisei voltar trechos, foi então que percebi meu equívoco em querer correr. O último trecho tem todo o meu coração:

"E eis que depois de uma tarde de ?quem sou eu? e de acordar à uma hora da madrugada ainda em desespero ? eis que às três horas da madrugada acordei e me encontrei. Fui ao encontro de mim. Calma, alegre, plenitude sem fulminação. Simplesmente eu sou eu. E você é você. É vasto, vai durar.
[...]Olha para mim e me ama. Não: tu olhas para ti e te amas. É o que está certo."

teus :) 05/06/2024

?Não quero perguntar por que, pode-se perguntar sempre por que e sempre continuar sem resposta: será que consigo me entregar ao expectante silêncio que se segue a uma pergunta sem resposta? Embora adivinhe que em algum lugar ou em algum tempo existe a grande resposta para mim.?

Michel166 05/06/2024

Demorei muito. Porém, finalizado
Clarice sempre foi profunda em seus textos. Essa profundidade é algo admirador ("Mas escrever para mim é frustador: ao escrever lido com o impossível"). Esse lado espontâneo e tão preciso da Clarice, nos faz reviramos em nossos pensamentos.
Enfim, livro finalizado com sucesso. Leitura completamente questionadora. Fazendo-nos repensar o sentido de realmente estarmos vivendo a vida que estamos supostamente "controlando".

lolomba 04/06/2024

Tentar fazer uma resenha deste livro e tentar descrever com uma palavra o mistério da vida. Precisa-se sentir.

Silvania.Beatriz 04/06/2024

Viva?
O texto é predominantemente marcado pelo fluxo de consciência de uma pintora, a qual não dá muitos detalhes da sua vida pessoal, inclusive não se sabe seu nome. Ela tem pensamentos, aparentemente enquanto pinta, e vai escrevendo.

Essa obra não me prendeu como eu esperava, por isso me senti frustrada. Quem sabe em uma possível releitura eu mude de ideia. Deixo uma das citações que mais gostei:
"Antes de me organizar, tenho que me desorganizar internamente." posição 645

Nanda5Oli 04/06/2024

A atualidade sou Eu
Me achei uma observadora dentro do fluxo de consciência da narradora onde tudo ali era imediatista percorrendo diversos assuntos: filosofia, religião, vida, morte...

hellen 04/06/2024

E quando estranho a vida, aí é que começa a vida.
Não parece ser o fim dele, mas só um novo começo de devaneios e atravessamentos, com certeza pede muitas releituras com o tempo. Clarice tem esse dom de colocar em palavras afetos, antes até mesmo desconhecidos, que nos atravessam.

Água viva foi/é uma experiência diferente, a personagem narradora não tem uma identidade fixa ou exposta (e isso que faz ela ser tão surpreendente, parece que estamos mais ligados por isso), narra pensamentos corridos, curiosos, reflexivos, entra em dilemas entre presente, passado e futuro, focando nesse instante que se perde, nesse instante inalcançável. O instante é tudo e deve ser lembrado - "...pergunto se você aguenta que o tempo seja hoje e agora e já."

A dita liberdade e solidão, junto com a sua busca por um lugar no mundo, um sentido de viver. Assim, os dilemas com Deus tambem estao presentes por interrogações e questionamentos sobre vida, morte e propósito.
Nessa obra a arte da pintura é colocada como uma forma de abstração do pensamento e tenta-se passar para a palavra esse sentir, parece ser um objetivo da narradora. Ela conversa com a gente, faz perguntas e pausas necessárias (mesmo q não seja dividido em capítulos).
Esse livro significou muito pra mim, espero revisitar essas anotações e trazer mais e mais sentidos.


"Agora é um instante. Você sente? eu sinto."

"Simplesmente eu sou eu. E você é você. É vasto, vai durar..."