A travessia

A travessia Cormac McCarthy




Resenhas - A travessia


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Javalis de Chernobyl 28/05/2024

“Levantava-se e atiçava o fogo e ela sempre de olho nele. Quando as chamas se avivavam os olhos dela se inflamaram como lampiões de uma porteira que conduzia a um outro mundo. Um mundo a arder na borda de um vazio impenetrável. Um mundo feito de sangue e solução alquímica de sangue e sangue no cerne e no tegumento porque nada a não ser sangue tinha o poder de ressoar contra aquele vazio que hora após hora ameaçava devora-lo.”(Pag.75)

Primeiro vou aos pontos negativos, o que me fez tirar uma estrela do livro: Acho que McCarthy fez algumas escolhas ruins ao escrever a obra, foi demasiadamente longa pra uma história tão arrastada, onde pouca coisa acontece (ainda mais em comparação ao primeiro da trilogia), ficando até mesmo repetitivo às vezes.

A primeira parte e metade da segunda compõem um texto literário fantástico, ao meu ver. O texto, a narrativa, as discussões que ele trata. Talvez seja uma parte da obra de McCarthy que se equipara, à nível técnico, a sua obra-prima, "Meridiano de Sangue". Porém, a partir daí, a história se torna arrastada, repetitiva e até mesmo desnecessária, ao meu ver. A busca dos irmãos pelos cavalos dos pais e sua relação ao longo do empoeirado e perigoso México não me prende tanto quanto a parte inicial.

Falando das partes boas, ou melhor, incríveis, do livro: É impossível não falar da escrita minuciosa e aterrorizante de McCarthy. Apocalíptica, diria eu. Muito do que ele discute é sobre a relação do homem e da natureza, especialmente a relação de poder, como a caça, um hábito que, segundo ele, muito em breve não existirá pois não haverão mais motivos para tal, ou seja, os animais morrerão. Animais que enxergam o homem como um semideus cruel e imprevisível.

No início do livro, Billy, o protagonista tem uma relação diferente com a natureza, não predatória, mas silenciosa e contemplativa. É por isso que a parte inicial da história gira em torno dele e da loba que ele captura nos arredores de sua casa, abandonando a família para levá-la de volta ao México, lugar onde ela e seus antepassados pertencem. A tensão em que ele descreve a relação entre Billy e a loba é um ponto fortíssimo ao longo da narrativa inicial do livro. As partes II, III e IV eu não quero entrar em muitos detalhes, pra não estragar o livro com spoilers.

McCarthy escreve muito bem histórias de formação. Não só esse e Todos os Belos Cavalos, mas outros de seus livros, como A Estrada e Meridiano de Sangue são protagonizados por meninos, numa jornada de violência e perda da inocência que os transforma em homens ao final de cada. O que é interessante aqui é o fato de que McCarthy escreve muito sobre a corrupção do homem (não enquanto “raça humana”, mas enquanto gênero), e seus personagens, passando por esse processo ao longo de suas formações, tornam-se homens quebrados como aqueles que os “violaram” e os corromperam. A própria relação de Billy com a natureza muda, ao fim do livro.

A ambientação aqui é a fronteira entre os EUA e o México, um mundo quebrado, árido e vazio de sentido, cujas bases históricas se prostram no embate entre barbárie e civilização, e toda a violência que esse contexto carrega. Nesse mundo primitivo e apocalíptico, a presença de Deus se prostra quase como que uma maldade do destino, um Deus do Velho Testamento cuja onisciência é opressiva, como se a atmosfera pesasse sobre os personagens e os encarasse de cima, do cosmos, punindo-os apenas por viver, por contrariar o instinto mais primitivo desse deus: A destruição.

Para Cormac McCarthy, se os homens são feitos a imagem e semelhança de Deus, então não há nada mais divino do que serem criaturas violentas e punitivas.
Orsini 28/05/2024minha estante
Foda




