spoiler visualizarCrislane.Neves 28/05/2024
Reflexivo
A Metamorfose é uma novela escrita por Franz Kafka, publicada pela primeira vez em 1915. Veio a ser o texto mais conhecido, estudado e citado pela obra de Kafka. Apesar de ter sido publicada em 1915, foi escrita em novembro de 1912 e concluída em vinte dias, Kafka tinha apenas 29 anos, é uma das poucas obras publicadas do autor ainda em vida.
Nesta obra, Kafka descreve um caixeiro viajante de nome de Gregor Samsa, que abandona as suas vontades e desejos para sustentar a família e pagar a dívida dos pais. Existe muita similaridade do personagem com o próprio autor, inclusive em outras obras, como o castelo e o processo.
O livro inicia contando que Numa certa manhã, Gregor acorda metamorfoseado num inseto monstruoso. Kafka descreve este inseto como algo parecido com uma barata gigante. Nos primeiros momentos, o livro descreve as dificuldades iniciais de Gregor na nova forma. Uma ironia presente neste trecho do livro é que Gregor não se preocupa com sua transformação, mas sim com o fato de estar atrasado para o trabalho.
Logo no início, a ideia de Gregor virar um inseto gigante é o que mexe com o imaginário das pessoas. Eu vi alguns comentários que essa metamorfose dele poderia ser interpretada como uma doença que o deixou inválido, o que me fez pensar nessa possibilidade também, e que para mim fez muito sentindo a medida que eu fui lendo e percebendo como as relações familiares dele mudam após essa transformação.
Mas aqui eu gostaria de falar sobre dois pontos que me chamaram atenção, que é uma crítica à alienação em relação ao trabalho e a crítica a respeito dos conflitos familiares.
A alienação do trabalhador e como ele se vê preocupado em "girar essa roda" em detrimento da própria saúde e bem estar, tanto é que ele não se preocupa em ter se transformando em um inseto gigante, mas em como vai fazer para pegar o trem a tempo de ir para o trabalho.
E sobre os conflitos familiares e do próprio Gregor consigo mesmo logo após sua transformação. Em como isso reflete no decorrer da obra, pois o medo e a estranheza que a família tem em relação ao Gregor, vai além do amor que se vê como normal nos membros de uma família.
Nesse caso, é uma crítica em como esses laços podem ser desfeitos com base em alguma coisa que não supre as espectativas do outro.
Como inicialmente Gregor é o provedor de sua família e ele passa por essa metamorfose, automaticamente ele não consegue mais fazer o seu trabalho, deixa de produzir, ou seja, não consegue mais sustentar a família e isso é um ponto bem marcante, porque uma das questões que podemos levar a crer que a família tem esse asco, é porque ele não tem mais utilidade.
Como se o ser humano tivesse valor apenas se produzir, se tivesse algo para oferecer.
Existem mais alguns aspectos interessantes no livro, mas a princípio esses dois foram os que eu considerei muito relevante em trazer a nível de compreensão da obra. Foi uma leitura muito boa, fluida e que me marcou muito.
Nem preciso dizer que recomendo muito essa leitura.