Geovani.Moreno 22/04/2024

Atravessando a vida
Mais uma vez McCarthy entrega muito nesse romance A Travessia (1994), componente da trilogia da fronteira. Esse é então, o segundo livro da série. Aqui temos Billy Parham, com seus 16 anos vivendo com a família no interior do Novo México, que após um fato inusitado, a busca por uma loba desgarrada, decide partir para o México para devolvê-la a sua terra.
Esse é o mote para que o autor entregue uma história cheia de violência humana mas, não é sobre isso. É sobre o título do livro e o que temos que atravessar na busca de nós mesmos. Para mim, um dos melhores personagens já construídos nessa temática.
Já me acostumei com a escrita sem travessão, diálogos em espanhol foram preservados e fazem todo o sentido. Um texto ágil em alguns momentos é profundamente reflexivo em outros. Traz assim uma sensibilidade tocante, da qual não conseguimos escapar.
Excelente livro que se transforma numa experiência mesmo.
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Leila 17/04/2024

Minha terceira incursão na obra de Cormac McCarthy, através de A Travessia, continua a reafirmar a minha enorme fascinação pelo talento singular do autor em criar narrativas profundas e envolventes. McCarthy, conhecido por sua prosa austera e suas reflexões sobre a natureza humana, mais uma vez entrega uma história que transcende simplesmente as palavras impressas nas páginas. Confesso que fiquei simplesmente embasbacada com a primeira parte da narrativa, não falarei nada para não estragar a experiência de vocês, mas digo que é algo que beira ao surreal o que o autor consegue fazer. Magistral!!!

A obra segue Billy Parham, um jovem de dezesseis anos, em sua jornada dos Estados Unidos ao México. Parham, assim como outros personagens icônicos na literatura de McCarthy, é lançado em um mundo vasto e desafiador, onde cada passo revela uma nova camada da complexidade da existência humana.

Ao longo da jornada de Billy, somos confrontados com paisagens áridas e personagens ricos em experiência de vida, cada um contribuindo para a riqueza da narrativa e para a compreensão de Billy sobre o mundo que o cerca. É uma travessia que transcende o espaço físico, levando-o a uma jornada de autodescoberta e amadurecimento. Sua relação com a família e principalmente com o irmão é um show à parte!

Enfim, permanece minha admiração e meu encantamento pelos livros de McCarthy, cuja escrita transcende o tempo e continua a me inspirar e emocionar como leitora. Só leiam!
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AleixoItalo 07/03/2024

"Aos homens sobrevive o mal que fazem, mas o bem quase sempre com seus ossos fica enterrado.

— William Shakespeare, Júlio César"

Lembrar que A Travessia faz parte de uma trilogia é desnecessário, uma vez que o livro funciona muito bem isoladamente, sem ligação nenhuma com a obra que o antecede. Se em Todos os Belos Cavalos temos uma obra mais pé no chão e menos dramática, aqui estamos de volta ao estilo violento e filosófico de Meridiano de Sangue.

A trama se passa num cenário recorrente nas obras do autor: o sul dos EUA e o norte do México. É em meio à essa paisagem que ainda retém seus aspectos selvagens, que Billy Parham vive com sua família, em uma pequena propriedade rural. No dia em que Billy captura uma loba e decide levá-la de volta ao México, ele dá início à uma série de travessias da fronteira que irão mudar sua vida pra sempre.

Eu já comentei que o faroeste de McCarthy é uma vertente mais sóbria e atual do gênero. Tal "frescor" é reflexo de uma interpretação contemporânea, contrastando com o romantismo que era relegado às histórias de bang bang, e também reflete o choque cultural que se deu entre aquele estilo de vida com o mundo moderno. A modernidade cobra seu preço dos personagens, habitantes de um tempo passado que vão perdendo seu espaço no mundo, cada vez mais deslocados e ignorados pelo sistema. É nesse atrito entre anacronismo e atualidade, que McCarthy encontra terreno para desenvolver sua obra e para filosofar.

Em seu fabuloso Doze Contos Peregrinos, Gabriel García Márquez faz da Europa uma morada fria e hostil para aqueles que vivem longe de sua pátria, um mundo dotado de uma realidade estranha à qual os peregrinos têm dificuldade para se adaptar. A Travessia também é uma história sobre o drama dos forasteiros, uma vez que Billy Parham coloca os pés na estrada, ele perde para sempre sua nacionalidade e inicia um ciclo sem fim de idas e voltas, sempre muito custosas para o personagem. Compartilham da sina de Billy, outros viajantes: a loba, seu irmão Boyd, seus cavalos e outros personagens que encontram pelo caminho. Cegos, atores, ciganos, clérigos descrentes, são todos estrangeiros sem raízes num mundo que lhes ignora e portanto vagam a deriva seguindo as estradas sem saber ao certo o que procurar.

Talvez a característica mais marcante de Cormac McCarthy é o aspecto visual de sua narrativa, dotado de um grande vigor descritivo ele pinta paisagens, passagens e acontecimentos que beiram o fantástico em determinados momentos. Nesse sentido, é impossível não remeter ao clássico Meridiano de Sangue, uma vez que nos deparamos novamente, com um épico ambientado nas vastas paisagens portentosas do México. A Travessia bebe muito de suas fontes — muito mais que seu antecessor por exemplo — mas enquanto o Meridiano de Sangue é uma verdadeira jornada ao inferno, A Travessia seria uma pena no purgatório, um calvário que o protagonista Billy tem de pagar, sempre vagando no entre-fronteiras, sem entender o que está acontecendo e com direito à encontros e diálogos metafísicos com outros condenados.

Eu iniciei essa resenha com a famosa frase de Marco Antônio em Júlio César, de Shakespeare, pois afinal, A Travessia é uma grande divagação sobre a violência — um tema abordado em toda obra do autor. Alguns tratam a violência como um desvio de caráter à ser eliminado, outros a abraçam cinicamente e alguns, como McCarthy, a tratam como algo natural, idiossincrático à nossa natureza. As mazelas pelas quais Billy passa não possuem razão de ser, elas simplesmente o são. Intercalando suas aventuras, Billy se depara com outros personagens que também foram assolados pela violência e durante esses momentos, são travados diálogos e narrativas à respeito da natureza de Deus, dos homens violentos, da guerra, etc... esses momentos de calmaria, são os momentos de reflexão para os personagens e ressoam para além das páginas, é o momento em que o próprio autor ecoa questões fundamentais sobre a condição humana e nosso lugar na história.
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Luiz E.Morais 30/07/2023

Término da leitura; 30/07/2023

Post-its

as cicatrizes são a confirmação do passado vivido. o eterno revela-se na transitoriedade latente e eminente. descobrir que a efetividade e confirmação da obtenção do almejado serve unicamente para lançar luz no baú de desejos desperdiçados, não concretizados. o movimento como procura incessante de um fim. não se acha os significados, cria-se os significados, vc que diz como as coisas funcionam, mesmo que o dito destino seja inexorável e a antologia de fracassos cotidianos adquira novos capítulos a cada momento de lucidez.
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O'Prado 11/06/2023

" Me parece que você já passou por muita coisa neste mundo."
" Só estava falando demais. Tive mais sorte do quem muita gente. Só tem uma vida que vale a pena viver e foi com ela que eu nasci."

Gostei mais do primeiro da trilogia, Todos Os Belos Cavalos, mas esse segundo também é bom, vale a pena eu diria, pelos diálogos e descrições e os personagens críveis, só esperar o terceiro ganhar uma nova edição agora, o Cidade das Planícies ?
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Flávia Menezes 07/06/2023

?A MORTE É BEM MAIS DO QUE UM CORAÇÃO PARADO.
?A Travessia? é um romance western do escritor norte-americano Cormac McCarthy que juntamente com ?Todos os Belos Cavalos? e ?Cidades da Planície? faz parte da ?Trilogia da Fronteira?. Publicado em 1994, neste ano o livro ganhou (em terras tupiniquins) uma nova edição pela Editora Alfaguara. Mas muito embora se trate de uma trilogia, não vemos neste segundo livro nenhum dos personagens que conhecemos no primeiro romance. Aqui acompanhamos uma nova história, do jovem vaqueiro (cowboy) Billy Parham, que nos cede um espaço no seu cavalo, e nos leva nessa grande aventura.

Assim como no primeiro livro, neste também encontramos a história de uma família bem simples, de cowboys trabalhadores e sem nenhuma posse, que precisam pegar uma loba que tem atacado o rebanho, e matado algumas vacas e bezerros.

O que mais marca neste começo, é a forma como os filhos, Billy e Boyd, obedecem ao pai sem questionamentos. Como a trama tem início alguns anos antes de estourar a Segunda Guerra Mundial, temos aqui o retrato da família de antigamente, onde pais eram respeitados e ouvidos por seus filhos sem serem contestados.

No mundo atual, ser pai ou mãe pode ser algo bastante desafiador. Especialmente no que se trata da comunicação entre pais e filhos. Nessa Era do TikTok, é comum vermos muitos vídeos de filhos que gravam os pais em situações que podem até parecer cômicas e provocar risos em quem está assistindo, mas a verdade é que não passa de uma exposição dessas pessoas ao ridículo. E muitos desses vídeos são apenas para mostrar uma geração diferente, que não entende muito de tecnologia, que não conhece os nomes da atualidade que encabeçam o cenário das mídias sociais, mas que ainda assim (acredite!) tem muito mesmo a nos oferecer e ensinar.

Uma coisa que percebo na atualidade, é que não temos mais apenas gírias, como antigamente. Hoje é praticamente uma linguagem nova, que vejo muitos jovens usando com seus pais (e até avós), sem sequer se dar o trabalho de explicar. É como se houvesse uma obrigatoriedade em saber o que estão dizendo, e se você não entende... está automaticamente excluído da conversa como um ignorante analfabeto. Tankar, dropar, mitou... está cada vez mais difícil acompanhar essa linguagem coloquial que se expande a cada dia! Mas será que saber usar as gírias da moda e bancar os descolados e antenados é tudo o que precisamos? Será que esses conhecimentos da moda da atualidade substituem os ensinamentos e a sabedoria do passado? Quer saber? Hablei!

Mas não é só de obediência aos pais que se faz um jovem vaqueiro no universo de Cormac McCarthy. Mas de muita coragem para enfrentar um mundo bastante cruel e desumano, onde é preciso ser forte para conseguir sobreviver.

O autor constrói sua narrativa a partir de três incursões do protagonista ao México. Em sua primeira viagem, acompanhamos o jovem Billy em sua caçada obstinada à uma loba que está devastando o rebanho das terras onde seu pai trabalha, e o que vemos é muito mais do que uma simples captura de um vaqueiro que precisa eliminar um problema.

Primeiramente o garoto procura compreender a loba. A segue e observa cada um de seus passos, inclusive percebendo que ela leva alguns filhotes em seu ventre. Depois, ao conseguir enfim capturá-la, somos tomados pela mesma compaixão que o garoto, que parte dos Estados Unidos rumo ao México, unicamente para devolver o animal ao seu verdadeiro lar. Uma viagem dura, e de uma relação entre o menino-homem e a loba que vai crescendo a cada momento. O mais interessante é que Cormac não desenvolve seus cowboys como meninos sentimentais, e ainda assim, conseguimos sentir em seu jeito bronco, o quanto ele passa a respeitar o animal, e o seu desejo de devolvê-la ao seu lar, se torna um grande objetivo em sua vida.

Para a psicologia, o lobo representa o organizador. Sempre atento ao planejamento, com pontualidade e controle, o lobo é detalhista, conservador, metódico, previsível e leal. Essas são as características que vemos Billy desenvolver nessa sua primeira viagem.

Nesses dois primeiros livros da trilogia, ambos os protagonistas se colocam em jornadas onde cruzam a fronteira entre os Estados Unidos e o México. Essa fronteira tem um forte poder simbólico da divisão entre as culturas, os povos, e quando os personagens entram nessa nova terra, eles também partem para uma jornada de crescimento pessoal.

Tanto em ?Todos os Belos Cavalos? quanto em ?A Travessia?, o México surge como uma metáfora para um mundo selvagem e corrupto que o autor contrasta com a própria corrupção humana. Através da natureza, vemos os personagens em uma busca constante por valores e sentimentos dignos. Apesar de trazer essa realidade que tem sempre em voga uma vida crua e cruel, a literatura que Cormac desenvolve com essas histórias é mais autêntica e original. Nela vemos que os animais ganham um peso simbólico fundamental, e toda essa sabedoria e violência encontrada no mundo selvagem que coloca seus personagens nessa luta pela sobrevivência, é um contraponto à selvageria de uma civilização corrompida pela violência gratuita, a injustiça e a maldade humana.

A história é bastante rica em metáforas, e o protagonista, em sua jornada de crescimento, enfrenta muitas dificuldades, e nestas um pouco mais de 400 páginas, estamos ao seu lado e podemos sentir suas frustrações, porque a verdade é que tudo o que ele se propõe a fazer pode até ter algo muito digno por trás, mas infelizmente, seu destino não é alcançar sucesso em nada do que ele se determinou a empreender.

Muito embora eu tenha tecido muitos elogios à história de Cormac, preciso advertir aqui que apesar da prosa poética que muitas vezes chega até a flertar com o fantástico, essa é uma história muito lenta, de pouca ação, e onde tudo (e quando digo tudo, é tudo mesmo!) acaba dando errado.

Confesso que a minha vontade foi de chegar ao final e dar 4 estrelas ao livro. Mas sinto que é até mais sincero essa meia estrela a menos, porque é um livro onde você precisa ter muita paciência, porque a sensação é que ele (Billy) roda, roda, roda... e nunca sai do lugar.

Por muitas vezes, me senti subindo e descendo daquele cavalo, conhecendo novas pessoas e passando por fome e frio, de uma forma cíclica que parecia não ter mais fim. Mas preciso dizer que existe uma mágica nessa escrita do Cormac que me prende de um jeito, que eu não senti a mínima vontade em abandonar essa história. Eu sempre quero mais, e mais. Mesmo que precise dar um intervalo nas leituras, pelo ritmo altamente lento da história.

Ainda preciso de um tempo para processar um pouco mais dessa história, mas eu confesso que estou bastante curiosa pelo 3º volume da trilogia, especialmente por saber que os protagonistas do primeiro e segundo irão se encontrar, e viverão essa trama final juntos. E eu não vejo a hora de ver tudo o que eles enfrentarão, e que final Cormac reserva para esses dois meninos (John e Billy) que acompanhei crescer e por quem torci tanto! Sei que esse não é um autor de finais felizes, mas estou na torcida para que possam, pelo menos uma vez, alcançar um pouquinho de felicidade. Não seria pedir muito, não é mesmo Cormac? Eu espero que não!
Fabio 07/06/2023minha estante
Fazendo uso de uma frase que utilizo quase que exclusivamente para os meus autores preferidos... Abro este comentário dizendo:

A Flávia não decepciona!!

Mesmo tendo acompanhado de perto suas impressões sobre este livro, que a maioria das vezes foi descrito a mim como um livro em que tudo dá errado ao protagonista, e que as coisas parecem não sair do lugar de tão lento...sua resenha nos mostra todos os pontos positivos da obra e incita a leitura!
Eu só tenho que parabenizar a você meu anjo, por mais uma resenha maravilhosa, que com certeza vai incentivar a muitos adentrarem ao mundo de botas, cavalos e poeira de McCarthy!
Sou seu fã, meu anjo!???


Núbia Cortinhas 07/06/2023minha estante
Uauuu! Que resenha linda! Fiquei morrendo de vontade para ler essa aventura. Parabéns!


Flávia Menezes 07/06/2023minha estante
Nossa! Sem palavras pra esse comentário! Eu nunca vou me cansar de receber um elogio seu. Ao contrário?me derreto mesmo! ?
E olha?obrigada por ter sido tão companheiro e me ouvir, porque apesar de ter gostado porque realmente a escrita dele me conquista? foi um sobe e desce de cavalo que cheguei a ficar cansada! ? Mas você disse algo tão importante: espero mesmo que mesmo sendo um livro mais lento, os leitores possam dar uma chance para esse mundo dos cowboys. Eu sou suspeita, porque eu sou mesmo encantada!
Obs.: lindo, eu que sou sua fã. Always and forever ???


Flávia Menezes 07/06/2023minha estante
Núbia, muito obrigada!!! Puxa?fico feliz em ler isso! Porque é uma história que vale a pena ler. São tão tocantes e cheias de sabedoria. E se um dia você for ler?vou ficar de olho nas suas impressões! ???


Núbia Cortinhas 08/06/2023minha estante
???


Vinicius.Zwarg 02/09/2023minha estante
Linda resenha Flávia. Meu sentimento foi muito parecido com seu. A empreitada de Billy já deixa saudades.


Flávia Menezes 04/09/2023minha estante
Muito obrigada pelas palavras, Vinicius! ?? Agora é aguardar ?Cidades das Planícies? para finalizar essa trilogia da Fronteira e reencontrar o John e o Billy. Confesso que não vejo a hora de ver como será esse encontro.


Vinicius.Zwarg 19/11/2023minha estante
Flávia, eu não aguentei esperar e importei a edição portuguesa da Relógio D'água. Não ficou muito caro não...


Flávia Menezes 19/11/2023minha estante
Sério, Vinicius? A editora comentou que o 3o já está em processo de publicação. Mas vai saber quando vai sair, não é? Boa leitura por aí! Espero que o Billy e o John tenham algum destino melhor do que nos anteriores! ??


Vinicius.Zwarg 19/11/2023minha estante
Sim Flávia. Por volta de 120,00, já com custo de importação. Falei com o pessoal da Alfaguara e o próximo será Sutree. Ou seja, ainda vai demorar...se vc quiser fazer igual, eu dou o caminho das pedras...




dãozinho 05/01/2014

McCarthy é o autor que precisamos, mas não merecemos. Nesses tempos de fragilidade, o velho McCarthy senta a mão na nossa cara e mostra um mundo mais cru, tingido de vermelho.

Esse livro é FODA.
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jota 23/04/2011

Páginas para atravessar com emoção
A TRAVESSIA, de CORMAC McCARTHY

Título original: The Crossing, edição brasileira: tradução de José Antonio Arantes, Companhia das Letras, SP, 1999, 414 páginas

Sinopse:
Não é necessário (mas seria interessante) ler outro livro de McCarthy, Todos os belos cavalos, para gostar deste, uma vez que as histórias estão entrelaçadas. É o amor ao risco que leva Billy Parham a novas travessias por uma região de beleza inclemente, em busca de experiências cruciais, encontros fatais, embates únicos - o deserto entre o México e os Estados Unidos. Em cena, uma espécie de Dom Quixote do século passado: um herói a cavalo, os acasos da estrada, as conversas ao pé do fogo, a ingenuidade contraposta à experiência... Travessia feita na companhia de quem se encontrar ou de quem se atrever a tanto: uma loba extraviada, um irmão imberbe, algum leitor de fôlego. Um livro para encher os olhos (algumas vezes de lágrimas) e o coração e dar trabalho ao espírito, na melhor tradição do grande romance.

Trecho:
"O rapaz deteve o cavalo pelas rédeas onde ele pateava e se agitava e estendeu a mão e desatou a corda presa no arção dianteiro da sela. A loba havia fugido montanha abaixo e dera voltas em torno de uma árvore e prendera com a corda enrolada e o rapaz desceu para resgatá-la. Quando retornou arrastando atrás de si a loba de pernas rígidas e transtornada a trilha estava deserta exceto por uma velha e uma moça que se sentavam no capinzal perto da trilha passando uma para outra fumo e palha de milho cortada e enrolando cigarros. A moça era um ou dois anos mais nova que Billy e acendeu o cigarro com um esclarajo* e o passou para a velha..." (trecho destacado pela revista Época, edição 39, de 15.02.1999)

O que escreveram sobre o livro:
"Uma obra de estoicismo e singular beleza." - National Book Award
"Um milagre em prosa." - The New York Times
"O encontro do protagonista com uma loba, narrado com impressionante precisão e riqueza de detalhes (...) já é por si só uma obra-prima." Bernardo Carvalho (Época)

O autor:
Bastante conhecido no mundo todo, McCarthy é o autor do citado Todos os belos cavalos (adaptado para o cinema em 2000, como Espírito Selvagem, com Matt Damon), Meridiano Sangrento, Onde os Fracos Não Tem Vez (filme em 2007), A Estrada (filme em 2009), além de outros livros. Nasceu em Providence, Rhode Island, em 1933 e seu primeiro livro publicado foi The Orchard Keeper (1955).

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(*) Nota: "esclarajo" é o mesmo que isqueiro. Os personagens conversam (ou narram) misturando inglês e mexicano e as palavras ou frases são mantidas no original. Nada que não se possa entender.
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Aguinaldo 02/02/2011

A travessia
"A travessia" é o segundo volume de uma trilogia de Cormac McCarthy, publicada ao longo dos anos 1990. O cenário é o sul dos Estados Unidos (lugares entre o Novo México e o Texas) e o norte do México (lugares escarpados e vazios, onde a natureza se apresenta como um personagem importante). Há algo nestes livros de McCarthy que chamar de épico não explica exatamente. Lembra os textos de Faulkner, o mundo inventado de Faulkner, com citações e metáforas bíblicas, com a presença do mundo grego pairando sobre os personagens. Billy Parham, um rapaz de seus dezesseis, dezessete anos, vive com seus pais e seu irmão mais novo, Boyd, em uma fazenda no sul dos Estados Unidos. Uma loba começa a vagar por ali e pai e filho preparam armadilhas para prendê-la. Um dia ele consegue prendê-la, usando conselhos de um velho índio. Ao invés de matá-la ele decide levá-la as montanhas do México e ruma para lá (para assombro de todos que cruzam com ele), sem ao menos se despedir dos pais e do irmão. Esta é a primeira de uma série de travessias da fronteira que Parham fará até o final do livro. Nesta primeira parte do livro se descreve como ele e a loba adentram no território mexicano e confrontam tradições e regras de conduta diferentes daquelas que ele conhecia. Após estes sucessos (que não vou detalhar aqui pois me parecem a parte realmente seminal do livro) ele volta a sua casa. Descobre que seus pais foram mortos por índios, que seu irmão sobreviveu e que vários cavalos da família foram roubados. Ele e seu irmão não precisam mais do que uma conversa para resolverem atravessar a fronteira em busca dos cavalos roubados. Se envolvem em toda sorte de aventuras nesta busca: encontros com fazendeiros, pistoleiros, policiais, atores de circo, vaqueiros, padres, índios. Um dia salvam uma garota índia de ser estuprada por uns sujeitos. Logo depois recuperam a maioria dos cavalos, trocam tiros com um estafeta perigoso e são perseguidos pelos homens do grande senhor daquelas terras. Boyd é ferido com gravidade. Billy consegue a ajuda de um médico e o garoto se salva. Recuperado ele e a garota índia fogem juntos, deixando o irmão mais velho com os cavalos recuperados. Billy volta então aos Estados Unidos. O país está em guerra e ele tenta se alistar. Os militares descobrem que ele tem um problema congênito no coração e não o aceitam. Apesar disto ele tenta ser alistado outras vezes em lugares diferentes, mas sempre é rejeitado. Começa a trabalhar em fazendas de gado. Diligente e capaz ganha um bom dinheiro, recuperando um tanto de confiança. Decide uma vez mais atravessar a fronteira rumo ao México. Fica sabendo que seu irmão foi morto já há anos e que sua memória é cultivada como lenda, seus feitos como um garoto americano (el güerito) que lutava contra os poderosos da região cantada pelo povo. Verdade e lenda se confundem. Decide levar os ossos do irmão de volta aos Estados Unidos. No caminho é emboscado por um grupo de assaltantes. Seu cavalo é ferido gravemente. Um grupo de ciganos consegue salvar seu cavalo e ele finalmente termina sua saga ao conseguir enterrar os ossos do irmão nas terras da família. Por fim, após esta última travessia, ele se vê realmente só e chora as lágrimas repesadas em toda uma vida. O texto de McCarthy é sempre poderoso, os diálogos riquíssimos. Há longas digressões de personagens secundários que ajudam o personagem principal a entender o que se sucede em sua vida. Estes personagens, que lembram os aedos da Ilíada e da Odisséia, são realmente bons. Que belo livro. Daqui a pouco vou começar o último volume da trilogia. O cruzamento do sofrido rapaz do primeiro volume, John Cole, com este industrioso Billy Parham promete ser realmente bom. [início 27/03/2010 - fim 03/04/2010]
"A travessia", Cormac McCarthy, tradução de José Antonio Arantes, editora Companhia das Letras, 1a. edição (1999), brochura 14x21 cm, 413 págs. ISBN: 85-7164-859-X
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Paulo 04/05/2010

Anotação
Trata-se do segundo livro da "Trilogia da fronteira" (iniciada por "Todos os belos cavalos", também traduzido pela editora), mas isso não lhe confere muita nobreza.

Apesar de algumas idéias interessantes e diálogos risíveis, o autor investe nos clichês de auto-ajuda e se estende demais em relatos minuciosos que deveriam ter sido evitados, numa perspectiva de naturalismo com pretensões cinematográficas: em certos momentos, parece um projeto de decupagem ou algo que o valha.

É inegável que o efeito se torna positivo certas vezes, especialmente quando se pontua o tempo quase infinito das regiões desérticas - e amplia a sensação de solidão dos personagens.

Quanto ao enredo, é a trajetória continuamente trágica de Billy, que, após salvar "ecologicamente" uma loba de seus predadores humanos, perde os pais em assalto indígena, perde o irmão, perde os bens e não consegue se alistar no exército, que seria sua tábua de salvação.
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